Startup Sensorial Sports melhora desempenho de atletas com treino cerebral

Empresa brasileira criou método de avaliação e treinamento cognitivo para diversas modalidades esportivas e ganhou competição realizada pela Microsoft

A startup brasileira Sensorial Sports quer impactar o esporte nacional aplicando uma tecnologia que coloca o cérebro como central para o desempenho de atletas. Com sede no Parque Tecnológico de Ribeirão Preto (SP), a empresa desenvolveu uma metodologia de avaliação cognitiva e treinamento aplicado a 25 modalidades esportivas.

 Milton Ávila, fundador e diretor executivo da startup, explica que aspectos relacionados a atividades cerebrais são fundamentais nos mais diversos esportes. “É difícil imaginar uma modalidade em que não esteja envolvida, por exemplo, a atenção direcionada”, afirma o neurocientista. Criada em 2016, a Sensorial Sports já validou sua solução tanto no futebol quanto no vôlei, com resultados expressivos.

Atividades cognitivas

A solução da Sensorial Sports começa com uma avaliação cognitiva por meio de estímulos audiovisuais. Preferencialmente com uso de óculos de realidade virtual (que pode ser substituído por uma tela com touchscreen ou, em último caso, um projetor), o atleta precisa reagir aos estímulos com diferentes movimentos. “É um processo cerebral que envolve identificar o estímulo, processar a informação, tomar a decisão e realizar a ação”, explica Ávila.

Este método dura entre 30 e 40 minutos e avalia cinco capacidades cerebrais:

Atenção: processo de filtrar as informações mais importantes para tomar as melhores decisões;

Tomada de decisão: escolha da melhor opção disponível no menor tempo possível;

Qualidade da Reação: reações são respostas a eventos simples, que exigem pouca tomada de decisão. Reações de alta qualidade são rápidas e constantes;

Controle de impulsividade: mostra a capacidade do atleta em inibir respostas incorretas;

Visão Periférica: faz com que o atleta consiga processar informações da periferia do seu campo visual com a mesma rapidez e precisão das informações para as quais ele está olhando diretamente.

Com os dados coletados na avaliação, a tecnologia da Sensorial Sports gera um relatório detalhado de cada atleta. A última etapa do processo é um treinamento com metodologia desenvolvida com base em pesquisas para melhorar estas capacidades cognitivas. A startup ainda oferece capacitação profissional para treinadores e analistas de desempenho adotarem a tecnologia e metodologia de trabalho proposta.

“As atividades cognitivas estão ligadas ao sucesso ou fracasso de uma temporada. Uma falta de atenção pode resultar em um gol decisivo do adversário, por exemplo”, diz Milton Ávila.

Validação e reconhecimento

No futebol, a validação do projeto foi feita entre 2017 e 2018 com a equipe sub-17 do Palmeiras. O processo que engloba avaliação cognitiva, organização dos dados e metodologia de treino foi aplicado pela equipe da Sensorial Sports, enquanto a avaliação dos atletas em campo foi realizada pela equipe técnica do clube.

Após cinco semanas, os analistas de desempenho do Palmeiras identificaram uma melhora de 20% da performance ofensiva dos atletas que participaram do treino cerebral, em comparação com os demais que mantiveram a rotina regular de treinamento. A cognição em geral melhorou 7%, com destaque para a atenção, que foi 14% superior. “Houve uma melhora significativa principalmente nas finalizações e em passes verticais”, afirma o diretor executivo da startup.

Com a teoria comprovada na prática, a Sensorial Sports já aplica sua solução para clientes em diversas modalidades, como automobilismo, vôlei e artes marciais. Vale o destaque para a Confederação Brasileira de Tênis, que já adota a metodologia da startup com alguns atletas.

A tecnologia da Sensorial Sports recebeu reconhecimento dos jurados da StartCup – entre os quais a StartSe estava presente. A competição de startups com soluções voltadas ao esporte ocorreu durante a Conferência Nacional do Futebol (CONAFUT), em maio, em São Paulo, e foi realizada em parceria com a Microsoft.

“A StartCup trouxe uma visibilidade muito grande e mostra o reconhecimento do nosso trabalho que está sendo desenvolvido. E a CONAFUT como um todo comprova uma perspectiva interessante de que o futebol está olhando para o futuro”, diz Milton Ávila.

Com o primeiro lugar na competição, a Sensorial Sports recebeu um ano de associação ao GSIC, o laboratório global de inovação da Microsoft. “Estar com a Microsoft é muito interessante, não só pela parte tecnológica, mas pelo networking que é muito valioso”, afirma o neurocientista. “Agora, o objetivo é levar nossa solução a todo o território nacional e estar em pelo menos 10 estados até 2020”, prevê.

FONTE: STARTSE