2024: um ano de estabilidade para as big techs

O ano deve ser de estabilidade para as big techs, impulsionadas por avanços em realidade aumentada e inteligência artificial.

À medida que 2024 se desenrola, as big techs emergem de um período turbulento para, possivelmente, entrar em uma era de estabilidade e crescimento contínuo. Este ano, caracterizado por avanços tecnológicos significativos e desafios regulatórios importantes, sinaliza um momento de maturação e equilíbrio para o setor de tecnologia.

A previsão do Olhar Digital é que 2024 seja um ano de estabilidade para as big techs, após um 2023 desafiador, marcado principalmente pela ascensão dos chatbots de inteligência artificial (IA). Apesar do boom da IA, 2023 ainda apresentou seus desafios para as big techs, que podem começar a ser contornados em 2024.

Para discutir estes cenários e explorar as tendências, desafios e oportunidades que definirão o ano para as gigantes da tecnologia, trazemos as análises de Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, e Lucas Gilbert, sócio da allu e especialista em tecnologia.

Tendências emergentes

Uma das tendências mais notáveis em 2024 é o foco contínuo em tecnologias imersivas, como realidade aumentada (AR, na sigla em inglês) e realidade virtual (VR). Arthur Igreja destaca a importância crescente dessas tecnologias, prevendo que “vamos falar bastante sobre realidade mista, virtual, aumentada”. Isso sinaliza uma evolução no modo como interagimos com o digital, prometendo revolucionar setores como varejo, educação e entretenimento com experiências imersivas e personalizadas.

Lucas Gilbert reforça essa visão com um foco na integração da inteligência artificial (IA) em dispositivos e serviços. Ele aponta a inteligência artificial embarcada como o próximo passo dado pelas big techs neste caminho evolutivo da IA. “Provavelmente, para 2024, a gente espera inteligência artificial embarcada,” ele menciona, indicando que as capacidades da IA estão se tornando mais sofisticadas e integradas.

A gente vai falar não só dos GPTs da vida, [mas também] como os próprios hardwares dessas empresas vão começar a ter inteligência artificial embarcada. Então as ferramentas de busca, elas mudam. Você tem os celulares com inteligência artificial já fazendo muita coisa sozinha. Você tem as smart homes começando a ficar cada vez mais evoluídas. Você tem basicamente grande parte do trabalho braçal feito antes [por humanos], podendo já ser diminuído por comando de voz, por simples prompts e por aí vai. Então a tendência é que em 2024 a gente veja um amadurecimento da inteligência artificial.

Lucas Gilbert, sócio da allu e especialista em tecnologia

Isso sugere uma transição para uma era onde a IA não é apenas uma ferramenta, mas uma companheira integrada e essencial na vida cotidiana, com aplicações variando de assistentes pessoais a sistemas avançados de diagnóstico médico.

Questões regulatórias

O aspecto regulatório e a ética no meio da IA continuam a ser uma preocupação central em 2024. Mesmo em um cenário de estabilidade, estes desafios estão sempre presentes. Igreja aborda os desafios enfrentados pelas big techs, principalmente em relação às diferenças legislativas entre territórios. Este ano pode ser um ponto de virada, onde vemos um alinhamento mais coeso entre inovação tecnológica e conformidade regulatória global.

Gilbert aponta para a necessidade de equilíbrio entre inovação e ética. “É muito sobre risco-retorno,” ele observa. “A cada trimestre que passa, o mercado quer ver. Os resultados vão ser abertos para o público para saber se aquilo está dentro ou está fora das expectativas e até do investimento alocado”, pondera Gilbert.

As big techs estão adotando uma abordagem mais ponderada, avaliando cuidadosamente as implicações de longo prazo de suas inovações, especialmente em áreas sensíveis como reconhecimento facial e coleta de dados pessoais.

Inteligência artificial: ascensão controlada?

A IA é um tema central para 2024, assim como foi para 2023. Igreja fala sobre a loja de aplicativos da OpenAI, sugerindo um novo paradigma. “A criação de GPTs pode ser a nova era análoga que nós vimos depois de 2007, com a criação dos aplicativos,” ele teoriza. Esta previsão implica uma democratização e diversificação do uso da IA, potencialmente levando a uma maior estabilidade no mercado.

Gilbert, por sua vez, aponta para as limitações atuais da IA, indicando que, embora esteja avançando, há ainda um longo caminho pela frente para atingir seu potencial disruptivo total. “A tendência é que em 2024 a gente veja um amadurecimento da inteligência artificial que, por enquanto, apesar de ser muito legal o ChatGPT, muita coisa ele ainda não resolve. Ele ainda tem um conhecimento limitado, ele tem ali uma base de dados para que, querendo ou não, ele tenha uma data de final”, discute ele.

A IA em 2024 não está apenas se tornando mais avançada tecnicamente, mas também mais integrada socialmente. Estamos vendo sua aplicação em uma variedade de setores, desde a automação de tarefas rotineiras até o desenvolvimento de soluções personalizadas para problemas complexos. No entanto, isso também levanta questões sobre o impacto no emprego e na privacidade, exigindo um debate contínuo sobre a ética da IA.

Desafios e oportunidades

2024 também traz uma gama de desafios e oportunidades para as big techs. Um foco crescente em segurança cibernética e privacidade de dados é evidente, exigindo abordagens mais robustas e seguras para proteger informações sensíveis. Além disso, as questões de sustentabilidade estão se tornando cada vez mais críticas, com as empresas sendo pressionadas a adotar práticas mais verdes e sustentáveis.

A globalização da tecnologia também apresenta tanto desafios quanto oportunidades. As empresas estão expandindo suas operações para novos mercados, enfrentando, ao mesmo tempo, complexidades regulatórias e culturais. Isso exige uma abordagem mais localizada e sensível às nuances culturais, ao mesmo tempo em que se mantém a coesão e a eficiência em escala global.

Um ano mais estável para as big techs

Olhando para o futuro, as big techs estão bem posicionadas para liderar o caminho em inovação e crescimento sustentável, se adaptando para atender às demandas de um mundo cada vez mais conectado.

As grandes da tecnologia estão explorando novas fronteiras em IA, computação em nuvem, big data e Internet das Coisas (IoT), prometendo continuar a transformar a forma como vivemos, trabalhamos e nos comunicamos.

À medida que 2024 avança, torna-se evidente que este ano representa um marco para as big techs, não apenas em termos de estabilidade e crescimento, mas também como um ponto de inflexão em sua trajetória de longo prazo. As previsões de Arthur Igreja e Lucas Gilbert destacam um setor que aparenta estar amadurecendo, adotando inovações de maneira responsável e equilibrada, uma mudança significativa em relação às abordagens disruptivas e de rápido crescimento do passado.

Além disso, as big techs estão definindo o tom para o futuro da tecnologia global. Seu papel na formação de normas regulatórias, práticas de sustentabilidade e ética em IA terá um impacto profundo em como a tecnologia é desenvolvida e utilizada globalmente. A maneira como essas empresas abordam esses desafios e oportunidades pode muito bem estabelecer novos padrões para o setor de tecnologia e além.

Por fim, 2024 se apresenta como um ano de oportunidades estratégicas para as gigantes tecnológicas. Com um ambiente de mercado mais estável, essas empresas têm a oportunidade de consolidar seus ganhos, investir em inovações de longo prazo e cultivar um relacionamento mais positivo e produtivo com consumidores, reguladores e a sociedade em geral.

FONTE:

https://olhardigital.com.br/2024/01/11/pro/2024-um-ano-de-estabilidade-para-as-big-techs/