Além do Vale do Silício: documentário apresenta ecossistemas de inovação que existem pelo Brasil

Dirigido por Patricia Travassos e narrado por Silvio Meira, filme percorreu mais de 20 mil km de norte a sul do país para descobrir locais onde a tecnologia é utilizada para solucionar problemas locais e globais.

Documentário propõe reflexão sobre a inovação centrada nas pessoas — Foto: Ecossistemas de Inovação/Divulgação

Qual tecnologia estamos criando hoje que, como o fogo, será capaz de nos transformar tão profundamente e por tanto tempo? Esta é a reflexão proposta em “Ecossistemas de Inovação”, novo documentário dirigido pela jornalista Patricia Travassos, com narração do cientista Silvio Meira.

Produzido pela Prosa Press, com pré-estreia nesta quarta-feira (23) na Cinemateca Brasileira, o roadmovie (filme de estrada) percorreu cerca de 20 mil quilômetros do Brasil para apresentar alguns dos principais ecossistemas de inovação do país e suas soluções para problemas locais e globais.

“Muitos brasileiros que trabalham em startups ou mesmo com pesquisas ligadas à inovação conhecem melhor o Vale do Silício, a China e Israel do que o próprio país”, destaca Travassos, em entrevista a Época NEGÓCIOS. “A proposta do filme é promover um passeio pelos diferentes sotaques e particularidades da inovação centrada nas pessoas, nas mudanças comportamentais e no impacto da tecnologia em nossas vidas.”

As gravações mostram empreendedores, fundadores de startups e hubs de diferentes locais do Brasil, a exemplo do Porto Digital, em Recife (PE), Tecnopuc Instituto Caldeira, em Porto Alegre (RS), Rota da Inovação, em Florianópolis (SC), Vale da Eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí (MG), G10 Favelas, em São Paulo (SP), e Distrito de Inovação, em Manaus (AM).

“Há hubs e ecossistemas funcionando muito bem em todas as regiões brasileiras. Foi difícil, inclusive, escolher por onde começar”, conta a diretora, que ainda destaca um ponto em comum entre os locais visitados: a preocupação com a inclusão digital, a diversidade e a educação.

“Todos têm projetos voltados aos jovens de periferia, que, muitas vezes, não se viam dentro desse universo de tecnologia e inovação”, salienta ela, citando como exemplo a ONG Prototipando a Quebrada, que, desde 2018, atua na região metropolitana de Florianópolis (SC).

Outro fator semelhante entre os locais visitados pela produção do filme é a forma de buscar crédito. “Em regiões fora do eixo São Paulo, as companhias, mesmo concorrentes, se unem em busca de investimentos no mercado”, afirma Travassos. “Há também empresários de olho em empresas locais — caso de Denis Minev, presidente da Bemol, que investe em startups na Amazônia.”

Documentário reforça importância das conexões

“Ecossistemas de Inovação” evidencia ainda a importância da conexão e envolvimento dos demais players junto às empresas e startups para o crescimento do setor, tais como governos, aceleradoras e universidades, berço de muitos empreendedores.

“Em Manaus, por exemplo, há a Lei da Informática, que obriga companhias locais a investir em pesquisa e desenvolvimento, criando parques tecnológicos, onde também são treinados os profissionais que saem das universidades”, explica Travassos. “Já o Porto Digital, em Recife, tem uma política própria e é completamente independente de governo.”

Como referências, o filme reúne depoimentos de profissionais da área, como Jorge Audy (Tecnopuc/RS), Romero Rodrigues (Buscapé), Moacir Marafon (Softplan/SC), Marcelo Dantas (Bienal do Mercosul), além de empreendedores, investidores e pesquisadores envolvidos com os ecossistemas.

“Tem muita coisa legal acontecendo no Brasil. Precisamos conhecer e valorizar”, afirma Travassos. Em resposta à pergunta que abre a reportagem, ela reforça: “O documentário é uma pesquisa viva. Queremos justamente propor reflexão sobre a tecnologia na vida das pessoas, a ética e o pensamento crítico.”

“Ecossistemas de Inovação” foi viabilizado pela 3M, via lei de incentivo ProAC, e poderá ser visto pelo público a partir de 28 de agosto, às 21h30, pela internet, no site e na plataforma de streaming Canal Markket. Também será transmitido nos canais 692 da Claro TV e 611 da Vivo e Vivo Fibra.

O carbono gerado durante as gravações, estimado em 12 toneladas de CO2, será compensado pelo plantio de 72 árvores nativas da Mata Atlântica na Área de Proteção Ambiental (APA) do Pratigi, no Baixo Sul da Bahia.

Confira os ecossistemas apresentados no documentário:

. Porto Digital, em Recife (PE)
. Tecnopuc e Instituto Caldeira, em Porto Alegre (RS)
. Rota da Inovação, em Florianópolis (SC)
. Vale da Eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí (MG)
. Unicamp, em Campinas (SP)
. Parque Tecnológico, em São José dos Campos (SP)
. G10 Favelas, em São Paulo (SP)
. Distrito de Inovação, no Tech hub Manaus e no Sidia, em Manaus (AM)

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/empresas/noticia/2023/08/alem-do-vale-do-silicio-documentario-apresenta-ecossistemas-de-inovacao-que-existem-pelo-brasil.ghtml