4 tendências da indústria 4.0

FEIRA DE HANNOVER: SÃO 5 MIL EXPOSITORES DE 75 PAÍSES APRESENTANDO SUAS SOLUÇÕES E DISCUTINDO O FUTURO DA INDÚSTRIA (FOTO: BARBARA BIGARELLI)

Andar pela Feira de Hannover, a maior da indústria do mundo, é se perder entre tantos pavilhões, saídas e stands. São 5 mil expositores de 75 países apresentando suas soluções e discutindo o futuro da indústria. De vez em quando, é possível avistar algum robô que dá boas-vindas aos visitantes ou tenta jogar bola em um minicampo improvisado. Neste ano, porém, o termo que domina o discurso das empresas é conectividade.

Com a percepção de que captar dados das máquinas e usá-los de forma eficiente gera valor, competitividade e redução de riscos, muitas das tecnologias apresentadas giram em torno de softwares, apps e plataformas inteligentes. “Entramos em uma nova era de processamento de dados. Já podemos questionar o que podemos fazer com ele, quais modelos de negócios podemos criar e o que somos capazes de atingir”, disse Klaus Helmrich, membro do conselho de administração da Siemens AG.

Na feira, empresas afirmam querer levar a Indústria 4.0, que insere o uso de dados como ferramenta crucial, a um “novo nível”. Fala-se em automação realizada de forma conectada, integrada (a partir de soluções de IoT) e mais eficiente (com os chamados cobots). Também discute-se maneiras de flexibilizar a produção com simulações virtuais mais precisas e que podem ser feitas sem interromper a produção (gêmeos digitais). A realidade virtual e aumentada estão presentes nas soluções apresentadas, buscando propiciar uma visão mais precisa da manufatura.  Mini-impressoras 3D também são vistas com frequência nos stands — a indústria parece confiar na impressão 3D como ferramenta importante para reduzir custo de reposição de peças ou criar protótipos mais baratos.

Abaixo, explicamos mais detalhes sobre essas tendências:

Conectividade
O lema em Hannover é “Integrated Industry — Connect & Collaborate”. Ou seja: integrar, conectar e colaborar. Um dos maiores pavilhões da feira se chama justamente “Automação Integrada”. Depois de colocarmos sensores nas máquinas e recolhermos uma infinidade de dados, é preciso saber usá-los de forma eficiente. Tudo deve estar conectado. Softwares, aplicativos e plataformas de IoT ganharam espaço na feira como solução para essa integração. A discussão agora também perpassa não somente captar e dados os obter insights para o negócio, mas saber quais dados precisam ser armazenados na nuvem. É preciso saber filtrar.

Gêmeo digital
Um dos conceitos mais comentados na feira é o do gêmeo digital. A tecnologia permite criar um modelo digital de um produto (carro, máquina ou turbina de avião, por exemplo) e simular o passo a passo da produção. Assim, não é preciso gastar com protótipos físicos, nem interromper processos da fábrica para testes. A simulação digital também permite prever erros. A Siemens é uma das empresas que investe pesado nessa tecnologia – já que, segundo a empresa, os clientes demandam cada vez mais flexibilidade da produção. Na feira, apresentou cases na indústria automotiva, mostrando o funcionamento de softwares que acompanham a produção de um carro, criando esses gêmeos digitais. Também mostrou um projeto desenvolvido com a Airbus no qual um gêmeo digital indica onde a máquina precisa realizar o furo na fuselagem da aeronave. A precisão é de 0,2 milímetros. Depois, com os dados de voos captados, o software da Siemens analisa se o furo foi totalmente eficiente naquela posição, para melhorar essa precisão nos próximos.

Impressoras 3D
Na Feira de Hannover, a impressora 3D continua em alta. Várias empresas apresentam novas soluções com a tecnologia — principalmente para diminuir o custo de reposição de peças ou criar modelos de estudo. O design dos produtos produzidos chama atenção. Um dos cases inusitados veio de uma universidade. O Instituto de Botânica da Leibniz University apresentou modelos de flores feitos por uma impressora 3D. A ideia é usar o método para que estudantes aprendam sobre estruturas das flores e adquiram expertise em botânica. Ao mesmo tempo, eles podem ter contato com uma tecnologia nova e adquir as habilidades digitais necessárias nesse processo. Olhando para os players tradicionais, a HP apresentou sua versão de impressora 3D, a Multi Jet Fusion. Segundo a empresa, o produto “apoia a transformação da manufatura tradicional em direção a um futuro manufatureiro digital”. Junto à impressora, a companhia também desenvolve uma plataforma aberta de desenvolvimento de soluções de impressão 3D.

 Cobots
Ao menos no discurso, algumas empresas defendem que a fábrica do futuro será mais colaborativa — e não totalmente robótica. Fala-se na Feira de Hannover sobre o “cobot” — robôs menores que realizam tarefas manuais, mas trabalham de forma conjunta com as pessoas. “O investimento em cobot é muito menor que em um robô industrial, que automatiza tudo”, disse Andrea Bodenhagen, da Piab Vakuum, empresa alemã que desenvolve bombas a vácuo e utiliza cobots em sua produção. A Festo também apresentou sua versão de cobot. Trata-se de uma vestimenta que transforma o braço humano em uma espécie de braço pneumático, conectando o funcionário a uma máquina. Com a tecnologia, é possível reunir de um lado, os movimentos sensitivos e flexíveis humanos, do outro, a agilidade e precisão de um robô. Os dois trabalham em uma mesa conectada, que a Festo chama de “BionicWorkplace”.
FONTE: ÉPOCA NEGÓCIOS