Startup quer ser o ‘Google’ do Judiciário

ForeLegal possui uma base de dados com mais de 50 milhões de processos de todos os tribunais do País e ajuda escritórios e departamentos jurídicos a cruzarem informações e fazerem cenários.

A startup ForeLegal quer aproveitar o momento propício para o crescimento de empresas focadas em soluções tecnológicas no Direito para se firmar como o “Google” do Judiciário: uma plataforma simplificada para buscar tudo sobre processos judiciais.

Segundo a sócia-fundadora da empresa, Celina Salomão, é inevitável o crescimento desse segmento ao longo do ano. “O mercado ainda está amadurecendo. Inovação e disrupção estarão mais próximas do mundo jurídico. Com o aumento de uma visão mais estratégica de legal partners”, conta.

Atualmente, a ForeLegal possui um big data com mais de 50 milhões de processos cadastrados. A plataforma acessa, com o uso de robôs, os sistemas de cada um dos tribunais brasileiros, já que não existe apenas um unificado no País. Depois de coletar as informações públicas, tudo é disponibilizado para uma busca simplificada dentro da ForeLegal.

“Temos acessos via bots a todos os dados públicos de todos os tribunais. Sem a tecnologia, isso teria que ser buscado à mão pelo advogado que quisesse fazer uma consulta”, lembra. “A partir desses dados, criamos produtos e soluções de mercado cruzando dados públicos dos robôs com privados que as empresas que nos contratam fornecem”, acrescenta ele.

Na sua opinião, se for quebrada a barreira cultural do tradicionalismo dos escritórios de advocacia, trabalhando a programação para advogados, a perspectiva de crescimento do negócio é exponencial. “No Brasil, a criação de soluções jurídicas é um mercado enorme, porque somos o País com o maior grau de contenciosidade do mundo. Na Índia, que tem mais de um bilhão de pessoas, há 20 milhões de processos ativos, um quinto do que existe no Brasil. Seremos referência no mundo nessa área”, pontua.

Além da oportunidade, Celina, que é advogada por formação, acredita que será necessária a mudança dos escritórios rumo a uma realidade de maior tecnologia com o objetivo de aumentar a produtividade e manter a competitividade. “Vejo que é inevitável esse processo, porque se o empresário resiste à tecnologia, seu centro de custo dependerá muito da mão-de-obra. Hoje, se não precisar disso, a operação será bem mais barata”, avalia Celina, que garante, no entanto, não acreditar que a profissão de advogado morrerá com isso. “O que fazemos é prever e criar cenários, a defesa quem fará é o nosso cliente. São ferramentas que vêm para agregar muito ao trabalho.”

A advogada usa o exemplo da ascensão das fintechs nos últimos anos para se espelhar e prever que algo parecido ocorrerá com as lawtechs e legaltechs – empresas de tecnologia focadas em resolver problemas jurídicos – neste ano. “É um processo sem volta porque olhamos para as fintechs nos últimos cinco anos. Muitas empresas financeiras resistiram àquele processo, mas perceberam que não tinha outra saída”, afirma.

Empreendedora

Celina Salomão explica que apesar de ser formada em Direito, sua veia empreendedora sempre foi mais forte que a do advogado militante. Dessa forma, em 2016, quando percebeu uma carência no mercado, decidiu criar uma ferramenta que suprisse essa necessidade. “O projeto foi incubado e acelerado na LogJur. Outra empresa que fundei. Dessa vez foi um escopo mais estratégico e definido”, comenta.

FONTE: DCI