Três Cenários para os Impactos da Inteligência Artificial

“Quais serão os impactos da Inteligência Artificial (IA) nos empregos?”, “Qual será a profissão mais afetada e em quanto tempo isso ocorrerá?”, “Qual o percentual de empregos será perdido para a IA?”

São questões que tenho ouvido bastante, e, claro, é difícil responder a qualquer uma delas com precisão. Quando se fala de impactos da tecnologia, especialmente da tecnologia de informação, há um alto grau de incerteza e especulação. Isso ocorre porque muitas e muitas vezes a tecnologia é criada e implementada com uma finalidade, mas, o que realmente ocorre é um uso totalmente inesperado e criativo, que transcende a ideia original. Pensem no smartphone, que, de equipamento de comunicação e agenda pessoal sofisticada, passou a ser a plataforma pela qual uma parte relevante das transações comerciais são realizadas.

O mesmo ocorre com a IA, que na realidade já está por aí a um bom tempo (o termo foi cunhado em 1953, e diversas conquistas importantes no campo ocorreram ao longo das décadas de 70, 80 e 90).

Estamos apenas começando a conhecer as possibilidades que a recente evolução desse campo, turbinada pelo BD e Cloud Computing, está trazendo para a sociedade e economia.

Assim, costumo responder (e não responder) a essas perguntas apresentando três cenários, que resumem as diversas opiniões que tenho coletado sobre o assunto.

  • “A Day Made of Glass”: nesse cenário “cor-de-rosa”, cujo nome retirei de um vídeo promocional da Dow Corning sobre as possibilidades do vidro como tecnologia de informação, tudo vai dar certo. A IA fará parte de nossas vidas, nos tornando mais produtivos e criativos em nossos empregos que sempre sonhamos. E, haverá desses empregos para todos, em um cenário de bonança e abundância. É o cenário que todos desejamos. Creio ser improvável que dê tudo tão certo… (veja o video da Dow Corning aqui)
  • “Humans do not Need to Apply”: esse é um cenário cinzento, cujo nome retirei de um vídeo muito interessante que prevê que a IA e a robotica nos proporciornarão atingir o sonho dourado da libertação do trabalho, mas, ao custo de desemprego generalizado e consequente explosão da desigualdade. É um cenário distópico semelhante ao apresentado no filme “Elysium”, com Matt Damon. Também creio ser improvável que dê tudo tão errado…
  • “Running WITH the Machines”: esse é o cenário que acredito irá acontecer, mantendo a tendência atual e o histórico dos impactos da tecnologia em geral no trabalho e nas organizações. Um pouco de cenário cor-de-rosa, em alguns setores que mais rapidamente conseguem se adaptar e se expandir a partir dos ganhos de eficiência obtidos, e, um pouco de cenário cinza, mas, temporário, naqueles setores onde a mão-de-obra tem mais dificuldade para se adaptar em um primeiro momento e as novas possibilidades trazidas pela tecnologia, em termos de novos serviços e empregos, demoram um pouco mais para acontecer. Retirei o nome desse cenário do livro “A Segunda Era das Máquinas“, de Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee, pesquisadores do MIT que estudam há anos a questão do impacto das tecnologias no emprego e empresas.

Resta então para aqueles que dependem do trabalho para sobreviver (entre os quais me incluo) manter-se continuamente atualizados nas possibilidades que as tecnologias trazem para seu trabalho, e, entender como aplicá-las de maneira criativa em suas atividades. (em outro texto, detalho um pouco mais os aspectos do correr COM as máquinas, que pode ser um pouco mais do que simplemente ouvir falar do que está acontecendo…)