CAPIXABAS VENCEM TECHCRUNCH STARTUP BATTLEFIELD COM TECNOLOGIA QUE DETERMINA PESO DE GADO

Olho do Dono capta imagens de gado em 3D e define, por meio de visão computacional, quem é o animal e qual o seu peso; tecnologia já registrou 150 mil imagens de 15 mil bois

A Olho do Dono foi a única startup brasileira entre as cinco que chegaram à final da competição (Foto: Divulgação)

Realizado pela primeira vez na América Latina, o TechCrunch Startup Battlefield elegeu a startup Olho do Dono como a vencedora da competição ocorrida  em São Paulo.

A empresa leva para casa um prêmio de US$ 25 mil e uma vaga para disputar a Disrupt Cup naTechCrunch Disrupt San Francisco, nos Estados Unidos, em 2019.

A Olho do Dono foi a única startup brasileira entre as cinco que chegaram à final (as outras eram do México, da Colômbia e da Argentina). A empresa atua com pecuária de precisão. A solução é composta por uma câmera 3D e um software que usa a tecnologia de visão por computador para monitorar o peso do gado.

Olho do Dono (Foto: Divulgação)

A Olho do Dono levou para casa um prêmio de US$ 25 mil e a oportunidade de disputar a Disrupt Cup na TechCrunch Disrupt San Francisco, nos Estados Unidos, em 2019 (Foto: Divulgação)

Trata-se de uma informação valiosa para o fazendeiro. Com ela, é possível concluir (ou suspeitar), por exemplo, se é hora ou não de vender o boi, se o animal está doente, se a alimentação tem sido suficiente, se o gado está preparado para a reprodução, entre outros fatores.

A solução foi lançada nesta quinta-feira (inicialmente, para um grupo de 20 fazendeiros). Mas a startup já testou a tecnologia em cerca de 25 fazendas no Brasil. Foram 150 mil imagens registradas e 15 mil bois pesados.

A Olho do Dono não é a primeira a desenvolver uma tecnologia cuja finalidade é engordar o gado.

Pedro Henrique Coutinho, CEO da Olho do Dono (Foto: Divulgação)

A húngara Agroninja, por exemplo, também identifica o peso do gado por meio de foto. No Brasil, a Pesa Fácil também apresentou solução similar.

A diferença da Olho do Dono para os competidores, segundo informação da própria empresa, é que a tecnologia criada pelos capixabas capta os bois em movimento (como mostra a primeira foto acima). A solução dos concorrentes exige que o boi esteja parado, para que seja tirada uma fotografia de cada um deles. É uma tarefa difícil para grandes rebanhos.

“Vamos começar no Brasil, que é o segundo maior mercado do mundo, com 220 milhões de cabeças de gado, e depois vamos para outros países da América Latina, Estados Unidos e União Europeia”, diz Pedro Henrique Coutinho, CEO da Olho do Dono. O empresário também é mestre em ciência da computação pela UFES. A startup está baseada em Vitória, Espírito Santo.

Para os investidores que participaram do júri, a solução da Olho do Dono pode ser usada de outras formas também. “Já pensaram em colocar a câmera em um drone?”, perguntou Veronica Serra, da Innova Capital, após o pitch da startup. “Fizemos um teste, mas os animais ficaram assustados e correram”, respondeu Coutinho. A investidora sugeriu, no fim do evento, que eles buscassem uma solução silenciosa. Como o gado geralmente perambula pela fazenda, um drone que o alcance onde quer que esteja talvez seja uma boa ideia, aventou a investidora.

Também parte do júri, Hans Tung, sócio do fundo GGV (que liderou o aporte de US$ 63 milhões na Yellow) e um dos top investidores da Midas List da Forbes, questionou a possibilidade de aplicação da tecnologia em outros tipos de criação, como de porcos e ovelhas. “Sim, é possível. Inclusive, um produtor desses já entrou em contato com a gente”, respondeu Coutinho.

Ter resposta para todas as perguntas dos jurados, de fato, ajudou o capixaba de fala mansa a conquistar a banca. O olhar dos investidores, somado ao sorriso apertado de alguns deles, já indicava que, se não fosse a ganhadora, a Olho do Dono certamente sairia dali pelo menos com alguns simpatizantes de peso.

Mas o fator número 1 de atração está na combinação das promessas do setor agropecuário com a tecnologia desenvolvida pela startup. A propriedade intelectual da Olho do Dono está toda no software, que, aliás, levou quatro anos para chegar ao ponto em que está. A câmera, segundo o CEO, não precisa ser sofisticada ou cara. Isso significa que não é fácil replicar a solução da Olho do Dono. O equipamento não é determinante no conjunto da solução.
Coutinho afirma também que o produto da startup é mais barato do que as soluções tradicionais. A balança de passagem, método mais comum para pesar o gado hoje, custa entre R$ 7 mil e R$ 25 mil cada, segundo ele. E o custo mensal para o fazendeiro varia entre R$ 2 e R$ 5 por animal. A solução da Olho do Dono tem o valor de R$ 3 mil, e o produtor paga mensalmente R$ 1 por animal.

Além de Coutinho, a startup tem como fundadores Rafael Bragatto e Hudson Ramos. A turma já levantou R$ 1 milhão com investidores.

O segundo lugar do TechCrunhc Startup Battlefield ficou com a Unima, do México. A startup faz diagnósticos de doenças rapidamente e por um custo baixo. O foco da companhia são regiões que têm recursos limitados. Hoje, a solução é capaz de detectar tuberculose e HIV, mas a companhia trabalha para diagnosticar também dengue, zica, diabetes e anemia.

As cinco startups que se apresentaram na última etapa da competição foram: 1DOC3 (Colômbia), Agilis (Argentina), Cuenca (México), Unima (México) e Olho do Dono (Brasil). No total, 15 startups se apresentaram no evento. A brasileira Loopkey, cuja solução usa o celular para abrir portas no lugar de chaves, estava entre elas.

FONTE: PEGN