Startup usa inteligência artificial para conectar marcas e influenciadores

Plataforma da hiperfy foi lançada oficialmente neste mês, e a meta é faturar R$ 6 milhões nos próximos 12 meses.

Guilherme Brunhole, fundador da hiperfy — Foto: Divulgação

Em um mundo cada vez mais mediado pelas redes sociais, oferecer tecnologia para aproximar anunciantes e criadores de conteúdo pode ser um negócio lucrativo. Foi desta percepção que nasceu a hiperfy, startup que utiliza inteligência artificial para conectar empresas e influencers para campanhas publicitárias. A empresa acaba de lançar sua plataforma oficialmente e projeta faturar R$ 6 milhões nos próximos 12 meses.

O negócio foi fundado por Guilherme Brunhole. Sua trajetória empreendedora começou em 2018, quando criou o clube de assinatura de produtos de beleza UAUBox. Na época, ele ainda trabalhava como funcionário da Movile (detentora do iFood, entre outras empresas). “Na UAU, vivi momentos difíceis que me ensinaram bastante coisa sobre essa vida de quem empreende. Aprendi muito sobre negócios, mas muito mais sobre pessoas, sobre sociedade, sobre o que não fazer”, lembra ele, que fundou o clube com recursos próprios e faturou mais de R$ 70 milhões nos últimos cinco anos.

A ideia da hiperfy surgiu justamente a partir da experiência com a empresa. “Lá lidamos muito com influenciadores e pude ver quão precário de tecnologia é esse universo. Por isso lançamos, dentro da UAU, uma plataforma própria para trabalhar com nossos criadores de conteúdo. Em pouquíssimo tempo, ela se tornou o principal canal de leads, com mais de quatro mil influenciadoras cadastradas”, revela. Isso fez com que Brunhole tivesse o clique: “Percebi que a coisa certa era não deixar essa oportunidade passar e me dedicar a esse mercado”, afirma.

Trabalhando na ideia da hiperfy desde o final de 2022, ele deixou o cargo de CEO da UAUBox e migrou para a presidência do conselho para se dedicar mais à nova empreitada. Em março de 2023, convidou Gabriel Bertini e Vitor Evangelista para a sociedade e para as posições de CTO e CPO da hiperfy, respectivamente. “Já nos conhecemos há mais de oito anos, desde a época de Movile, onde trabalhamos juntos”, conta ele.

De olho na oportunidade

Ainda na UAUBox, Brunhole vivenciou as dores do mundo de influenciadores estando de ambos os lados: como uma marca que precisava deles para divulgar produtos e, ao mesmo tempo, e como uma “agência” que os conectava às marcas parceiras.

“Vi que precisávamos de algo melhor do que as famosas planilhas coloridas que todo time de marketing usa para controlar os influenciadores. Precisávamos de algo que fosse escalável, porque meu objetivo era fazer campanhas com 500, 600, 700 influenciadores por mês, como de fato fizemos”, esclarece.

Por conta disso, ele e o time da empresa criaram uma plataforma chamada UAUTeam. Além de organizar e fazer o gerenciamento dos influenciadores, ela possibilitava aos criadores de conteúdo monitorar seus ganhos, seu perfil e sacar o dinheiro diretamente para sua conta. “Criamos na época uma wallet para eles, onde recebiam automaticamente sua comissão pelas vendas”, diz o empresário.

A plataforma cresceu tanto em pouco tempo que despertou o interesse de Brunhole para estudar e entender mais a fundo como as ferramentas e as agências de influenciadores funcionavam. “Após fazer isso, cheguei à seguinte conclusão: não é aceitável hoje receber prints do Instagram para entender a performance da campanha do influenciador, receber um ppt com o compilado dos resultados ou ter uma planilha colorida que faz a organização disso”, diz.

Modelo de negócio

Brunhole conta que a hiperfy é um marketplace de duas pontas: de um lado estão os criadores de conteúdo digital e, do outro, as empresas interessadas em fazer anúncios. “A proposta não é apenas conectar marcas aos melhores influenciadores por meio de tecnologia, mas sim fazer isso com eficiência e transparência”, afirma.

O modelo de negócio da startup é baseado, inicialmente, em duas frentes: a assinatura da plataforma no valor de R$ 297 (pago pelas marcas) e uma taxa de 15% sobre o valor do budget alocado em cada campanha. “Nossa proposta é que as marcas e agências digitais possam criar, medir e gerenciar campanhas com a mesma facilidade que fazem em plataformas de ADS, como Google e Meta, por exemplo”, diz.

Além de facilitar o dia a dia das empresas atendidas, a proposta é que a plataforma colabore para impulsionar os criadores, proporcionando não apenas oportunidades de campanhas, mas também o acesso a uma comunidade. “No ‘Clube hiperfy’, eles terão acesso às nossas ferramentas e, no futuro, a serviços como crédito, estúdio e recursos adicionais”, diz.

A tecnologia e o retorno esperado

Segundo Brunhole, o funcionamento da startup é simples: no site da hiperfy, cada empresa cria seu briefing com as instruções da campanha que deseja fazer. A partir de então, a IA assume o comando e encontra os melhores influenciadores para cada estratégia, em uma base que já conta com mais de 100 mil nomes cadastrados. “Em seguida, a marca fará apenas um contrato e um pagamento por campanha, e nós faremos toda a gestão do trabalho e divisão entre os creators. Além disso, as empresas também possuem o controle do budget ao aprovar ou reprovar um conteúdo”, explica o empresário.

Uma versão gratuita de teste disponibilizada pela startup atraiu empresas como iFood e Jequiti, além de agências como Media.Monks e GhFly. Agora, a empresa lançou oficialmente o serviço. “Para 2023, o faturamento esperado é um acumulado próximo a R$ 150 mil, visto que só começamos a rodar a versão paga na segunda quinzena de outubro. Mas, para os próximos 12 meses, a estimativa é atingir um ARR de R$ 6 milhões”, revela o fundador.

FONTE:

https://revistapegn.globo.com/startups/noticia/2023/10/startup-usa-inteligencia-artificial-para-conectar-marcas-e-influenciadores.ghtml