“Ainda estamos na infância da energia eólica”

Uma equipe multidisciplinar liderada pelo engenheiro Minesh Shah é a responsável por trazer para a indústria a maior turbina eólica da GE e elevar o setor a um outro patamar

A meta era ambiciosa: aumentar a competitividade dos parques eólicos no setor de energia, por meio de uma redução de 30% nos custos associados a essa geração. Como? Tornando a turbina maior e mais eficiente, resultando no aumento da energia capturada e na redução do custo operacional.

O resultado dessa aposta é a turbina 4.8-158 – uma das maiores do mundo. O nome faz referência à capacidade de geração (4.8 megawatts) e ao diâmetro do rotor (158 metros). Para ter ideia do que isso significa: cada unidade produz energia suficiente para abastecer 5.000 residências. Quanto ao tamanho: cada pá equivale à envergadura de um Boeing 747-8.

O desafio ficou a cargo de uma equipe multidisciplinar liderada pelo engenheiro Minesh Shah, que, na conversa abaixo, conta quais foram os desafios e as conquistas que marcaram essa proeza tecnológica. A novidade A novidade chega ao mercado no início de 2019.

CAMINHOS PARA O FUTURO: Como esse projeto nasceu?

MINESH SHAH: Quando a gente olha para a produção de energia, vê como as renováveis são boas para o ambiente, para o planeta, e vem o desejo de tornar a energia eólica mais competitiva, para que ela possa disputar com outras formas de energia – e realmente ganhar. A gente pensava: como criar essa competitividade, como reduzir o custo da geração de energia eólica? Queríamos algo que trouxesse um verdadeiro salto qualitativo, reduzindo o LCOE [custo nivelado de energia, na sigla em inglês], que é o custo da eletricidade. Para alcançar essa meta, criamos uma máquina que tem um rotor com 158 metros de diâmetro e fundamentalmente muda o LCOE por meio da tecnologia. Estamos muito animados com a chegada desse produto, em 2019.

CPOF: Quando esse processo começou?
SHAH: O desenvolvimento começou em 2017, mas algumas tecnologias cruciais, associadas ao produto, já vinham sendo desenvolvidas cerca de quatro ou cinco anos antes. É um longo caminho. Neste momento, essa tecnologia é a resposta certa para conferir competitividade ao setor eólico.

CPOF: Um dos diferenciais desse modelo diz respeito ao tamanho do rotor, certo?
SHAH: Um dos aspectos importantes desse projeto é que o tamanho do rotor era essencial para a redução do custo da eletricidade. Para aumentar o diâmetro do rotor, precisávamos resolver uma questão: como transportar essas pás enormes? Então desenvolvemos uma pá que facilita a logística, e com essa construção, solucionamos esse problema para nossos clientes. Essa turbina é 30% maior que nosso maior modelo anterior, e isso só foi possível graças a esse mecanismo e ao uso de fibra de carbono [que é um material mais leve que a fibra de vidro, tradicionalmente usada]. Nós tínhamos de pensar em tudo, não só do ponto de vista da cadeia de suprimentos, mas também em cada ponto da cadeia de valor. Como vamos planejar um sistema completo, pensando no produto como um todo? Esse era o foco.

CPOF: O que significa para você ver sua criação chegar ao Brasil?
SHAH: Nós tivemos uma equipe fenomenal, e não me refiro apenas às pessoas envolvidas no desenvolvimento desse produto, mas em todo o time da empresa ao redor do mundo, que levou esse projeto adiante. Quando olhamos ao redor do globo, existe uma vasta gama de velocidades de vento e condições do local, e este produto pode resolvê-los. Especificamente no Brasil, o vento tem uma velocidade mais alta, e a turbina pode funcionar nesse ambiente. Então esse produto tem capacidade para promover uma grande mudança na produção de energia, quando comparado ao que vemos com outras máquinas.

CPOF: Quais foram os maiores desafios ao longo desse trabalho?
SHAH: O maior de todos foi o cronograma. Desenvolvemos o projeto e precisávamos saber como investir em nossos fornecedores, em nossa cadeia de suprimentos, para viabilizar esse produto, e tudo isso num espaço de tempo muito reduzido, para poder entregar as primeiras unidades no começo de 2019. O desafio era trazer novas tecnologias para a indústria, de uma forma que nos permitisse assegurar a qualidade, com credibilidade junto a nossos clientes, promovendo essa competitividade da energia eólica… Então a gente precisava prestar atenção na qualidade, no tempo e, principalmente, em como fazer com que nossos clientes fossem bem-sucedidos no mercado.

CPOF: O que, a seu ver, é a parte mais empolgante desse projeto?
SHAH: Em 15 anos, nós passamos de um rotor cujo diâmetro era de 77 metros para, agora, uma pá que tem 77 metros de comprimento. Dobrar o tamanho do rotor em um período de apenas 15 anos mostra o poder da tecnologia, o poder da GE, o poder do que podemos fazer nessa indústria. Para mim, esse tipo de conquista indica que ainda estamos na “infância” da energia eólica. E que as oportunidades são inacreditáveis, não só em relação à eólica, mas às fontes renováveis como um todo.

CPOF: O que, a seu ver, é a parte mais empolgante desse projeto?
SHAH: Em 15 anos, nós passamos de um rotor cujo diâmetro era de 77 metros para, agora, uma pá que tem 77 metros de comprimento. Dobrar o tamanho do rotor em um período de apenas 15 anos mostra o poder da tecnologia, o poder da GE, o poder do que podemos fazer nessa indústria. Para mim, esse tipo de conquista indica que ainda estamos na “infância” da energia eólica. E que as oportunidades são inacreditáveis, não só em relação à eólica, mas às fontes renováveis como um todo.

FONTE: ÉPOCA