STARTUP USA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA DETECTAR ALIMENTOS PODRES

Movimento AgTech impulsiona novas tecnologias, oferece aumento de produtividade e redução de custos

Fernando Paes Lopes é empreendedor e sócio da MVISIA, empresa especializada em inteligência artificial, e criou a camera inteligente, equipamento que diferencia produtos em uma esteira de produção. (Foto: Sebrae-SP)

Responsável por cerca de 20% do PIB nacional, o agronegócio é um dos principais motores da economia brasileira. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), só nos últimos dois anos, o setor cresceu mais de 13%. No entanto, apesar da sua relevância, ainda existe uma grande margem para melhorar a eficiência, sustentabilidade e resultados.

De acordo com o consultor do Sebrae-SP José Eduardo Soriano, logística e conectividade são dois problemas no agronegócio brasileiro, muito por conta do extenso território. Apesar deste cenário, os produtores rurais podem aumentar sua competitividade – e consequentemente colaborar com a economia nacional – ao apostarem em inovação. “O movimento AgTechvem possibilitando novas tecnologias, fomentando a agricultura de precisão que oferece mais assertividade nas tomadas de decisões ao analisar imagens, plantas e solo, por exemplo”, explica o especialista.

AgTech, termo criado no Vale do Silício para se referir às empresas que trabalham com inovação aplicada ao agronegócio, é uma das próximas grandes ondas do mercado global de tecnologia. No Brasil, esse movimento chegou com força, tanto em função do nosso contexto econômico, quanto pelo histórico geográfico, cultural e social. A cidade de Piracicaba, por exemplo, já é conhecida há três anos como AgTech Valley, uma espécie de Vale do Silício brasileiro da agricultura, tudo por conta do grande ecossistema tecnológico formado por universidades, como a Esalq-USP, e empreendimentos de inovação agro.

A MVisia é uma startup que faz parte do movimento AgTech. A empresa desenvolve máquinas e sistemas baseados em visão computacional e inteligência artificial para determinar o índice de qualidade de produtos agrícolas. Na prática isso significa que casos de contaminação ou de má qualidade de produtos alimentícios industrializados estão com os dias contados.

Fernando Lopes, engenheiro mecatrônico sócio da MVisia, explica que uma câmera inteligente funciona como um olho humano que pode ser programada para encontrar qualquer produto destoante do padrão de qualidade estabelecido. O equipamento pode analisar, sem a presença de um operador humano, o formato, cor, tamanho e textura dos alimentos e decidir se estes apresentam algum risco de má qualidade ou contaminação. Caso identifique problemas nos alimentos, ela pode interromper ou travar as máquinas para que o problema seja sanado.

“Essa solução traz grandes benefícios para o agronegócio, como a redução de mão de obra, custos de retrabalho e ainda retira a subjetividade dos processos, oferecendo um maior controle de qualidade e aumento de produtividade”, explica Lopes.

Quem segue nessa mesma linha de inovação é a Agrorobótica. A startup, em parceria com a Embrapa Instrumentação, desenvolveu um equipamento capaz de fazer a análise de solo em áreas agropecuárias de maneira limpa e economicamente acessível ao produtor rural. O AGLIBS 1.0 utiliza a espectroscopia de emissão óptica com plasma induzido por laser (LIBS), tecnologia utilizada no Rover Curiosity, robô da NASA para descobrir a presença de água em Marte. Esse laser é aplicado na amostra de solo gerando um plasma que emite luzes diferentes de acordo com átomos e íons presentes no solo. Um software de inteligência artificial analisa de forma qualitativa e quantitativa os elementos presentes na amostra e o agricultor toma suas decisões de insumos corretivos e fertilizantes.

“Atualmente, cerca de 22% do custo do agricultor é com fertilizantes. Ele precisa ter uma gestão digital do seu solo para não investir de forma desnecessária”, explica o agrônomo sócio da Agrorobótica, Fábio Angelis. Uma análise de solo comum chega a ser concluída entre 10 e 15 dias, enquanto que o equipamento à laser entrega a análise em apenas um dia, sem resíduos químicos. Dessa forma o produtor rural reduz processos, ganha tempo, eleva a qualidade da análise e aumenta a produtividade.

Para o consultor do Sebrae-SP José Eduardo Soriano, os produtores rurais precisam buscar mais informações sobre tecnologia para potencializarem seus negócios. “Os produtores podem se informar com as cooperativas que façam parte para ficarem por dentro das oportunidades. Participar de feiras, palestras e eventos em geral que tratem da tecnologia no agronegócio também são atitudes essenciais para aumentar a produtividade e aumentar os lucros.”

FONTE: PEGN