Do networking à autoconfiança: 4 dicas para empreendedoras crescerem no ecossistema de startups

Live de PEGN e 100 Startups to Watch discutiu os potenciais e desafios do empreendedorismo feminino nas startups.

Em um mercado majoritariamente masculino, as mulheres que lideram startups encontram desafios que vão desde a validação de seus modelos de negócios até a busca por investimentos. Mas é possível combater esse cenário. Nesta terça-feira (28/3), PEGN e 100 Startups to Watch promoveram a live Mulheres nas Startups: Perspectivas e desafios do empreendedorismo feminino no ecossistema de inovação, que reuniu convidadas para discutir os rumos do empreendedorismo feminino nas startups.

Participaram do bate-papo Jéssica Rios, cofundadora da Black Win; Manoela Mitchell, cofundadora da Pipo Saúde; e Mariana Dias, confundadora da Gupy. A mediação foi de Juliana Ventura, editora-executiva de PEGN. A gravação da live está disponível no canal e nas páginas de PEGN no Facebook e LinkedIn.

As empreendedoras apontaram que um ambiente de negócios liderado predominantemente por homens, como o de startups, acaba repelindo muitas líderes mulheres por promover maior convivência e confiança entre os empresários. “Em muitos jantares de networking, você não se sente à vontade só entre homens. Eu faço cafés da manhã em casa para conectar empreendedoras”, contou Dias.

O impacto da exclusão do networking convencional se reflete também no campo dos aportes. “Há a ideia de ‘investir no empreendedor com quem você toma uma cerveja’, estimulando o investimento em áreas que são próximas do investidor. Mas isso favorece o universo masculino e distancia as mulheres empreendedoras. Faltam rodadas de grandes mulheres CEOs”, apontou Mitchell, que já foi investidora antes de empreender com a Pipo Saúde.

Há também uma diferenciação na maneira como os negócios femininos são vistos nos processos de captação de investimentos. A cofundadora da Black Win citou uma pesquisa de Harvard que mostrou um viés de gênero nas interações dos investidores com empreendedoras. “Investidores homens fazem perguntas sobre crescimento e inovação para empreendedores, enquanto questionam mais sobre prevenção a empreendedoras mulheres – como sobre a barreira de entrada no mercado. Investir em startup é falar de riscos, mas também de potencial”, afirmou Rios.

Tendo em vista esse cenário, as fundadoras compartilharam dicas para enfrentar os desafios dos ambientes de negócios das startups. Confira.

1. Desenvolva autoconfiança

Segundo as empreendedoras, a autoconfiança é um traço mais comum aos homens do que às mulheres. “O levantamento de capital é um processo em que é preciso inspirar confiança. E vemos esse traço no gênero masculino. Quando mentoro mulheres, vejo insegurança. Elas se perguntam: ‘Será que sou a pessoa certa?’, enquanto homens por vezes têm ideias mais fracas e uma confiança maior”, comparou Mitchell.

O conselho de Dias para mulheres empreendedoras é enfrentar a insegurança agindo. “Vão com medo mesmo. Saiba que todas temos medos e não estamos sozinhas. Busque redes de apoio, trocas, inspirações e saiba que é possível”, afirmou a fundadora da Gupy.

2. Construa um networking feminino

Ligado à dica anterior, o networking é uma parte importante da sustentabilidade e crescimento dos negócios. “Se aproxime de empreendedoras que já estão em outros estágios de maturidade, que estão promovendo e fomentando inovação. No movimento negro a gente fala em ‘se aquilombar’, estar com outras pessoas não só para refletir sobre os problemas, mas para se nutrir”, disse Rios.

3. Crie uma nova forma de liderança

Para a fundadora da Pipo, a experiência feminina pode gerar uma outra forma de liderar. “Há uma oportunidade de ser mulher e conciliar as conversas difíceis com afeto. Ser mais vulnerável cria laços profundos nos times. Há uma beleza em ser uma CEO mulher e ter uma liderança diferente dos meus pares homens”, afirmou Mitchell.

“A liderança feminina tem muito a agregar na nova consciência corporativa e de liderança que precisamos ter. Por exemplo, tivemos Jacinta Ardern, [ex-]primeira-ministra da Nova Zelândia, liderando a gestão da pandemia. A presença feminina tem muitas oportunidades”, completou a fundadora da Black Win.

4. Observe as oportunidades

Empreender exige a identificação de oportunidades. Para Dias, o Brasil tem muitas lacunas em que podem nascer novos negócios. “Estamos cheios de problemas, e eu fundei a Gupy pensando neles. Há setores mais quentes, mas não precisa se fixar em uma só área. Há oportunidades onde há problemas”, indicou.

Rios afirma que, ao criar novas startups, mulheres empreendedoras devem pensar no viés que estão fortalecendo com seus projetos. “As mulheres estão à frente da economia do cuidado, que é pulsante e não monetizada. Temos um cenário de emergências climáticas. Então, precisamos da construção de novos tipos de produtos e serviços. Precisamos da lente social, de raça”, expressou.

FONTE: https://revistapegn.globo.com/startups/noticia/2023/03/do-networking-a-autoconfianca-4-dicas-para-empreendedoras-crescerem-no-ecossistema-de-startups.ghtml