Como a Dasa está transformando a saúde com inteligência artificial

“Cada vez mais nos enxergamos não só como um laboratório, mas como um agente conector do setor de saúde”, ressalta Pedro de Godoy Bueno – Agência Ophelia

Inovações como big data e inteligência artificial deixaram de ser coisa de filmes de ficção científica para fazer parte do nosso dia a dia. Uma das áreas mais promissoras para a sua aplicação é a saúde. Pode prever surtos de epidemias, melhorar diagnósticos e prevenir doenças crônicas.

A Dasa, líder brasileira em medicina diagnóstica, está usando essas inovações para otimizar o processo de diagnóstico e, assim, oferecer cada vez mais recursos para que a equipe médica possa se dedicar ao que importa: a qualidade de vida do paciente. Para marcar o novo momento da empresa e sua visão de futuro, a companhia adotou uma nova identidade visual e posicionamento, focado em promover conexões inteligentes para a saúde.

 Em evento em São Paulo, a companhia reuniu médicos, hospitais, laboratórios e operadoras de saúde para simbolizar essa jornada de transformação. “Cada vez mais nos enxergamos não só como um laboratório, mas como um agente conector do setor de saúde. Conexão humana, de conhecimento, de tecnologia e de dados”, diz Pedro de Godoy Bueno, CEO da Dasa.

A companhia tem tamanho e atuação para a empreitada. Dona de mais de 30 redes de laboratórios – entre elas, no Rio de Janeiro, Alta, Bronstein, CDPI, Lâmina, Multi-Imagem e Sérgio Franco –, a Dasa é a maior empresa do setor na América Latina, e a quinta maior no mundo. Atende ao mercado privado, hospitais, setor público e no apoio a outros laboratórios. Possui cerca de 700 unidades de atendimento no país, com um corpo clínico de mais de 2 mil médicos e 250 milhões de exames realizados por ano nas áreas de análises clínicas, diagnóstico por imagem e genética.

“Um dos desafios do setor é trabalhar de forma mais integrada”, afirma Romeu Côrtes Domingues – Agência Ophelia

Com o DasAInova, laboratório de inteligência artificial recentemente apresentado ao mercado, a empresa vem investindo em tecnologias de aprendizado de máquina (machine learning), associado à análise de grandes volumes de dados (big data). “Essa é a maior iniciativa de inteligência artificial em saúde do país. Temos um time de cientistas de dados que, junto com os médicos, pensa em como desenvolver insights em cima dos dados”, diz Romeu Côrtes Domingues, presidente do conselho de administração da Dasa. Em uma das iniciativas, os milhares de exames realizados por ano são analisados por meio de algoritmos, criando padrões e alimentando softwares capazes de diagnosticar uma grande variedade de doenças de forma mais rápida.

O desenvolvimento desse projeto é fruto de uma parceria da Dasa com o Center for Clinical Data Science (CCDS), centro multidisciplinar vinculado à Harvard Medical School. Os exames são digitalizados e tratados de forma que as informações dos pacientes sejam mantidas em sigilo, como determina a legislação de proteção de dados.

“Temos mais informação de saúde do que nunca e ela continua crescendo. Quando digitalizadas, as coisas mudam mais rapidamente”, diz Dave deBronkart, paciente de câncer e palestrante internacional. Em sua primeira visita ao Brasil, ele foi convidado pela Dasa para falar sobre como a tecnologia vem transformando a relação médico-paciente no evento da companhia. Mais conhecido como e-Patient Dave, em 2009 ele se tornou um conhecido ativista em prol da medicina participativa.

“Dados melhores possibilitam uma saúde melhor, e o paciente ainda é o recurso mais subutilizado da medicina”, afirma. Ainda no campo da otimização de processos e recursos, a Dasa investiu R$ 15 milhões em uma tecnologia para digitalizar os exames de patologia clínica. A Telepatologia é capaz de digitalizar as lâminas em alta resolução, o que permite que elas sejam analisadas por um patologista de qualquer lugar do mundo, com maior precisão do diagnóstico. No processo tradicional, as amostras são analisadas manualmente por microscópio.

“Outras frentes em que a Dasa usa inteligência artificial são de atendimento e eficiência operacional”, conta Emerson Gasparetto, vice-presidente da área médica da Dasa. Por meio de um aplicativo de mensagens, um robô tira dúvidas sobre preparo de exames, unidade de atendimento e horários disponíveis. A companhia chega a fazer 3 mil atendimentos por dia via WhatsApp. Outro sistema desenvolvido usa inteligência artificial com big data para prever o não comparecimento de pacientes para a realização dos exames, o que traz eficiência operacional.

“Dados melhores possibilitam uma saúde melhor, e o paciente ainda é o recurso mais subutilizado da medicina”, diz Dave deBronkart, palestrante internacional – Agência Ophelia

“Com modelos preditivos de trânsito e outros fatores a depender da localidade, conseguimos gerenciar a falta, que pode chegar a até 40%”, diz Gasparetto. A Dasa também mantém parceria com o Cubo, espaço de empreendedorismo do Itaú e do fundo Redpoint eVentures, para trabalhar com startups da área de saúde. O objetivo é construir um ecossistema para promover inovações na área de medicina em longo prazo, além de compartilhar as tecnologias com o setor.

“Não temos a pretensão de transformar a saúde sozinhos, a ideia é fazer isso juntos”, diz Bueno. Por isso, a empresa procura trabalhar com outros agentes do setor, como hospitais e operadoras, para fazer uma gestão compartilhada da saúde dos pacientes.

“Hoje, cada informação do paciente está em um lugar. O exame de sangue está em um laboratório, enquanto os exames de imagens em outro. Um dos desafios do setor é trabalhar de forma mais integrada”, diz Romeu. Esse movimento também vai ao encontro da tendência de pacientes cada vez mais ativos em seu atendimento médico.

“Os pacientes querem ter informações de saúde e sentar lado a lado com o médico, não do outro lado da mesa”, diz Gasparetto. Dave deBronkart, o paciente ativista, conta que seu engajamento garantiu que ele vivesse bem mais que as 24 semanas previstas em seu diagnóstico de câncer de fígado em estágio avançado, em 2007. Ele explica que a medicina participativa tem por objetivo empoderar o paciente para trabalhar junto com os seus médicos, e não no lugar deles. “Eu falo como alguém que foi salvo por bons médicos e enfermeiros, mas que também fez tudo o que pôde para estar aqui hoje.”

FONTE: O GLOBO