Até o sinal do 5G começar a ser captado por smartphones e drones, a rede vai passar por pelo menos duas rodadas internacionais de definições. No ano que vem, a União Internacional das Telecomunicações (UIT) define quais padrões de latência, transferência de dados e outros atributos uma rede deve apresentar para ser chamada de 5G.
Em 2019, a debate na UIT e na organização de rádio 3GPP será em torno das faixas de radiofrequência usadas.
“O 5G vai funcionar em novas bandas de espectro. E para isso é necessário que se limpe de outros serviços que funcionem nessa banda”, comenta Sebastian Cabello, diretor-geral para América Latina da GSMA, organização que gerencia diversas tecnologias fundamentais de celular.
E cada país já sinaliza o que mais lhe interessa. China, Japão e Coreia do Sul testam médias e altas frequências, capazes de transmitir altas velocidades de internet. EUA e Europa querem o mesmo, mas também apostam em baixas frequências, que cobrem regiões mais amplas sem precisar de muitas antenas.
“Até lá, você vai ter que separar o que é padrão do que é marketing”, comenta Lopes.
Segundo membros de governo, o Brasil deve seguir diretrizes ditadas pelos grandes polos produtores de tecnologia e aderir ao modelo de algum deles.
“Acho que o Brasil não pode querer ter a pretensão de liderar na tecnologia”, afirmou André Borges, secretário de telecomunicações do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC).
Para ele, o Brasil deve achar o seu espaço e agir de forma integrada globalmente e acompanhar uma tendência mundial. Isso vai representar uma escala econômica e contribuir para uma vocação particular, por exemplo, com o desenvolvimento especial do agronegócio, que é uma competência especial do Brasil, explica o secretário.
Ele diz, no entanto, que há pesquisas em cursos no Brasil sobre o 5G. “Nós temos alguns institutos que usam recurso do Funtel [Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações] e estão criando. Já fizeram testes bem sucedidos com a tecnologia 5G, como o caso do CCR, da Inatel”, completa.
Já para a Anatel, o 5G não deve ser a tecnologia responsável para preencher as lacunas de cobertura percebidas pelos consumidores no Brasil.
“Muitas das coisas de que precisamos hoje já conseguimos atender com 3G ou 4G. Se você está numa área sem cobertura, em vez de 5G, pode fazer [cobertura] com 4G, (usando a frequência) de 700 Mhz”, diz Linhares, o gerente de radiodifusão da Anatel.
Outras áreas com cobertura incipiente, diz, podem ser atendidas por redes de satélite. “Não vejo o 5G como melhor solução a curto prazo.”
Pessoas andam na avenida Paulista, em São Paulo, com celular na mão; Anatel avalia que 5G será usado em grandes centros urbanos (Foto: Marcelo Brandt/G1)
A banda larga móvel de quinta geração será usada, afirma ele, “em grandes centros urbanos e regiões suburbanas com uma grande densidade de pessoas”.
Segundo Linhares, o Brasil tem expectativa que o 5G rode nas faixas de 3.5 Ghz, 26 Ghz e 40 Ghz. A agência, no entanto, pode ter que fazer algum ajuste regulatório já que o serviço de TV-RO (de antenas parabólicas) é transmitido em uma faixa próxima à de 3.5 Ghz.
A proximidade pode causar interferências. Os ajustes, no entanto, devem ser mínimos, já que o uso da TV-RO está caindo, graças ao avanço da TV Digital e da TV paga.
Para 2018, a Anatel já planeja regulamentar novas condições de uso da faixa de 3.5 Ghz, que podem ser destinadas ao 4G e, quando a tecnologia estiver consolidada, ao 5G.
FONTE: G1