Syngenta cria fintech e avança em crédito

Com a nova unidade, a Syde, multinacional de insumos amplia aposta em seu braço financeiro.

A Syngenta, multinacional de insumos agrícolas de origem suíça e controlada por capital chinês, vai anunciar hoje a criação de sua fintech. Batizada de Syde, o “hub digital”, segundo a definição da múlti, vai fazer a conexão entre produtores e integrantes do mercado de crédito e de serviços financeiros, como grandes bancos e fintechs do agronegócio. A operação da Syde nasce tendo já alocado R$ 1 bilhão em 2023.

Na lista de parceiros da empresa já estão o Itaú e as agfintechs Farm e AL5Bank (esta, da Amaggi, uma das maiores produtoras de grãos e fibras do país). O principal foco da fintech será atender a demanda por crédito, sobretudo de pequenos e médios produtores, que têm mais dificuldade de encontrar dinheiro a taxas competitivas.

Com o universo crescente de fintechs orbitando o agro brasileiro, a Syngenta avaliou que a união de elos dessa cadeia seria uma oportunidade para fortalecer seu braço de serviços financeiros. Ao contribuir para a organização e o desenvolvimento desse nicho, diz a empresa, as vendas da própria indústria ganham força.

“As fintechs dedicadas ao agro estão acessando os agricultores, mas, muitas vezes, de forma desestruturada. Vamos conectar oportunidades”, resumiu Leandro Serau, CFO da Syngenta, ao Valor. O número de fintechs voltadas para o agro cresceu 300% em apenas dois anos, afirma.

Contato com produtor

Mesmo que vários parceiros estejam “plugados” no ecossistema da Syde, a múlti tomou o cuidado de não perder a ligação com o agricultor. Ou seja, para o produtor, a referência será sempre uma parceira revendedora ou a própria indústria. “O agricultor não estará exposto a muitas marcas diferentes”, resume Juan Pablo Llobet, diretor da Syngenta Proteção de Cultivos para a América Latina.

O modelo ajuda nisso. Na prática, o produtor poderá baixar o aplicativo ou abrir uma conta digital da Syde. Como acontece com o modelo de serviços dos bancos digitais (que não cobram por gestão de contas), o produtor poderá movimentar dinheiro, fazer transferências, pix e, além disso, terá o acesso a crédito e serviços dos parceiros financeiros – por meio da fintech da Syngenta.

Com isso, a multinacional precisou reforçar seu time de tecnologia, afirma Serau. A criação da fintech foi possível porque a companhia alugou licença de um parceiro que tem autorização do Banco Central e prestará serviços no modelo Banking as a Service (BaaS) – tecnologia que possibilita estruturar contas digitais.

Sem exclusividade

A indústria não pretende trabalhar com exclusividade com determinados parceiros financeiros, já que o objetivo é “respeitar um dos fundamentos básicos duma fintech, que é gerar competitividade no acesso ao crédito”, destacou o CFO.

O universo de usuários também deverá ser grande, já que poderão acessar os serviços os clientes diretos da indústria, os que chegam por meio das redes de revendas e os cooperados.

Paralelamente ao trabalho da Syde, a Syngenta continuará estruturando outros produtos financeiros, a exemplo dos Certificados de Recebimento do Agronegócio (CRAs) e Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs). Apenas em 2022, a múlti levantou R$ 6 bilhões com essas operações no Brasil – o equivalente aos seus próprios movimentos nos dez anos anteriores.

Entre 2011 e 2021, as emissões da empresa no mercado de capitais somaram R$ 5,5 bilhões. No ano passado, o mercado demandou mais crédito sobretudo em virtude do aumento dos juros e dos preços dos insumos, comentaram os executivos da múlti.

FONTE: https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2023/04/19/syngenta-cria-fintech-e-avanca-em-credito.ghtml