Vem aí o superapp do Banco Central

O cenário está dado: as pessoas estão procurando por uma representação digital de algo que tenha valor. Um movimento batizado de tokenização. E que no entender do Banco Central brasileiro, passa também pela completa digitalização da intermediação financeira, baseada em quatro pilares: Pix, Open Finance, internacionalização da moeda e Real Digital.

Com base nele, o BC está desenvolvendo o novo ecossistema financeiro do país. Em fases:

Pix e Open Finance • Iniciador de pagamento
Pix e outros produtos, como crédito etc.
Pix e internacionalização da moeda
Pix e Real digital (CBDC)
Real digital (CBCD) e Open Finance
Agregador financeiro
Construção da carteira digital
Nesse momento, com as fases de um a cinco já bastante adiantadas, chegou a hora de olhar para as fases 6 e 7. Chegou a hora de olhar para o tal supperapp, do qual Roberto Campos Neto, presidente do BC, vem falando há cerca de um ano. Nas últimas semanas, em eventos seguidos, Campos Neto surpreendeu muita gente ao revelar que o superapp já está em fase de implementação.

A ideia é ter uma plataforma que possibilite acesso universal a praticamente tudo que existe hoje (Pix, Open Finance, internacionalização da moeda e Real Digital) e também algumas novas funções. Pagamentos recorrentes, gestão flexível de caixa para empresas, investimentos inteligentes, resgate de investimento para pagamento, pagamento de fornecedores no exterior e portabilidade de crédito, por exemplo. “Em algum momento, não terá um app do banco A, B ou C, e sim o que chamamos de agregador”, diz Campos Neto.

As informações produzidas no uso do superapp vão abastecer o que Roberto tem chamado de “carteira digital de dados”, base para a monetização de dados, que permitirá aos clientes do sistema financeiro extrair valor dos seus próprios dados. Na visão dele, as pessoas passarão a acumular seus dados para, em algum momento, trocá-los por tokens.

Como em todas as fases da digitalização do sistema, a intenção do BC é propor um modelo básico. Uma plataforma de referência, aberta, sobre a qual as instituições participantes do ecossistema possam inovar, como ocorreu com o PIX. A aposta é a de que surgirão inúmeras soluções, algumas delas desenvolvidas em parceria com o BC, que pode auxiliar na adequação dessas soluções à regulamentação.

A visão de que os dados representam o próximo salto evolutivo econômico global, ou seja, o novo “megaciclo” impulsiona toda essa agenda tecnológicas do BC. Uma transição que começou com o PIX e começa a dar seus primeiros passos no Open Finance. Um dos objetivos — o do aumento da competição entre as instituições integrantes do ecossistema — vem sendo atingido. O desafio agora é levar o mesmo tipo de inclusão financeira proporcionado pelo PIX a todas às fases. Principalmente às duas últimas, do CDBC e da monetização de dados. A expectativa do BC é que a tokenização da economia promova a inclusão financeira e o bem-estar social. A ver.

FONTE: THESHIFT.COM