Uma em cada três agtechs já atua fora do país

É o que apontou pesquisa do Sebrae com parte das 1,7 mil startups brasileiras que atuam no agro.

Uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) feita com uma parte das 1,7 mil startups que atuam no agro no Brasil e foram mapeadas pelo Radar Agtech anteriormente mostra que uma em cada três dessas empresas brasileiras já se internacionalizou. O diagnóstico também constata que 43% desses negócios faturaram mais de R$ 1 milhão em 2022, 11% tiveram receitas superiores a R$ 5 milhões e 14% movimentaram menos de R$ 100 mil.

De acordo com o levantamento, as agtechs são geradoras de emprego e de inclusão. A pesquisa revelou que 52% das empresas têm mais de dez colaboradores empregados, sendo que 10% empregam mais de 50 pessoas. Apenas 4% das startups do agro têm atuação apenas dos sócios e donos. “Quando comparada com a média de empregos de todos os pequenos negócios, a força das startups do agro fica mais evidente ainda. Enquanto 52% delas têm mais de dez funcionários, 14% das micro e pequenas empresas apresentaram o mesmo quadro no terceiro trimestre de 2022”, afirma o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

Melles lembra que o agronegócio busca cada vez mais soluções inovadoras para aumentar a produtividade e a competitividade dos negócios, o que torna o cenário atual atraente para o nascimento de novas startups vinculadas a esse ramo, em áreas como agricultura de precisão, drones, mapeamento de solo e mapeamento por satélite, entre outras.

Modelos diferentes

A maioria das startups ouvidas pelo Sebrae (83%) possui CNPJ há mais de três anos e apresenta crescimento rápido, mas 1% dos entrevistados admitiu ainda não ter o registro. Os modelos de receita das agtechs variam. As principais são software como serviço (20%), consultoria, mentoria e similares (18%), marketplace (16%) e licença de uso de tecnologia (13%).

O levantamento apontou, também, que duas em cada três empresas (59%) têm como público-alvo principal outras empresas – o B2B, “business to business”. Outros 28% têm como foco o consumidor final e 14% citaram outros públicos, como governo e produtor rural, ou combinações de públicos.

O Sebrae constatou a influência da crise da covid-19 nos resultados das agtechs. “A adoção tecnológica pelos negócios acelerou o rompimento de barreiras culturais nos últimos anos, aumentando a presença digital para responder ao cenário de restrição de presença física durante e pós o recente período de pandemia”, afirma Melles.

Financiamento

Para 56% dos entrevistados, a fonte inicial de financiamento foi o dinheiro próprio. Mas há casos de investimentos-anjo, empréstimos bancários, recursos de familiares e amigos, subvenção econômica e venture capital.

Entre as empresas que já atuam fora do Brasil, a maioria (82%) buscou a internacionalização dos negócios no continente americano. Já 33% estão no mercado europeu, 12% no continente africano e 4% na Ásia.

Apesar dos números “animadores”, segundo o Sebrae, as startups do agro encontram obstáculos similares às outras empresas de mesmo modelo: falta de dinheiro (15%), desafio de crescer (9%), atrair novos clientes (9%) e “escalabilidade” da empresa (9%) são os principais gargalos levantados pelo mapeamento.

A pesquisa também mostrou que ainda há pouco registro de patentes pelas agtechs brasileiras. Cerca de 40% das startups do setor não possuem nenhum depósito intelectual. Entre aquelas detentoras, a maioria tem até duas patentes. Há casos de empresas que possuem mais de cinco. O levantamento realizado pelo Sebrae mostra, finalmente, que metade das agtechs brasileiras têm mais de 25% de pessoas negras, mulheres, PCDs ou LGBTQIA+ entre os colaboradores.

FONTE: https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2023/02/07/uma-em-cada-tres-agtechs-ja-atua-fora-do-pais.ghtml