Tecnologias de androides já estão presentes nas empresas

À frente. Professor Douglas Macharet conta que empresas que buscam a automação e a robótica têm como objetivo a redução de custos

A Inteligência Artificial (IA) e o aprendizado de máquinas estão colocando os robôs em outro patamar de interação com os humanos. Se por um lado eles fascinam quando conversam e sorriem, por outro podem ameaçar empregos, já que prometem revolucionar do varejo às indústrias convencionais, como a de mineração. A montadora Honda tem um projeto há 17 anos que culminou no pequeno e notável Asimo, de um metro, que é capaz de caminhar e correr, sendo o primeiro androide a subir uma escada.

“O Asimo é um dos que mais se aproximam de um robô completo, cientificamente falando. E a Honda não tem interesse comercial no robô. Mas o que eles avançam em visão computacional e locomoção, aplicam em outros produtos. São avanços científicos sendo utilizados para desenvolver tecnologias”, explica o professor Douglas Guimarães Macharet, do Laboratório de Visão Computacional e Robótica (VerLab) do Departamento de Ciência da Computação da UFMG.

No Brasil, a robótica e a inteligência artificial estão sendo usados em projetos ligados a drones e carros autônomos. Segundo o professor, a redução de custos é um dos objetivos principais das empresas que buscam a robótica e a automação.

Imersão. O Instituto Tecnológico da mineradora Vale desenvolveu um carrinho-robô para expedições em cavernas, que é operado remotamente. Além disso, o mapeamento feito pelo dispositivo robótico cria uma nuvem tridimensional e colorida, que representa a cavidade investigada, que é visualizada em uma sala de realidade virtual. O espaço permite uma “imersão” em um cenário em três dimensões”, segundo informou a empresa.

O robô da Vale utiliza a mesma tecnologia, um sensor a laser, que promoveu avanços nas pesquisas sobre o carro autônomo. “Esse sensor não existia antes e foi ele que permitiu o ‘boom’ do carro autônomo”, diz Macharet. Essas tecnologias, porém, não são baratas. Segundo o professor, dependendo do modelo, um único sensor pode ser mais caro do que o próprio veículo. “E um carro autônomo depende de inúmeros sensores” afirma. Para ele, a tendência é que os preços caiam com o desenvolvimento da tecnologia.

Essa é a visão do sócio-fundador da Hi Platform e membro da Associação Brasileira de Inteligência Artificial (Abia) Alexandre Bernardoni. Ele conta que na Hi Platform, que desenvolve robôs de atendimento (chatbots) por texto e voz, no início do ano passado, o serviço de entrada tinha um custo cinco vezes maior do que tem agora em 2018. “Os custos estão caindo, e o mercado está crescendo. Antes, atendíamos apenas grandes empresas. Natura, NetShoes e Magazine Luiza são nossos clientes. Agora, estamos desenvolvendo produtos para prospectar médias e pequenas empresas que tenham e-commerce e relacionamento com o público nas redes sociais”, explica Bernardoni. A Hi Platform tem 800 clientes no Brasil e cresceu 130% entre janeiro e dezembro de 2017.

 Investimento em IA cresceu 60% em 2017, diz relatório

Os setores de varejo, educação e saúde estão sendo impactados pelos robôs e pela Inteligência Artificial (IA). O Sanbot, da chinesa Qihan Technology, já atende clientes de lojas de roupas em shoppings do seu país. O robô chinês já trabalhou também na alfândega do porto de Gongbei, auxiliando funcionários aduaneiros no atendimento ao público.

Segundo o relatório divulgado pelo International Data Corporation (IDC), os investimentos em inteligência artificial poderão chegar a US$ 46 bilhões até 2020. Em 2017, o instituto previu investimentos de US$ 12,5 bilhões, 60% a mais do que em 2016. “Antes, as empresas utilizavam os próprios dados para tentar gerar inteligência. Com a inteligência artificial, dados de várias empresas podem gerar previsões mais seguras”, afirma Raphael Augusto, startup hunter da aceleradora Liga Ventures. Com uma linha de aceleração de tecnologias emergentes (automação, internet das coisas, chatbots e inteligência artificial), a Liga Ventures já ligou nove startups a grandes empresas, como Intel, Porto Seguro e Pão de Açúcar, só nessa área.

Segundo Augusto, o setor de saúde é outro que pode ser beneficiado com a tecnologia. “A utilização de big data e inteligência artificial no Reino Unido reduziu em 52% a internação de idosos no país”, diz. No Brasil, segundo ele, a integração de sistemas com inteligência artificial pode gerar ganhos de até 35% em hospitais e clínicas médicas.

 Vendas sobem com chatbots

Um treinador que acompanha o vendedor e tira dúvidas na hora em que elas aparecem é a ferramenta desenvolvida pela startup Hondana. “A solução, que utiliza um chatbot com inteligência artificial, aumentou em 20% as vendas de um de seus clientes”, conta Raphael Augusto, da Liga Ventures que fez a aceleração da empresa. O chatbot da Hondana também já foi usado em 824 lojas físicas da Hering.

Expectativa

No mundo. O relatório Big Ideas, da ARK Invest, de junho de 2017, prevê que o mercado de robótica e automação alcance no mundo investimentos de US$ 12 trilhões até 2035.

FONTE:  OLHAR DIGITAL