Entre as propostas das empresas estão o acompanhamento físico e emocional e o auxílio na administração de consumo de remédios.
Startups oferecem tecnologias para empresas acompanharem o tratamento de pacientes em casa, prometendo engajar os usuários a continuar os cuidados iniciados no hospital. Entre as propostas das iniciativas estão o monitoramento físico e emocional e o auxílio na administração de consumo de remédios.
Para o coordenador do Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (Abimo), Donizetti Louro, esse tipo de serviço, oferecido pelas startups, tem potencial de crescer, tendo em vista a possível redução de custo para empresas de saúde.
“Quando não há o acompanhamento ou aderência de pacientes aos tratamentos, os custos para quem oferece o atendimento médico são dobrados [como é o caso das operadoras de saúde]. Afinal, sem melhora, a pessoa tem que retornar ao hospital”, destaca Louro.
O especialista, que também é mentor do Eretz-Bio, incubadora de startups do Hospital Albert Einsten, diz que além do fim comercial, conscientizar os pacientes sobre a continuidade dos tratamentos também é uma ação importante para a sociedade.
Engajar pacientes por meio de monitoramento residencial via internet e mensagem de texto é a ideia principal da TNH Health. Criada em Santa Catarina, em 2014, a empresa disponibiliza chatbots que podem identificar sintomas e hábitos nocivos à saúde. Além disso, acompanha remotamente pessoas com doenças crônicas, gestantes, pacientes em pós-alta hospitalar e coletam dados sobre sintomas de epidemias, como a dengue.
A tecnologia tenta traçar o perfil de saúde do paciente por meio do chatbot. Com as informações obtidas, desenvolve um programa para cada usuário com ações de controle de peso, estresse e ansiedade, por exemplo.
Os canais de comunicação entre bots e pacientes são mensagens no celular, WhatsApp e Facebook. A empresa direciona suas vendas, principalmente, para operadoras de saúde, hospitais e prefeituras. Mas tem capacidade de atender a indústria de medicamentos e empresas que podem disponibilizar os serviços para seus funcionários.
A prefeitura de Marechal Teodoro, no Estado do Alagoas, utiliza os serviços da TNH Health. A empresa alemã de engenharia Siemens é outro cliente de destaque da empresa nascente, que preferiu não divulgar o faturamento. A mensalidade por usuário que, dependendo da quantidade de pessoas, pode variar entre R$ 5 e 50 centavos.
Com o mesmo objetivo de monitorar os pacientes em casa, a startup Dr. Cuco conseguiu seis clientes da indústria farmacêutica. Entre eles, os laboratórios Libbs, Sanofi e GSK. A empresa paulistana, fundada em 2015, lançou no ano seguinte um aplicativo para celular que, entre outras funções, avisa os horários de medicação, informa quando a cartela de remédios está acabando e dispõe de um chatbot para tirar dúvidas dos usuários.
Os laboratórios contratam os serviços da startup, cadastrando um determinado número de medicamentos. A partir disso, todos os pacientes que comprarem os remédios catalogados terão o direito de utilizar o aplicativo. “O usuário tem acesso somente enquanto durar sua medicação ou tratamento. O custeamento dos serviços fica por conta dos laboratórios”, diz a CEO, Lívia Cunha.
Ela explica que além de cobrar pela quantidade de produtos cadastrados, a companhia também exige o pagamento de uma mensalidade, cujo valor não foi divulgado. Se o paciente tiver a opção de utilizar os serviços, ele pode ser avisado pelo médico que receitou o medicamento. Os remédios vêm acompanhados de um panfleto com informações sobre como usar a tecnologia e um código para cadastro.
A empresa, de São Paulo, teve um investimento anjo de aproximadamente R$ 1,5 milhão para desenvolver a tecnologia e se lançar no mercado. Passou pelos programas de aceleração, sem aportes, do Startup SC, do Sebrae Santa Catarina, em 2016, da BrazilLab, aceleradora voltada para o setor público, em 2017, e da Bio Startup Lab, no mesmo ano. O valor do faturamento não foi divulgado.
Oxigênio medicinal
A Oxiot, startup de São Paulo, também visa monitorar os pacientes em casa. Mas diferente das outras empresas citadas, que acompanham condições físicas, emocionais e hábitos de medicação, a Oxiot mede o consumo de oxigênio medicinal por paciente.
Com a combinação de hardware e software, a empresa criou um dispositivo que lê e digitaliza as informações do cilindro de oxigênio. Segundo o desenvolvedor de negócios da startup, Edson Costa, a startup coleta e envia os dados para as empresas clientes. A partir daí, as decisões que envolvem o paciente ficam a cargo das contratantes.
O produto foi desenvolvido com a ajuda do Senai e ainda está na fase de testes. Desse modo, a empresa ainda não comercializa seu produto, mas pretende lança-lo até o fim de 2018, pois ainda aguarda aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanintária (Anvisa).
FONTE: DCI