Startups brasileiras captaram US$ 84,1 milhões em fevereiro, queda de 87,8% em relação a 2022

Investimentos caíram e operações de fusões desaceleraram, segundo levantamento do Distrito.

Startups brasileiras receberam o segundo menor volume de investimentos para o mês de fevereiro desde 2014 Getty Images

As startups brasileiras captaram US$ 84,1 milhões investimentos em fevereiro. O número representa uma queda de 87,8% sobre o mesmo mês de 2022, quando foram aportados US$ 693,6 milhões. Ao todo, foram realizadas 19 rodadas no mês passado, 75% a menos do que no período anterior. Os dados são do levantamento Inside Venture Capital, do Distrito.

Segundo o hub, trata-se do segundo menor volume de investimentos para o mês de fevereiro desde 2014. A avaliação é de que o cenário tem levado empresas e fundos de investimento a cortar custos ou reavaliar investimentos. Ao mesmo tempo, as operações de fusões e aquisições apresentam uma desaceleração mais suave.

Ao todo, foram realizadas 11 operações de fusões e aquisições em fevereiro deste ano, contra 14 no mês de 2022. Os segmentos de fintechs e agtechs tiveram três operações cada, e o de healthtechs registrou duas, tornando-os os mais representativos em número de transações. Os M&As entre startups tiveram como destaques a compra da Pulse pela Gupy e a da Finansystech pela Celcoin.

A maior rodada de fevereiro foi da Daki. A startup que atua com entrega de compras de supermercado recebeu um investimento de US$ 50 milhões do Tiger Global, TriplePoint Capital, GGV, G-G-Squared e da fabricante de bebidas Pernod Ricard.

“É muito difícil prever quando veremos sinais de melhora no mercado. Ontem (28 de fevereiro), tivemos dados de inflação desanimadores na Europa. Nos Estados Unidos, a ata da última reunião do FED mostrou que alguns diretores gostariam de acelerar o ritmo de alta de juros. Ou seja, é muito mais provável que este cenário delicado se estenda por um período um pouco maior do que a expectativa”, explica Gustavo Gierun, CEO e cofundador do Distrito. “Não dá para esquecer que até grandes empresas brasileiras estão sofrendo para se financiar. Com isso, imaginamos que as startups continuarão buscando cortar custos e funding alternativo como venture debt e o M&A.”

Late e Early Stage

Com 11 deals, o destaque deste mês foi no Seed Stage (Anjo, Pré-Seed e Seed), com 57% das rodadas do período.

Já o Late Stage encerrou o mês sem nenhuma operação. Desde o ano passado, o Late Stage apresenta dificuldade em atrair recursos. Quando comparado a 2021, os investimentos nos estágios Series C, D e E registraram variações de, respectivamente, -53,37%, -50% e -60% em 2022. O número de rodadas realizadas no mesmo período não teve uma redução tão acentuada, com quedas de -25,73%, -24,17% e -11,14%.

Além da incerteza global, os valuations elevados e a posterior reprecificação com down rounds têm afastado os investidores dessa fase, na avaliação do Distrito. O hub também pontua que os setores com maior capacidade para enfrentar a crise têm, em sua maioria, negócios em estágio inicial.

FONTE: https://revistapegn.globo.com/startups/noticia/2023/03/startups-brasileiras-captam-us-841-milhoes-em-fevereiro-queda-de-878percent-em-relacao-a-2022.ghtml