Da segurança à saúde, inteligência artificial tem diminuído custos e aumenta eficiência

Raciocinar, perceber situações, tomar decisões e solucionar problemas. Antes isso era algo exclusivamente humano. Mas não é de hoje que computadores conseguem fazer tudo autonomamente e em questão de segundos. O que assusta, entretanto, é a evolução dessas capacidades nas máquinas, que têm uma eficiência cada vez maior, superando avassaladoramente as possibilidades humanas. Da área da segurança à saúde, a Inteligência Artificial (IA) tem transformado a vida de empresas e cidadãos e trazido novas exigências para as pessoas no mercado de trabalho.

Um grande shopping localizado na capital capixaba, por exemplo, inaugurou sistema de câmeras de vigilância com tecnologia de IA para reconhecimento facial, identificação de placas de veículos, abandonos de objetos, contagem de pessoas, dentre outros recursos. Tudo isso poderia ser feito pelos funcionários, porém o sistema CFTV proporcionará ao estabelecimento otimizar esses serviços, cabendo à equipe de segurança intervir a partir das ações registradas pelo novo mecanismo, que contará com uma central inteligente de monitoramento.

De acordo com o diretor geral do shopping, Raphael Brotto, o sistema aumentará a eficiência de todo processo de monitoramento, já que trata-se de um recurso mais inteligente e seguro, em todo o interior do centro de compras e também na área externa, incluindo os estacionamentos cobertos e descobertos.

“Esta nova solução está alinhada às necessidades mais urgentes de segurança e conforto, tão buscadas por todos. Estamos investindo cerca de R$ 3 milhões neste sistema. É um modelo muito avançado e que permite acompanhar basicamente em tempo real tudo o que acontece dentro do centro de compras. É como se estivéssemos dentro de um reality show, podendo acessar diversas câmeras com visão em Ultra High-Definition (UHD, Ultra Alta-Definição) e com riqueza de detalhes, capazes de detectar faces e objetos de valor”, afirma Brotto.

Saúde
Na saúde a IA agiliza o atendimento e reduz o custo. É o que afirma o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, explicando o grande reforço nos tratamento de doenças oculares. Segundo o médico, os problemas de visão estão entre as principais questões globais de saúde pública e a IA, apesar de ainda não ser popular na medicina brasileira, deve ser incorporada pelos hospitais para “diminuir as longas filas de atendimento nos serviços do SUS e a perda da visão, mais frequente ente pessoas de menor renda”.

Segundo Queiroz Neto, ele adotou um equipamento de inteligência artificial que é um software capaz de detectar mais de 50 doenças na retina. O teste de diagnóstico da tecnologia, comparado ao de um painel composto por oito médicos, revelou que em 94% das vezes as recomendações foram idênticas.

“No mundo são 285 milhões de pessoas cegas por doenças na retina. Por isso, é indiscutível a contribuição desta tecnologia para o bem-estar social. Apesar de alguns especialistas não verem com bons olhos a inteligência artificial na oftalmologia, é a forma mais econômica de levar atendimento médico de qualidade para os rincões do Brasil”.

A inteligência artificial pode funcionar com autonomia, permite realizar diagnóstico à distância, ajuda a indicar o tratamento e automatiza o acompanhamento médico. Queiroz Neto destaca que ela pode ampliar o acesso aos cuidados médicos, reduzir o custo social e de tratamento.

IA reduz em 82% risco para passageiros
Para otimizar o serviço de transporte, uma rede de aplicativo desenvolveu um sistema de inteligência artificial para detectar chamadas perigosas e prever acidentes. Segundo a empresa, com isso foi possível reduzir em 82% as situações de risco para passageiros e motoristas nas operações, em 2018. O sistema funciona através do monitoramento automático de todas as chamadas da plataforma.

O algoritmo verifica padrões de comportamento de pessoas mal-intencionadas e bloqueia as chamadas de risco. O foco é na prevenção. Segundo Leonardo Soares, Diretor de Segurança da 99, é possível imaginar que o mesmo trabalho poderia ser feito por milhões de especialistas de segurança analisando cada chamada individualmente. “A tecnologia é baseada em ‘machine learning’ e na ideia de que a análise de uma grande quantidade de dados pode ser usada para determinar eventos futuros. A inteligência artificial da 99 está focada na prevenção e a diminuição dos incidentes são a prova de que estamos no caminho certo. Usando a tecnologia podemos evitar casos antes mesmo que eles aconteçam”, diz Soares.

Mesmo na área do direito a IA está, inclusive, extinguindo funções. Segundo Jefferson Cabral, professor universitário de Inovação e Futurismo, se o advogado não se reinventar para incorporar novas competências, “a máquina vai fazer de maneira muito mais rápida, mais barata, mais acessível e com índice do assertividade muito maior”.

“A inteligência artificial adquirida por alguns escritórios de advocacia proporciona a leitura de jurisprudências e a realização de petições. O sistema lê todas as sentenças, decisões, legislação, jurisprudências que tratam daquele assunto em nanosegundos. Depois vai para o segundo nível de inteligência, a análise dados do perfil do juiz, das sentenças do juiz (quantas foram favoráveis e desfavoráveis), perfil do juiz, Instagram, Linkedin, Twitter, Facebook e vai interpretar essa grande conjunto de dados e dar o melhor caminho para o êxito. Essa é a tendência em todas as áreas”, explicou o professor.

Tecnologia antecipando a demanda humana
Arthur Galvão, empresário e especialista em marketing de percepção, afirma que na área da comunicação dois conceitos ligados à IA são a Big Data e a Internet das Coisas. “Na Big Data, a grande rede de dados que antecipa as demandas dos clientes. O sistema aprende sobre o cliente e começa a trazer soluções e indicações que são importantes para ele. Por exemplo, se entro no Google procurando por ‘tratamento para emagrecimento’, imediatamente de aparece no Facebook um método e um conjunto de palestras sobre o tema. Na internet das coisas, os equipamentos conversam entre si. A geladeira “fala” com a televisão, com o telefone, o aplicativo e o computador, por exemplo. É a tecnologia adiantando as demandas humanas”, explica Galvão.

De acordo com o especialista, o mundo está caminhando para um momento em que os “ultraespecialistas” vão reinar. “O caminho que está mais em voga é o dos ‘ultraespecialistas’, que compreendem o próximo passo da tecnologia, seja artificial ou humana. O mundo é um universo de possibilidades e a função é transformá-las em probabilidades , afirma.

Segundo ele, as empresas estão focadas menos no que fazem, e mais no que solucionam. De acordo com o professor de Inovação e Futurismo, Jefferson Cabral, “cultura de dados”, “pensamento crítico” e “resolução de problemas complexos”, são competências fundamentais do novo mercado de trabalho ditado pela IA.

FONTE: ES HOJE