Controle de máquinas com o pensamento ganha financiamento do governo dos EUA

Duas empresas estão entre as entidades que vão receber verba. A Darpa, subordinada ao Pentágono, coordena o programa

O PROGRAMA N3, COORDENADO PELA DARPA, TEM COMO OBJETIVO CONECTAR CÉREBROS E MÁQUINAS SEM USO DE CIRURGIA (FOTO: GETTY IMAGES/VIA BBC NEWS BRASIL)

O governo dos Estados Unidos concedeu financiamento para seis trabalhos de pesquisa de controle de máquinas com o pensamento. A verba vai para duas empresas – Parc (Palo Alto Research Center) e Teledyne Scientific –, um centro de pesquisa sem fim lucrativo, o Battelle Memorial Institute, e três universidades: Carnegie Mellon, Johns Hopkins (Laboratório de Física Aplicada) e Rice.

Os trabalhos tentam diferentes abordagens para permitir a comunicação direta entre o cérebro e máquinas. A descrição das seis linhas de pesquisa não faz referência explícita a armamentos, mas há perspectiva de uso militar. Do lado do governo americano, o programa fica a cargo da Darpa (sigla em inglês para Agência de Projetos de Pesquisa Avançada em Defesa), subordinada ao Departamento de Defesa.

Cada um dos seis grupos vai receber até US$ 19,5 mihões na primeira fase do contrato e tem agora 12 meses para provar sua capacidade de transmitir informação do tecido cerebral para máquinas e vice-versa. As tecnologias contempladas não podem requerer uso de cirurgia para conectar o cérebro à máquina (linha de pesquisa similar à do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis). Esse é um dos pressupostos do programa, chamado N3 ou Next-Generation Nonsurgical Neurotechnology(Neurotecnologia Não-cirúrgica de Próxima Geração). Nos últimos anos, a Darpa já teve acesso a tecnologias para conectar o cérebro a dispositivos externos, como próteses, mas sempre usando cirurgia.

Se o N3 for bem sucedido, vai resultar na criação de interfaces que podem ser vestidas e removidas à vontade. “Essas interfaces vestíveis podem, no final, possibilitar diversas aplicações na segurança nacional, como controle de sistemas de defesa cibernética e de ‘enxames’ de veículos aéreos não-tripulados, ou atuar em conjunto com computadores em tarefas simultâneas durante missões complexas”, afirma a Darpa.

O governo americano imagina um cenário de guerra cibernética em que ações tenham de ocorrer em velocidade alta demais para a atenção humana e para nossa capacidade normal de reação. “A Darpa se prepara para um futuro em que a combinação de sistemas não tripulados, inteligência artificial e operações cibernéticas podem causar conflitos que se desenrolem em períodos de tempo curtos demais para humanos administrarem, se usarem somente a tecnologia atual”, afirma Al Emondi, coordenador do programa N3, um engenheiro e neurocientista que já trabalhou na Marina e na Força Aérea dos EUA.

FONTE: ÉPOCA