E-commerce e novos nichos impulsionam cartão pré-pago

Com a maior digitalização de processos e o fácil acesso do plástico aos consumidores que não possuem vínculo bancário, produto tende a dobrar de tamanho até 2019

A diversificação de utilidades e a demanda por compras no e-commerce por parte dos desbancarizados dobrará o crescimento de cartões pré-pagos em 2019. Além disso, com a tendência tecnológica, novos nichos ainda devem se adequar à modalidade.

 Os últimos dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Créditos e Serviços (Abecs) apontam que só no primeiro trimestre o volume transacionado pelos plásticos pré-pagos somou R$ 2,199 bilhões, aumento de 63% em relação a igual período de 2017, quando era de R$ 1,350 bilhão.
 Segundo a diretora de pré-pagos da Visa, Olívia Aki, dois movimentos têm colaborado para a ascensão do produto: de um lado, a chegada cada vez mais forte das fintechs e de novas modalidades ao uso do plástico. De outro, a regulamentação por parte do Banco Central (BC), que também incentiva o setor.

“A ascensão das fintechs tem fornecido modelos inovadores e disruptivos ao mercado de meios de pagamentos, o que traz um crescimento expressivo aos pré-pagos. Além disso, a regulamentação de março, do BC, também acaba estimulando a concorrência e a inovação”, explica.

 No primeiro trimestre deste ano, a autoridade monetária aprovou a circular nº 3885, permitindo que novas instituições possam operar com a emissão de arranjos de pagamentos, incluindo os plásticos pré-pagos.

Já de acordo com o presidente da Payments Holding – grupo do qual a Brasil Pré-Pagos (BPP) faz parte –, Paulo Della Volpe, o movimento de alta ainda deve se intensificar, principalmente devido ao crescimento de utilidades e flexibilidade da modalidade.

“O pré-pago começou a demonstrar diversas utilidades e capacidade de se moldar aos mais variados nichos de mercado. Então, as empresas que usavam apenas para benefícios de refeição e alimentação, por exemplo, começam a adequar o plástico às despesas administrativas e gastos corporativos”, comenta o executivo da BPP.

Ele reforça que da parte de pessoas físicas, a adesão de vestíveis nos meios de pagamentos, como pulseiras, relógios e anéis, além dos pagamentos sem contato, abrem espaço, não apenas para o uso de pré-pagos, mas também para os cartões digitais.

“Conforme os consumidores se adequem às novas tecnologias, o plástico físico perderá um share grande nos pagamentos, mas dará um fôlego gigante para o uso dessas modalidades de forma digital. Vamos dobrar no próximo anos”, completa Della Volpe.

Para Aki, da Visa, sendo o pré-pago que puxa grande parte das novidades – seja pelo baixo risco como pela aceitação de grande parte da população desbancarizada, outras novidades ainda devem surgir.

“Falamos bastante de soluções rápidas, práticas e seguras e cada vez buscamos mais parcerias para diferentes finalidades de uso do cartão pré-pago”, comenta.

A executiva ainda exemplifica tanto o uso do cartão pré-pago para transporte público como até mesmo como uma alternativa antecedente de avaliação de risco do private label.

“O lojista pode dar um pré-pago para, por exemplo, entender o comportamento do cliente antes de ceder o private label. Essa é a ideia. Queremos revitalizar todas as vertentes, porque essa é a tendência”, acrescenta Aki.

De acordo com o diretor executivo de vendas e marketing da Acesso, Elvis Tinti, são principalmente os microempreendedores e pequenos negócios que têm potencial para aumentar a participação do pré-pago no País.

“É uma tentativa de inaugurar uma nova forma de economia. São 18 milhões de microempreendedores, um público completamente desatendido pelos bancos. São eles que vão contribuir fortemente para o aumento da base”, pondera Tinti.

Digitalização

Da mesma forma, os executivos reforçam a adesão digital do produto. Ainda de acordo com dados da Abecs, desde 2008, a participação de compras não presenciais no País subiu 10,2 pontos percentuais, de 9,8% para 20% em 2017, totalizando um montante de R$ 167,6 bilhões no ano passado.

“O pré-pago só está começando a crescer e esses aumentos persistirão, principalmente com o fortalecimento do conceito de contactless, que traz formas inovadoras e tecnológicas para o sistema”, comenta o diretor executivo da Abecs, Ricardo de Barros Vieira.

Já segundo o vice-presidente de desenvolvimento de mercado da Mastercard, Paulo Frossard, é exatamente o pagamento sem contato que deve impulsionar a adoção do cartão pré-pago entre desbancarizados e companhias.

“É uma série de verticais para as quais o modelo de negócio tem sido utilizado. A indústria começa a mostrar vários pontos de aceitação e usos diferentes. Isso deve trazer um número ainda maior de transações e valores para a modalidade, principalmente a partir de 2019”, afirma.

FONTE: E-COMMERCE NEWS