Startups preferem contratar mulheres

Pauta da diversidade no trabalho vem transformando a área, predominantemente ocupada por homens, em espaço cada vez maior para as mulheres, inclusive em cargos de liderança

Linte, software inteligente para gestão e automação de contratos, conta com 12 mulheres no time de 30 colaboradores

Embora a área de exatas seja, ainda, majoritariamente a preferência de atuação pelo gênero masculino, as startups e todo o DNA disruptivo que carregam demonstram a existência de oportunidades no mercado também para as mulheres. Não diferente dos homens, elas também querem desafios, reconhecimento do seu papel no mundo do trabalho e buscam qualificação. Ambientes despojados e inovadores também têm atraído o público feminino em busca de novas experiências. Esse interesse que cresce a cada dia já vem orientando startups de tecnologia, desenvolvedoras de softwares, como é o caso da Linte e da Qulture.Rocks.

Quase metade dos colaboradores

Essas duas empresas iniciantes são residentes no Cubo Itaú – maior centro de empreendedorismo tecnológico da América Latina –, e da International School, líder de mercado em soluções para o aprendizado da língua dentro das escolas, que pertence ao Grupo Arco e usa as novas tecnologias como games, robóticas e realidade virtual. A Linte, software inteligente para gestão e automação de contratos, fundada por Gabriel Senra, conta atualmente com 30 colaboradores. Desses, 12 são mulheres e duas estão em cargo de liderança.

Prioridade para elas 

Segundo Senra, a empresa está com vagas abertas, priorizando mulheres em todas elas, e a meta é contratar mais 10 mulheres até o fim do ano. Já a Qulture. Rocks, software de gestão de desempenho, fundada por Francisco Homem de Melo, tem ao seu lado como vice-presidente, Renata Monteiro que, anteriormente, estava na função de VP Customer Success, responsável pelo gerenciamento do sucesso do cliente. Antes de chegar na startup, trabalhou na AmBev, contribuindo para a remodelagem da estrutura organizacional/cultural e atendimento ao mercado.

Salto na liderança feminina

Dos 54 funcionários da Qulture.Rocks, 20 são mulheres. Dessas, sete assumem cargos de liderança, o mesmo número envolvendo o sexo oposto. Até outubro, a meta é contratar mais sete mulheres. Já a International School, líder de mercado em soluções para o aprendizado da língua dentro das escolas, conta com 13 mulheres atuando em cargos de liderança na comercial, editorial, produto, logística e marketing. Em 2016, eram 46 mulheres na empresa, em 2017, saltou para 62, e no ano passado, 117. Cerca de 26,7% delas se desenvolveram dentro da empresa.

Paraná remunera melhor

Pesquisa realizada pela Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-PR), em parceria com o Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), revelou a taxa de crescimento de mulheres empregadas em Serviços de TI de (48%), entre 2007 a 2017. O Estado de São Paulo é o quarto do ranking dos Estados brasileiros que melhor remuneram as mulheres do setor, com 91%. Em primeiro lugar vem o Estado do Paraná, seguido pelo Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

Pouco inglês fluente 

Pesquisa da Mappit, empresa do Talenses Group especializada em vagas em início de carreira, constatou que 28% dos assistentes e 40% dos analistas da pesquisa afirmaram usar o inglês diariamente no trabalho. O uso aumenta conforme a hierarquia: 42% dos gerentes, 53% dos diretores e 64% dos profissionais C-Level também afirmaram utilizar o idioma diariamente. No entanto, o nível de capacitação do idioma diminui de acordo com o nível hierárquico. Entre os assistentes, apenas 4% se consideram fluentes. Entre os analistas, 21% se consideram fluentes. Por outro lado, 39% dos gerentes disseram ser fluentes no idioma, assim como 59% dos diretores e 75% dos profissionais C-Level. Para Rodrigo Vianna, CEO da Mappit, a capacitação do idioma ainda é um grande desafio no Brasil. “A maioria das empresas, principalmente as multinacionais, exigem que os profissionais, mesmo em início de carreira, tenham inglês avançado ou fluente. E, tendo em vista os nossos déficits em relação à educação do País, infelizmente muitos jovens perdem oportunidades de emprego por conta disso”, afirma.

