Startups fazem monitoramento de condições físicas e cognitivas de atletas

Load Control acompanha o condicionamento dos esportistas e a Sensorial Sports monitora habilidades de percepção, raciocínio e memória.

Startups prometem contribuir, com os seus softwares, para que clubes esportivos reduzam gastos com tratamento de saúde de atletas. A ideia é unir a tecnologia com o treinamento e a medicina e prevenir o físico dos esportistas.

As plataformas processam as informações de condições físicas e cognitivas e geram diversos relatórios. Para isso, se conectam a equipamentos, já existentes no mercado, que captam os dados de cada atleta.

Quando os profissionais se lesionam, além do custo de reabilitação, também há o desfalque nos times, gerando muitos gastos, explica o chefe do grupo de medicina esportiva do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), André Pedrinelli.

Para o especialista, o caminho escolhido por esse segmento de startup é promissor. Pedrinelli destaca que em times maiores, com jogadores mais caros, a busca por novas tecnologias nesta área é grande.

A startup Load Control, fundada em 2016, é uma das empresas que decidiram apostar no segmento. Para isso, desenvolveu um aplicativo que dimensiona informações captadas por aparelhos de medição física, que não são vendidos pela startup, como monitores cardíacos. Além disso, computa dados inseridos pelos próprios jogadores e sua equipe de apoio, como nutricionistas, médicos e fisioterapeutas.

Hoje, a companhia tem o Clube Atlético Mineiro e o Goiás Esporte Clube como clientes. Desde sua fundação, teve investimentos próprios e externos de cerca de R$ 400 mil. Em dezembro de 2017, passaram pela aceleração do Seed MG, hub de inovação do governo de Minas Gerais. Em maio deste ano, foram selecionados pelo programa de aceleração da Start-Up Brasil.

CEO da startup, João Gustavo Claudino diz que a proposta é prevenir lesões e otimizar o tempo da comissão técnica ao responder formulários manuais. Isso, segundo ele, é comum em grande parte dos clubes. As questões são respondidas direto no app.

Claudino ressalta que a tecnologia coleta e quantifica informações, como dores musculares, horas de sono e duração de treino. Mas as decisões sobre como proceder a partir dos relatórios cabe a equipe técnica e de especialistas. “O nosso trabalho é transformar os dados em algo que possa ser aplicado pelo treinador, que tem o conhecimento prático.”

A empresa foi fundada em Contagem, Minas Gerais, em 2016. O aplicativo foi lançado em janeiro de 2017 e está disponível no Google Play. Entretanto, para utilizá-lo, a empresa exige um contrato anual de prestação de serviços. A empresa não revela o faturamento.

A Sensorial Sports também cobra conforme o número de atletas avaliados. Mas diferente da Load Control, que acompanha o desempenho físico, a startup dimensiona as habilidades de raciocínio, memória e percepção dos atletas.

Para a prevenção de lesões, a companhia, fundada em 2015, criou um software que mede as capacidades cognitivas dos esportistas. Com ele, é possível coletar informações como rapidez e qualidade de reações, tomadas de decisões e o controle de impulsividade.

Para captar os dados, durante os treinamentos, cada jogador utiliza um óculos de realidade virtual, que não é comercializado pela empresa.

Individualmente, os atletas interagem em jogos simulados em campo. Ou seja, os atletas estão ensaiando as jogadas sozinhos, mas com a sensação de estarem em equipe.

Desse modo, avaliando a visão periférica, é possível saber quando o profissional se distrai durante uma jogada e o quanto ele presta atenção no que está ao seu redor.

Além disso, também é possível saber a velocidade e a precisão das respostas a estímulos dos lados direito e esquerdo, o que pode ajudar a posicionar o atleta em campo.

A avaliação em realidade virtual, com o óculos, dura cerca de 27 minutos e os resultados são compilados em relatórios e acessados pela equipe técnica.

O diferencial da companhia, segundo o diretor executivo, Milton Ávila, é que a equipe é formada por neurocientistas e psicólogos esportivos. “Muitos preparadores se preocupam somente com questões físicas e esquecem que o fator psicológico também é muito importante para o desempenho do profissional.”

A startup foi criada em 2015, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Até o início de 2018, recebeu aporte de, aproximadamente, R$ 300 mil dos sócios e de investidores externos. A comercialização do software iniciou em janeiro deste ano.

Para o projeto piloto, em 2017, a Sensorial Sports fechou parceria com a categoria sub-17 do Palmeiras e com equipes das sub-15, sub-17 e sub-19 do Grêmio Barueri.

Hoje, o objetivo da empresa é trabalhar com grandes clubes, escolas esportivas e até mesmo com atletas e treinadores individuais, revela Ávila.

“Estamos elaborando um projeto para expandir o monitoramento para exercícios físicos [como os realizados em academias], não só esporte”, diz o diretor executivo. Ele preferiu não revelar o faturamento da empresa ou quantos clientes já aderiram à tecnologia, mas diz que as expectativas são positivas. Para 2019, a projeção é faturar R$ 500 mil.

FONTE: DCI