Destaxa capta R$ 30 milhões em rodada liderada pela Astella

Aporte vai permitir implementação de IA e machine learning para apoiar comerciantes com meios de pagamentos.

A Destaxa, uma plataforma para gestão de vendas feitas por maquininhas, acaba de levantar R$ 30 milhões em rodada liderada pela Astella. Fundos como Quona Capital, Supera Capital, Caravela Capital e Endeavor ScaleUp Ventures também assinaram o cheque.

Voltada para varejistas de médio porte, a fintech deve usar o dinheiro para turbinar um de seus principais produtos, uma ferramenta que aponta ao comerciante qual maquininha tem as taxas mais vantajosas em cada modalidade de pagamento.

Hoje, o que a plataforma faz, essencialmente, é reunir num banco de dados todos os pacotes das adquirentes em operação no país e o conjunto de regras de custo das bandeiras de cartão para que o sistema possa indicar a melhor gama de meios de pagamento em cada transação — seja no pix, crédito, débito ou voucher. Até aqui, um modelo ainda rudimentar, sem acesso à informação em tempo real e análises preditivas.

Com o cheque, isso vai mudar. “A maior parte dessa captação é para introduzir machine learning nesse produto, vamos investir numa área de desenvolvimento de algoritmos para tornar as decisões mais reativas, oferecer decisão por inteligência artificial”, diz o CEO e fundador da startup, Felipe Ayres.

O investimento também vai permitir lançar o próximo produto da plataforma: antecipação de recebíveis de cartão de crédito, uma grande demanda do portfólio de clientes.

Os serviços que a fintech oferece fazem parte de um mercado chamado de orquestração de pagamentos, que a grosso modo procura facilitar integrações e manuseio de diferentes provedores. Segundo Ayres, diferentemente da maioria dos players desse segmento, a Destaxa também tem tecnologia para a operação no cartão físico, não dependendo do online. “A gente resolve o problema do comerciante que tem cliente dentro da loja”, explica.

A ideia de fundar a Destaxa surgiu da percepção do fundador durante uma viagem de estudos à Índia, país que, assim como o Brasil, ainda tem a maior parte das movimentações no offline e já contava com um método de pagamentos instantâneos, o UPI, enquanto o Pix era desenvolvido. Por aqui, ainda hoje, menos de 10% das vendas acontecem pelo online.

Depois de fundar a Nexu, processadora de pagamentos que visava tomar mercado de gigantes como PagSeguro, Rede e Cielo, Ayres percebeu que mais gente teve a mesma ideia. O setor, que já tinha outras entrantes como Stone, SafraPay e Bin, estava ficando saturado. Com o assunto do Pix surgindo por aqui e a batalha das maquininhas a todo vapor, o empreendedor foi à Índia entender como funcionava o UPI e lá conheceu o modelo de negócio de orquestradoras de pagamento como Eze Tap e Pine Labs — algo que não existia aqui.

Na volta, convidou Sigvard von Baranow Neto para ser sócio e fundou a Destaxa. O executivo até então trabalhava com o pai na VBI, empresta catarinense fundada em 1987 para fornecer soluções de TI para meios de pagamento. Entre as responsabilidades do cargo, Von Baranow Neto negociava com adquirentes e bandeiras, adquirindo um conhecimento que caiu como luva para a Destaxa — que ainda era apenas um projeto.

Apesar de competir com players globais como Yuno e Adyen, a Destaxa voltou sua operação para empresas médias e, por isso mesmo, fez questão de ter uma solução que funcionasse também no varejo físico. Fundada em 2021, a plataforma já atende 3,5 mil empresas com faturamento mensal entre R$ 100 mil e R$ 1 milhão. Hoje, a Destaxa já processa mais de R$ 2 bilhões por ano e sua plataforma já está integrada a mais de 130 sistemas de PDV.

No médio prazo, o plano é chegar também aos microempreendedores, a partir do ano que vem, mas, para isso, o produto ainda precisa evoluir bastante. A solução precisa ser tão intuitiva que um feirante ou taxista possa tirar a maquininha da embalagem e sair usando. Hoje, o modelo de negócios ainda depende de um time mais estruturado para a implementação. Para fazer esses avanços e investir em marketing, a Destaxa planeja levantar uma Série A já no primeiro semestre de 2024.

Em 2022, a Destaxa captou pela primeira vez a mercado, uma seed de cerca de R$ 15 milhões, liderada pela Quona Capital, gestora americana com US$ 750 milhões sob gestão, especialista em fintechs atuantes em mercados emergentes e investimento de impacto. Na época, acompanharam o investimento a Caravela Capital, Norte Ventures e investidores-anjo como Tiago Dalvi, fundador da Olist, e Alessio Alionço, da Pipefy, nomes que seguem no cap table.

FONTE:

https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/destaxa-capta-r-30-milhoes-em-rodada-liderada-pela-astella.ghtml