Fintech Nomad recebe aporte de R$ 30 milhões

Negócio permite que os brasileiros tenham uma conta bancária nos EUA Por Álvaro Campos – VALOR ECONÔMICO

A fintech Nomad, fundada pelo criador do iFood e sócio da Neon Pagamentos, Patrick Sigrist, e que permite que os brasileiros tenham uma conta bancária nos EUA, recebeu um aporte de R$ 30 milhões. A rodada foi liderada pelo Monashees e contou também com outros fundos, como o Abstract, além de Hans Tung, executivo da gestora GGV Capital. A Nomad foi lançada em novembro, mas Sigrist está trabalhando no projeto há dois anos, junto com os sócios Marcos Nader e Eduardo Haber. A fintech oferece uma conta digital nos EUA para “brasileiros afluentes”, que viajam con frequência ao país, fazem intercâmbio, têm planos de morar lá ou mesmo investir, e que possuem uma disponibilidade de recursos entre R$ 50 mil e R$ 1 milhão. Esse público-alvo engloba quase 13 milhões de pessoas. A ideia de criar a fintech surgiu quando os três fundadores se conheceram em Palo Alto, no Vale do Silício, e perceberam as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros que passam uma temporada nos EUA. Para abrir conta em um banco americano é preciso ter um social security number, equivalente ao CPF, ou um endereço fixo no país, além da necessidade da presença física na instituição. “Queremos incluir o brasileiro no mundo financeiro global. Vamos democratizar e desburocratizar o acesso a serviços financeiros globais, além de diminuir as taxas para que o brasileiro não tenha mais barreiras territoriais e financeiras”, diz Sigrist. O nome “Nomad” traz a ideia de um espírito de liberdade, quebrar barreiras, fronteiras, não estar amarrado a nada. O slogan da companhia é “seja nômade, seja global”. Mesmo durante a pandemia de coronavírus, quando os residentes no Brasil não podem viajar aos EUA, os executivos da Nomad dizem que há benefícios para os clientes. Em uma compra efetuada em qualquer e-commerce americano ou até mesmo uma reserva de hotel no exterior, por exemplo, com um cartão de crédito de um banco tradicional brasileiro gasta-se de 5% a 6% de spread cambial e mais 6,38% de IOF. Já com o cartão Nomad, o spread sobre o dólar comercial é de 2%, com a cotação em tempo real, e o IOF cai para 1,10%. Parte do novo aporte será utilizado para ampliação e melhoria da carteira de produtos e contratação de profissionais com foco no desenvolvimento de tecnologia para entregar uma melhor experiência aos usuários. A empresa pretende ampliar sua atuação, permitindo que os brasileiros utilizem a conta em outros países, além dos EUA. Com as melhorias, o objetivo da Nomad é atingir 100 mil clientes ativos no próximo ano, da base atual de 10 mil, com menos de dois meses de operação. A fila de espera pelos serviços da fintech hoje é de quase 50 mil pessoas. Sigrist acredita que, com o fim da pandemia, deve haver uma explosão de viagens para os EUA, o que vai beneficiar a fintech. A empresa tem escritórios no Brasil e nos EUA e conta com cerca de 40 funcionários. A Nomad atua em três áreas principais: banco, com conta corrente e cartão de débito virtual; câmbio, para remessas de dólar para a conta americana; e um segmento de investimento, que deve ser lançado em breve. Os serviços são oferecidos em parceria com o banco americano Evolve e contam com a garantia da Corporação Federal de Seguros de Depósito (FDIC, na sigla em inglês), espécie de FGC dos EUA, para volumes até US$ 250 mil. A área de investimento é uma grande aposta da Nomad. Sigrist diz que já existem US$ 500 bilhões de brasileiros investidos nos EUA e que esse volume deve crescer. Esse tipo de serviço já é oferecido por grandes bancos e corretoras, mas geralmente se concentra em clientes no topo da pirâmide, com no mínimo US$ 500 mil investidos. Na fintech, os investimentos poderão começar em US$ 100. Eduardo Haber explica que o foco será em gestão de patrimônio, e não em day trade. A Nomad fez uma parceria com a DriveWealth e também adquiriu a inteligência da Alkanza, que trabalha com os chamados robôs de investimento. “O objetivo é caminhar lado a lado com o cliente, introduzi-lo no mercado global de investimentos de maneira consciente e segura.” Em um primeiro momento serão oferecidas carteiras administradas, com perfis “conservador”, “moderado” e “agressivo”. Depois, a fintech pretende oferece portfólios temáticos, como ações de tecnologia, ESG, ativos chineses etc. Futuramente, também pode acrescentar ativos alternativos, fundos imobiliários (Reit), entre outros. A remuneração será uma taxa de administração em cima do valor investido, ou seja, sem comissões. “Mesmo quem tem acesso a investimentos no exterior é atendido de maneira muito antiquada. Nós temos um modelo totalmente alinhado com o cliente, sem custos escondidos, falamos a língua dele”, diz.

FONTE: https://valor.globo.com/financas/noticia/2020/12/21/fintech-nomad-recebe-aporte-de-r-30-milhoes.ghtml