Startups argentinas já nascem mirando o mercado externo, mas evitam Brasil

Mais uma vez um time do Cubo Itaú e do Laboratório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID Lab) pegou a estrada para explorar outros ecossistemas de empreendedorismo tecnológico. Dessa vez, fomos à capital da Argentina, Buenos Aires, que concentra grande parte dos hubs, aceleradoras, startups e grandes empresas do país. Assim que chegamos, ficou claro que a rivalidade entre os países fica só no futebol. No país do tango, vinho, churrasco e alfajor, constatamos o que já vínhamos percebendo há tempos: quando falamos de empreendedorismo tecnológico, Buenos Aires já caminha a passos largos e quer evoluir ainda mais.

Existe potencial e espaços enormes para desenvolvimento —e fomos ver como podemos contribuir para fomentar ainda mais o ecossistema e, claro, entender o que é possível aplicar aqui, fortalecendo o setor na América Latina como um todo e aprendendo uns com os outros.

Do lado de cá, ficou evidente que os empreendedores argentinos já criam e pensam seus negócios de forma global. Mesmo com um ecossistema ainda em evolução, o país já tem 5 unicórnios (Globant, Mercado Livre, Decolar, OLX e Auth0) —contra 11 brasileiros. Fazendo um comparativo, o cenário é positivo —mesmo ainda atrás nos números, o ecossistema portenho tem evoluído ao longo dos anos e as perspectivas são satisfatórias.

Um número não oficial da aceleradora e gestora de investimentos NXTP aponta que, atualmente, existem na Argentina cerca de 4 mil startups. No principal hub de empreendedorismo local visitado pela nossa missão, o Área 3, aprendemos muito sobre comunidade e o que podemos aplicar por aqui. E do nosso lado, podemos contribuir com a experiência em parcerias com grandes empresas.

Em quase 5 anos de Cubo, já temos cerca de 30 mantenedoras, que estão passando pelo processo de transformação digital e cultural. Focal points de PSA, Schneider, Toyota e Dasa acompanharam a viagem, com o objetivo de expandir os bons exemplos de open innovation aplicados no Brasil para o resto da América Latina. Ainda que essas multinacionais estejam avançadas por aqui em relação à inovação aberta e conexão com startups, na Argentina a cultura das empresas ainda é conservadora. Por isso, levar esses exemplos concretos e em pessoa é enriquecedor.

Mas talvez o mais relevante tenha sido entender como as startups argentinas já nascem com um olhar para o mercado externo, focado principalmente em outros países na América Latina. Devido a barreiras políticas e econômicas enfrentadas nos últimos anos, eles sabem que é preciso olhar para fora. Curiosamente, o Brasil não é um dos focos. Não ficaram claros quais são os motivos: burocracia, barreira cultural e linguística ou pelo medo do tamanho da concorrência local.

De qualquer maneira, esse distanciamento é algo que queremos quebrar – nossa ideia é que cada vez mais haja um intercâmbio de negócios e aprendizados. As conversas já foram iniciadas, e menos de um mês depois da missão já teve startup argentina aplicando para desafios na plataforma digital do Cubo, que tem como objetivo a geração de negócios (Desafios de Negócios, Visitas de Empresas ao prédio e Rede de Relacionamento). Além disso, ainda em Buenos Aires, convidamos quatro startups para fazerem pitch aos nossos especialistas, e quem sabe, virarem membros digitais do Cubo, iniciando a aproximação com o mercado brasileiro.

Queremos fazer uma transferência de conhecimento, ajudando a fomentar o ecossistema local com o know how do Cubo para que eles cresçam e possam gerar um impacto local maior. E na geração direta de negócios, a ideia é que haja troca entre os agentes que formam o mercado dessa nova economia na Argentina, contribuindo assim para o fortalecimento da região como um todo. Sabemos que isso é só o começo, mas apostamos muito nessa parceria. Queremos que a América Latina seja referência em inovação para o mundo. Os primeiros passos já estão sendo dados. Avante!

FONTE: UOL