IA e satélites combatem mudanças climáticas e restauram florestas tropicais

Neste Dia Nacional de Conscientização sobre Mudanças Climáticas, conheça iniciativas que utilizam tecnologia para combater o desmatamento.

Como a maioria dos países latino-americanos, a Costa Rica sofre com o desmatamento. Em 2022, o país perdeu aproximadamente oito mil quilômetros quadrados de florestas naturais, o equivalente à emissão de 4,5 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.

Quando visito a América Latina e as florestas tropicais, vejo a exploração madeireira regulamentada. No entanto, nunca testemunhei a exploração ilegal — apenas suas consequências. Mas isso mudou. A inteligência artificial (IA) e as imagens de satélite estão dando aos monitores uma visão privilegiada de lugares preciosos para que eles possam protegê-los melhor.

A IA e os satélites “permitem uma visão sem precedentes das florestas tropicais e de todos os ecossistemas da Terra. Nós – e outros grupos – estamos investindo consideravelmente em ferramentas que nos permitirão rastrear e responder rapidamente às ameaças de desmatamento. Esses dados permitirão que mercados e governos invistam na conservação e restauração da natureza para o clima, biodiversidade e impacto social. Estamos no início de uma revolução”, diz Diego Saez-Gil, fundador da Pachama.

A organização de Saez-Gil usa IA para detectar a quantidade de carbono da floresta. Já os dados de satélite mostram as árvores em pé e o nível de desmatamento que pode ter ocorrido — o que afeta a contabilidade de carbono.

Este tipo de iniciativa facilita a obtenção de financiamento para interromper o desmatamento e iniciar projetos de regeneração que sequestram carbono. Como? Medindo o impacto ambiental de projetos de reflorestamento e conservação. Isso é feito adquirindo múltiplos conjuntos de dados de imagens de satélite, parcelas de campo criadas manualmente e imagens tridimensionais de florestas. Em seguida, utiliza-se a IA para combinar e processar as informações para determinar quanto CO2 a floresta armazena.

O Mercado Livre, por exemplo, fundou a Regenera América para promover a conservação e o reflorestamento da região. Desde 2021, a empresa investiu US$ 18 milhões para apoiar seis projetos de restauração no Brasil e no México — o que equivale a quase 15.000 acres.

A iniciativa, parceira da Pachama, visa sequestrar cerca de 900.000 toneladas de CO2 ao longo de 25 anos, por meio da restauração de mais de 10 milhões de árvores.

A Imazon é uma empresa similar que busca prevenir o desmatamento no Brasil antes que ele ocorra, observando as tendências e os dados históricos para saber onde colocar os recursos. Os fatores que contribuem para a preservação incluem topografia, acesso à terra e o número de povos indígenas.

A companhia se associou à Microsoft e ao Fundo Vale para fazer o trabalho pesado, criando computação em nuvem para armazenar dados antes que as tecnologias de IA analisem essas informações. “A tecnologia sempre foi a razão pela qual conseguimos controlar o desmatamento”, diz Juliano Assunção, diretor executivo da Climate Policy Initiative, para o The Guardian.

Os governos também podem usar essas ferramentas para conservar e restaurar seus ecossistemas naturais. Isso pode ajudá-los a acessar financiamento climático dos setores público e privado. Segundo o Imazon, a taxa de desmatamento do Brasil caiu 62% entre 2022 e 2023. Porém, os níveis de desmatamento ainda equivalem a aproximadamente 1.100 campos de futebol por dia.

As ameaças continuam
A Amazônia abrange nove países, sustentando pessoas e vida selvagem enquanto absorve emissões que retêm calor e regula ciclos de água. A exploração ilegal da região por madeireiras, pecuária e agricultura levaram a uma perda de 20% na Amazônia, e até 27% estão em risco se nada mudar.

“Sabemos onde está o desmatamento. Sabemos que o controle e a fiscalização são as ações mais imediatas que podemos tomar”, diz Thelma Krug, ex-vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. “Fornecemos informações diárias usando satélites. Temos imagens para identificar o desmatamento e emitimos alertas.”

Mas, como ela me explicou, “é uma guerra” — uma forma cara de policiamento. “Na maioria das vezes, estamos lidando com criminosos, que têm as mesmas informações que nós. Quando chegamos lá, eles já fugiram. Então, explodimos os equipamentos que eles deixaram para trás. Ambos os lados podem ser mortos.”

As florestas tropicais podem representar serenidade para alguns. Mas para aqueles que as protegem, é equivalente a uma zona de guerra.

FONTE: https://forbes.com.br/forbes-tech/2024/03/ia-e-satelites-combatem-mudancas-climaticas-e-restauram-florestas-tropicais/