Na lanterninha  (I)

O Brasil está na lanterna em ranking de inovações da área digital. É o que demonstra uma atualização do estudo econômico “Propriedade Intelectual, Inovação e Desenvolvimento: desafios para o Brasil”,  dos economistas Antônio Márcio Buainain, da Universidade de Campinas (Unicamp), e Roney Fraga Souza, da Universidade Federal do Mato Grosso (FEUFMT), que foi lançada em forma de livro, durante o último Congresso Internacional de Propriedade Intelectual, da Associação Brasileira de Propriedade Intelectual, ABPI,  no Rio de Janeiro. Na edição atual,  os economistas analisaram a propriedade intelectual à luz da economia digital e confirmaram o atraso do país  a partir de uma análise  de dados do  Derwent Innovations Index, uma ferramenta de pesquisa que fornece acesso à Internet a mais de 30 milhões de invenções descritas em mais de 65 milhões de documentos de patentes.

Na lanterninha  (II)

O Brasil ficou de fora das corridas por patentes de machine learning e cloud computing, que caracterizaram a computação mundial na década atual. No tocante à primeira tecnologia, somente 69 das 15.203 famílias de patentesidentificadas neste estudo contém pelo menos uma patente brasileira. No caso do clouding computing, foram identificadas 86 patentes nacionais. Mas em ambos os casos, a imensa maioria desses documentos consiste em patentes obtidas por empresas estrangeiras em outros países que foram posteriormenteestendidas para o Brasil e revalidadas pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual, o INPI. Somando as duas áreas de pesquisa, o estudo identificou apenas 10 patentes que foram efetivamente depositadas por inventores brasileiros. “A atualização estatística confirma as grandes linhas que explicam as dificuldades do Brasil, como o atraso na área de inovação, o descompasso em relação aos países mais avançados e a necessidade urgente de reverter a esta tendência negativa”, explica Buainain.  “Reafirma-se, aqui, que podemos estar nos afastando do futuro sem conseguir tampouco equacionar os problemas do passado”.

 Retrato idealO fotógrafo Bob Wolfenson compartilhará sua experiência de quase 50 anos em um curso exclusivo e online de fotografia intitulado “Em Busca do Retrato Ideal”, em parceria do também experiente fotógrafo Roberto Cecato. As inscrições para o curso serão abertas no dia 19 de setembro, por meio de uma live transmitida pelo Youtube, com encerramento no dia 29 do mesmo mês (para receber o link de acesso à live, os interessados devem se inscrever no https://fotowebacademy.com/inscreverbob).

Histórias de cobradoras

Espetáculo foi montado com base no universo dos ônibus e a cidade de São PauloLegenda: Espetáculo foi montado com base no universo dos ônibus e a cidade de São Paulo. Foto: Christiane Forcinito.

O universo do ônibus e as histórias vividas pelas cobradoras, junto com as questões de mulheres como Lilith e Eva estarão no palco do Sesc Vila Mariana, na capital paulista, a partir de 13 deste mês, na peça “A Cobradora”, montagem da Zózima Trupe dirigida por Anderson Maurício e dramaturgia de Cláudia Barral. A Zózima Trupe é um coletivo teatral paulistano reconhecido desde 2007 pela pesquisa que faz sobre o ônibus urbano como espaço cênico, um lugar democrático e descentralizado do fazer teatral. Dessa percepção, somada às muitas histórias ouvidas das cobradoras do Terminal Parque Dom Pedro, nasceu o espetáculo. Após 12 anos com o ônibus e a cidade como mote para suas investidas e pesquisas cênicas, o grupo paulistano traz as histórias coletadas e o mundo simbólico desse universo para o palco italiano.  A pesquisa desenvolvida vai além da trabalhadora das catracas de ônibus. A palavra “cobradora” também assume o significado da mulher que cobra seus direitos, a que percebe a injustiça e exige reparações e igualdade. Aparece a “Lilith” que habita muitas das mulheres ouvidas pelo grupo.

FONTE: DCI