Vantagens e desvantagens de migrar a rede para a nuvem

Mais de metade das empresas já usa serviços na nuvem e a tendência é para que o modelo continue a ganhar terreno, mas será esta opção a melhor solução para todos os casos?

O “cloud computing” mantém, neste ano de 2018, lugar de destaque nas grandes tendências de investimento em tecnologias de informação, identificadas pelas principais empresas de estudos de mercado. Pelas contas da Gartner, este ano serão gastos com TI 3,7 mil milhões de dólares, mais 4,3% do que no ano passado, e são 10 os mercados a exercer uma influência mais directa neste crescimento, com destaque para três segmentos de “cloud”: infra-estruturas, plataformas integradas e de comunicações.

A Forrester antecipa que o mercado de “cloud” pública – o modelo mais usado pelas empresas – vai valer 178 mil milhões de dólares em 2018, 32 mil milhões a mais do que no último ano, e que as plataformas públicas de “cloud”, o segmento de crescimento mais rápido, vão continuar a crescer a uma taxa de 22% ao ano, sendo já usadas por mais de metade das empresas a nível global. Os indicadores apresentados pela IDC seguem no mesmo sentido.

Os dados mostram que as vantagens do modelo “as-a-service” são cada vez mais claras e que aumentam as empresas que preferem manter os seus serviços e sistemas TI em servidores acessíveis à distância de uma ligação web, com a flexibilidade necessária para serem configurados à medida das suas necessidades, a cada momento.  Mas as opiniões ainda não são unânimes.

À medida das necessidades, até que ponto?

Permitir a configuração rápida e um ajuste permanente da capacidade e variedade dos serviços contratados é talvez um dos argumentos mais fortes no sucesso do modelo “cloud”. Esta característica garante flexibilidade às empresas e permite acomodar rapidamente o crescimento acelerado da operação, sem preocupações ligadas à aquisição de “hardware”, licenças de “software”, ou espaço para armazenamento. Acontece o mesmo quando é preciso fazer o movimento inverso, eliminando as preocupações com investimentos que não foram rentabilizados. No entanto, algumas empresas ainda temem o preço a pagar pelo acesso a todos estes benefícios, se um dia quiserem trocar de fornecedor de serviços. As dificuldades na migração de dados entre fornecedores são uma preocupação a considerar, embora cada vez mais ultrapassável, graças à adopção crescente de tecnologias abertas.   

 Segurança a mais vs. privacidade a menos 

A segurança continua a ser outro tema quente da “cloud”. Há quem a veja como uma das maiores desvantagens do modelo e há quem pense precisamente o contrário. Embora a nuvem tenha vários “sabores”, para acomodar diferentes níveis de criticidade dos dados em questão, os mais resistentes vêem a opção como uma forma de partilhar com terceiros informação vital para o negócio, que quando sai da esfera da empresa está mais exposta, não só a ataques, mas a riscos de violação da privacidade. O tema ganha mais relevância junto de empresas que gerem dados pessoais na área da saúde ou financeira, sujeitas a fortes restrições regulatórias.

Pelo contrário, os fornecedores defendem que a complexidade das ameaças informáticas e a sua evolução rápida deixam muitas empresas sem recursos – humanos e técnicos – para manter servidores e aplicações protegidos com as soluções de segurança mais robustas e modernas do mercado, a cada momento. E alegam que um fornecedor tem no tema da segurança um dos elementos “core” do seu negócio, além de estar contratualmente obrigado a garanti-la.

Ganhar tempo para tarefas estratégicas e perder liberdade 

Outro argumento de peso a favor da “cloud” é o facto de o tempo consumido com configurações, actualizações e aspectos ligados à segurança perder expressão, deixando as equipas de TI mais livres para se dedicarem a questões que contribuam de forma mais directa para os objectivos do negócio. Para inovar, por exemplo. Por outro lado, e tendo em conta que a oferta “cloud”, ainda que configurável, tem de ser minimamente padronizada para ir ao encontro das necessidades mais identificadas junto dos clientes, o número de funções disponíveis nestes pacotes pode não ir tão longe como as que existem em soluções locais, completamente configuradas para as necessidades de uma empresa.  

 Níveis de serviço garantidos, sem esquecer que não há soluções 100% fiáveis

Os contratos de nível de serviço estabelecem um conjunto de compromissos e parâmetros de avaliação que obrigam o fornecedor a garantir segurança, performance, continuidade do serviço e suporte, sempre que uma empresa contrata serviços na “cloud”. Todos estes aspectos saem do “budget” de TI da empresa e deixam de ser uma preocupação constante. Vale, no entanto, a pena lembrar que não há soluções 100% fiáveis e sendo que a maioria dos serviços “cloud” funciona com base numa ligação à internet, se esta falhar não adianta que tudo o resto funcione. Os serviços suportados na nuvem ficarão indisponíveis.

Flexibilidade para pensar depressa e agir depressa

Levar a rede para a “cloud” potencia a integração de soluções e dota a empresa de um conjunto de recursos básicos para construir um modelo de operação em que todos os elementos e áreas de negócio comunicam entre si, a partir de qualquer lugar. Dar visibilidade à informação de negócio é sinónimo de mais elementos para tomar decisões correctas e no tempo certo. Também significa um ganho de agilidade na criação de postos de trabalho e uma capacidade melhorada de responder às necessidades de equipas móveis ou remotas. Este é outro dos argumentos que tem popularizado as soluções na nuvem e que é difícil bater, a não ser voltando às questões de privacidade, numa lógica de “quanto mais dados circularem na web e saírem da empresa, mais dados estão sujeitos a riscos”.    

Os custos também contam

Outro argumento importante a favor da “cloud” é o seu impacto directo nos custos energéticos, que será tanto maior quanto maior for a infra-estrutura de TI de suporte à operação que a empresa deixar de gerir internamente, para passar a terceiros. Vale ainda a pena sublinhar que os vários “sabores” da nuvem respondem a diferentes níveis de criticidade da informação que gerem, permitindo optar por soluções de “cloud” pública ou privada, ou combinar ambas. Estas últimas estão a ganhar tração e espera-se que nos próximos anos ocupem um lugar cada vez mais relevante. 2018 será um ano interessante para observar a sua ascensão, já que recentemente os maiores fornecedores de soluções nesta área reposicionaram-se para enriquecer ofertas com essa valência.

FONTE: NEGÓCIOS