Empreendedores faturam com software que aumenta produtividade industrial

Startup aplica inteligência artificial e IoT (internet das coisas) no maquinário das fábricas.

Cândido Ouro Preto, Reginaldo Ribeiro e Ricardo Borgatti Neto, fundadores da COGTIVE divulgação

Melhorar a produtividade é um dos principais fatores para o aumento da competitividade das empresas. Pensando em soluções que possibilitassem uma maior eficiência na produção, sem a necessidade grandes mudanças na planta industrial, Reginaldo Ribeiro, Cândido Preto e Ricardo Netto fundaram a Cogtive. A startup oferece um sistema baseado em inteligência artificial e IoT (internet das coisas) para otimizar o maquinário das indústrias.

Com experiência no setor industrial, Ribeiro afirma que a falta de informações da cadeia produtiva faz com que frequentemente lideranças não tomem decisões assertivas. “Atuando como engenheiro, construindo plantas e processos fabris, sempre na parte de gestão e produtividade, visualizei muita carência de informação, até mesmo nos meus projetos. Por exemplo, para compreender a viabilidade econômica de ampliar uma nova linha de produção era necessário ter a maior quantidade de dados possíveis, mas existia um gap”, explica o empreendedor.

Conversando com outros gestores de operações industriais, Ribeiro percebeu que essa era uma dificuldade do mercado. Além disso, faltavam soluções com interface amigável e de boa experiência ao usuário. Neste contexto, ele e seu ex-gerente, Cândido Preto, pensaram em desenvolver um software voltado para produtividade industrial.

No início, nenhum dos dois tinha capital para fazer grandes investimentos, e a solução foi conciliar o trabalho corporativo com o desenvolvimento do software. “Eram madrugadas tirando a ideia do papel, com a mão na massa, e o tempo foi passando e a gente foi conseguindo validar. Tivemos feedbacks de algumas lideranças a que tínhamos acesso e entendemos que aquilo era promissor”, diz Ribeiro.

Para conseguir investir, Ribeiro e Preto abriram uma consultoria de engenharia voltada para indústria. A ideia era que a receita obtida com ela fosse utilizada para sustentação financeira do projeto. “Durante seis meses não entrou nada. Um dia amanheceu e caiu um pedido de serviço no nosso e-mail que dava um fôlego de dois anos. Conseguimos levantar um capital super legal por causa da consultoria, o suficiente para, oito meses depois, eu focar no software exclusivamente”, conta Ribeiro. Em 2016, com a MVP pronta, eles atraíram para o negócio Ricardo Netto, especialista em gestão de manufatura.

“A partir disso, contratamos uma outsourcing para tirar o projeto do papel, jogá-lo na nuvem e fazer uma linguagem de programação decente. Eu tinha bastante contato com tecnologia, mas nada profissional a ponto de transformar um produto para enterprise. Rodamos o MVP já com uma linguagem apropriada e fomos testar no mercado”, relembra Ribeiro.

Em 2017, os três fundaram a Cogtive. Sediada em São Paulo, a startup possui uma solução que, baseada em IOT e inteligência artificial, possibilita a mensuração de performance, dados, tempo operacional e status dos equipamentos da fábrica. Além disso, é possível acompanhar a entrega de lotes, ritmo de produção e tempo de manutenção.

Segundo Ribeiro, o diferencial do software é observar o fluxo e a dinâmica fabril de forma macro. “As soluções que existem mercado buscam aumentar a performance dos equipamentos, sem olhar o fluxo da fábrica. É igual você melhorar a performance de um semáforo e esperar que o trânsito de toda cidade melhore. Não adianta você melhorar a performance de um semáforo que não é gargalo para a jornada da maioria dos carros que se movimenta.”

Com objetivo de ter uma visão 360º, todos os dados são contextualizados e transformados em informações compreensíveis para que gestores, diretores e executivos possam visualizar os resultados. Para coletá-los, a startup instala um dispositivo pequeno nas máquinas que lê sensores e se comunica com um aplicativo de tablet.

Na plataforma, é possível identificar tendências de produtividade da fábrica, gerar insights e fazer as alterações no plano de vendas e produção. O tíquete médio é de R$ 20 a R$ 30 mil, mas varia conforme o tamanho da planta industrial.

De olho em novos mercados, recentemente, a Cogtive participou e foi a vencedora da competição de Pitch LTNtech, realizada em Michigan, nos Estados Unidos, pela 1871, uma aceleradora de startups. A empresa ganhou um prêmio de U$ 15.000 para impulsionar sua expansão no continente norte-americano.

Para 2023, o plano da startup é iniciar uma rodada de investimento buscando fundos internacionais.

FONTE: https://revistapegn.globo.com/startups/noticia/2023/01/empreendedores-faturam-com-software-que-aumenta-produtividade-industrial.ghtml