Web Summit. Para que serve um bootcamp? Lições de recrutas que por lá passaram

O primeiro Road2Web Summit realizou-se em 2016, primeiro ano da Web Summit em Lisboa.

Preparar as startups para três dias intensivos na Web Summit é o objetivo dos bootcamp. Mas há empresas que escolhem ficar de fora.

Já são uma tradição nas semanas que antecedem a Web Summit. Durante dois dias, dezenas de startups juntam-se num “campo de treino” para um curso intensivo de preparação para o evento que junta os gigantes da tecnologia em Portugal. Sabem que levar o trabalho de casa feito é uma das armas secretas para ter sucesso na Web Summit. Os bootcamp foram desenhados para um público-alvo específico: os vencedores do Road2Web Summit, uma iniciativa lançada nos últimos três anos pela Startup Portugal – a entidade responsável pela Estratégia Nacional de apoio ao Empreendedorismo –, em parceria com a organização do evento. Em 2016, ano em que o evento aterrou em Portugal, foram mais de seis dezenas as startups nacionais que beneficiaram de um bilhete gratuito e da possibilidade de participarem nos cursos. No ano passado o número de empresas cresceu para 150 e na edição deste ano o grupo voltou a aumentar, para 200. No entanto, nem todas aproveitam os bootcamp. Em Lisboa foram cerca de 50 as startups que participaram no curso. O mesmo número é esperado no Porto.

As “turmas” dos bootcamp de 2016 e 2017 ajudam a explicar porquê. Alexandre Pinto, da iClio – uma aplicação na área do turismo – recorda que em 2016, o ecossistema nacional de empreendedorismo “estava ainda num processo de construção”. Apesar de terem participado na Web Summit em Dublin no ano anterior, Alexandre nota que “ter tido a oportunidade de pensar e preparar o evento, naturalmente foi uma oportunidade de melhorar a comunicação e o foco”. João Pedro Ribeiro cruzou-se com Alexandre no bootcamp de 2016.

O CEO da PeekMed, uma solução que permite a preparação de cirurgias ortopédicas, lembra-se que o curso que teve lugar no Hub do Beato “foi bem organizado” mas “nada de transcendente”. Aos “caloiros” deste ano aconselha que aproveitem o bootcamp para fazer o trabalho de casa. Para que, quando chegarem aos pavilhões da FIL, estejam “focados nos objectivos e nas pessoas que querem conhecer” e levem definido “um plano de ataque”.

Caso contrário, avisa, “vai ser um evento onde vão encontrar milhares de pessoas sem retirar nada em concreto”. A visão é semelhante à de Nuno Carvalho. O responsável da PetUniversal não tem dúvidas de que o bootcamp foi “uma experiência enriquecedora” que fez com que a segunda participação da empresa na Web Summit estivesse mais oleada. Apesar do feedback positivo, há startups que optam por dispensar a presença nos campos de treino. Tem tudo que ver, explicam, com o momento que vive a empresa. Pedro Moura, da Mapidea – uma solução geográfica para empresas – assume a pertinência de participar na Web Summit. Já o bootcamp, deixou passar.

Explica que os responsáveis da empresa vão a vários certames internacionais e têm bem estudada a lição de como tirar partido destes eventos. Habituado às lides de criar e gerir startups, Paulo Bastos da Houzguide, serviço para proprietários de casas e empresas de arredamento local, também não participou no bootcamp por motivos semelhantes. Um caminho idêntico ao que seguiu a ProGrow – uma plataforma para indústria. Este é um negócio B2B e Marco Carvalho destaca a elevada importância da execução do trabalho de desenvolvimento. “Fazemos uma diferenciação dos 10% e 90%, como Einstein dizia. 10% a ideia e 90% a execução. Focámo-nos muito na execução”. Nos bootcamp, ainda transbordam ideias.

FONTE: DINHEIRO VIVO