Cirurgia robótica garante mais segurança na luta contra a obesidade

Suturas rompem menos e infeções são raras. Instrumentos cirúrgicos estão ligados a um robot.

O bypass gástrico reduz o volume disponível no estômago e, desta forma, há uma restrição da quantidade de alimentos ingeridos. É ainda feita uma derivação intestinal, que faz com que a absorção de nutrientes seja reduzida. Esta é a operação mais usada para a obesidade mórbida ou severa.

O bypass gástrico pode ser feito através de cirurgia robótica, sendo este um método mais seguro para os pacientes. “Em relação à cirurgia aberta, as vantagens são muito evidentes. No bypass gástrico, fazemos algumas suturas que em 0,5% ou em 1% dos casos se rompem. Se isso acontecer, pode dar um choque sético, uma peritonite e até matar.Mas se for feito com cirurgia robótica acontece uma vez em mil. A recuperação é muito mais rápida, quer no retorno ao trabalho, quer à atividade física. A possibilidade de haver infeções das feridas operatórias quase não existe. E o doente tem menos dor”, garante Carlos Vaz, coordenador da cirurgia robótica da CUF.

Para esta cirurgia são feitas incisões que, no máximo, têm um centímetro. Por uma é colocada uma câmara e por outra instrumentos cirúrgicos, que estão ligados a uma espécie de robot. Esse aparelho está depois conectado a um computador, a partir do qual o cirurgião controla os instrumentos.

Diabetes pode ficar curada com o bypass gástrico

Há pacientes diabéticos que, 15 dias depois da cirurgia, já não precisam de medicação.”Quando fazemos a derivação intestinal, há certas substâncias produzidas no intestino cuja produção se altera. E isso, provavelmente, cura a diabetes”, diz o médico cirurgião Carlos Vaz. No bypass gástrico, o estômago fica mais pequeno. Quando o doente come, tem sensação de saciedade precoce – o estímulo para parar de comer chega muito antes do que anteriormente.

Cirurgião controla os movimentos

Apesar de os instrumentos cirúrgicos estarem ligados a um robot, é o cirurgião quem os controla. Isso é feito através de manípulos que estão numa consola ligada a um computador. Não há qualquer movimento que possa ser programado e feito na ausência do médico.

O meu caso

“Renasci porque voltei a trabalhar e a sair com os meus amigos”   Maria Teresa Assoreira pesava 149,5 quilos. Um ano e meio depois de ter sido submetida a um bypass gástrico, através de cirurgia robótica, pesa 64 quilos.”Renasci. Já não fazia nada, não andava e ficava isolada em casa. Já não vivia e agora vivo e estou feliz. Voltei a trabalhar e a sair com os meus amigos. Já entro numa loja e compro tudo porque antigamente era um desespero, não há roupa que caiba numa gorda com quase 150 quilos”, conta a arquiteta de 75 anos, que vive em Cascais. Além de ter regressado ao dia a dia normal, Maria Teresa ainda corre, deixou de ter vergonha de ir à praia e faz ski.

“Tinha começado a engordar aos 50 anos, devido a problemas familiares. Estava a ter muitas taquicardias e o meu médico disse-me que eu estava em risco e que tinha de fazer uma intervenção para emagrecer”, recorda ao Correio da Manhã. A arquiteta afirma que os valores das análises que faz são bons e que não tem nem colesterol nem diabetes.

Discurso Direto

Carlos Vaz Coordenador de cirurgia robótica, CUF “Perde 90% do excesso de peso” CM -Na cirurgia robótica, a visão é melhor?

Carlos Vaz- Sim. A câmara transmite a imagem para um monitor na sala e para o computador onde está o médico. A visão é de alta definição. Consigo ver coisas que a olho nu não iria ver. Isto permite trabalhar os tecidos com maior precisão. Preservo mais as estruturas nervosas e ,assim, o doente vai ter menos sequelas de vasos que se poderiam, sem querer, cortar.

– Quando é que surgem os resultados?

– A perda de peso é progressiva e demora entre nove e 18 meses. Em média, o paciente perde entre 80 e 90 por cento daquilo que era o seu excesso de peso. Também depende do exercício físico e dos programas de nutrição.
FONTE: CM JORNAL