Volume captado via crowdfunding cai 30% em 2022, mostra CVM

Após anos de crescimento consecutivo, o segmento teve a primeira queda no valor total captado desde 2016.

O mercado de crowdfunding de investimento no Brasil parece ter sofrido o “golpe” dos juros altos. Após anos de crescimento consecutivo, o segmento registrou em 2022 a primeira queda no montante total captado desde 2016.

Ao todo, no ano passado foram captados R$ 131,1 milhões, queda de 30% em relação aos R$ 188,3 milhões de 2021, conforme relatório divulgado na última sexta-feira (7) pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Segundo os dados da autarquia, em 2022 houve o lançamento de 120 ofertas, das quais 83 — ou seja, aproximadamente 70% — foram concluídas com sucesso. Na comparação com 2021, os números também recuaram — naquele ano, foram 138 ofertas lançadas, e 114 delas (ou 83%) tiveram êxito.

Já o número de investidores, que teve um aumento expressivo entre 2020 e 2021, voltou a cair no ano passado. De acordo com a CVM, o crowdfunding somou 13.803 investidores em 2022, contra o recorde de 19.797 um ano antes.

Por outro lado…

Há que se olhar o “copo meio cheio”. Com a disseminação do crowdfunding no país e as novas regras para a modalidade, o valor médio das captações por oferta vem aumentando nos últimos anos. Ultrapassou a barreira de R$ 1 milhão em 2020, saltou para R$ 1,65 milhão no ano seguinte e teve leve queda em 2022, para R$ 1,6 milhão.

Outro indicador que revela um potencial de expansão para o segmento é a quantidade de plataformas. Em 2018, por exemplo, eram menos de 15, número que mais do que dobrou até 2020, saltando para 56 em 2021. E no ano passado, chegou a 60.

Regras do jogo

Há cerca de um ano, entraram em vigor as novas regras para o crowdfunding. A Resolução CVM 88 substituiu a Instrução CVM 588, que regulamentou a modalidade em 2017. Pela nova norma, o teto de captação aumentou para até R$ 15 milhões. Além disso, foi ampliado para R$ 40 milhões o limite de receita bruta que define o conceito de sociedade empresária de pequeno porte.

Conforme diz Marcelo Firmino, chefe da Divisão de Supervisão de Securitização (DSEC) da Superintendência de Supervisão de Securitização da CVM, a Resolução CVM 88 trouxe a possibilidade de negociação subsequente, ampliação dos limites de captação dos empreendedores e limite de investimento pelos investidores.

“Todas essas mudanças tendem a fomentar e incrementar o mercado de crowdfunding, e esperamos que isso seja refletido no crescimento dos números a partir deste ano”, afirmou, em nota.

FONTE: https://www.terra.com.br/economia/dinheiro-em-dia/meu-negocio/volume-captado-via-crowdfunding-cai-30-em-2022-mostra-cvm,eb61d435bd1602664fe1981c16581034hlv6zjom.html