Startups de drones levam saúde a regiões remotas da África e salvam vidas

Cases em Madagascar e Ruanda comprovam potencial dos drones para melhorar acesso a serviços básicos para populações em lugares de difícil alcance

Até o final do ano que vem, o mercado de drones – incluindo todos os setores em que a tecnologia pode ser usada – deve chegar a US$ 127 bilhões mundialmente, segundo a consultoria PwC. Hoje, são cada vez mais comuns iniciativas com drones para delivery de comida, para construção e para entregas em geral, sempre focando no contexto urbano. No entanto, pouco se fala no potencial gigante no uso da tecnologia para levar serviços básicos a populações em regiões remotas de difícil acesso.

 Samuel Salomão, fundador da startup de drones para logística Speedbird, apresentou durante o evento Logística Innovation Day, da StartSe, dois cases em que drones foram usados longe de grandes cidades. “Hoje, um bilhão de pessoas não têm acesso a estrutura rodoviária ”, diz.

“Em vários locais do mundo, a única maneira de chegar a certas comunidades é via aérea, especialmente em épocas de chuva”, afirma Salomão, com exemplos locais na América do Sul, Ásia e África. O empreendedor falou sobre duas iniciativas de startups no continente africano: “São casos reais que lidam com vida e morte. Tempo é vida. Normalmente pensamos na tecnologia para reduzir custos, mas é muito maior que isso”.

Case: Madagascar

A startup norte-americana Vayu busca estabelecer conexões entre comunidades remotas e serviços básicos de saúde. Em 2016, a empresa criou um projeto visando diminuir os danos causados pela proliferação da tuberculose em vilas rurais de Madagascar.

A iniciativa começou com uma etapa educacional, em que moradores das comunidades foram treinados para identificar sinais de tuberculose na população e utilizar um kit especializado para realizar testes. Então, as pessoas aprendiam a programar os drones para enviar os testes a um laboratório mais próximo.

Quando os cientistas terminavam a análise dos testes, os drones retornavam com medicamentos de acordo com a quantidade de testes que deram resultados positivos para tuberculose. Para empoderar a comunidade, junto com os remédios eram entregues vídeos explicando as melhores práticas para lidar com a doença. A medida conseguiu diminuir o número de mortes causados pela tuberculose no país.

Case: Ruanda

A empresa californiana Zipline leva suprimentos médicos para regiões de difícil acesso na Ruanda. Hoje, os drones são responsáveis por transportar 35% de todo o sangue usado para transfusões no país. Cada veículo consegue percorrer uma distância de 160km dos centros de distribuição, o que significa acessar algumas das comunidades mais remotas da região.

Uma das pessoas impactadas pelo projeto da Zipline foi Alice Mutimutuje, no início de 2018. “Eu via os drones voando por aí e pensava que era uma loucura. Até que um drone me trouxe sangue e salvou minha vida”, afirmou a uma reportagem do Telegraph. A espera pelo veículo foi de apenas meia hora depois que o médico dela fez o pedido para transfusão.

Na época, ela estava grávida de um bebê e teve um sangramento inesperado ao entrar em trabalho de parto. Não havia sangue guardado na clínica local da vila rural em que morava. O mesmo transporte, feito de carro, levaria horas – e provavelmente resultaria em uma tragédia. Hoje, ela está saudável, assim como seu filho e outras 950 pessoas impactadas pela tecnologia em Ruanda.

FONTE: STARTSE