Startup que desenvolve e produz headphones nacionalmente recebe aporte de R$ 2 milhões

Fundada em 2016, a Kuba Audio tem uma linha de fones modulares que podem ser customizados.

Os headphones da Kuba Audio são modulares, o que possibilita que os usuários façam trocas quando necessário Divulgação

A música é o hobby preferido de Leonardo Drummond desde que ele consegue recordar. Ele relembra que, ainda criança, pegava os fones de ouvido da mãe para ouvir músicas no discman, porque o acessório que veio com o aparelho não tinha uma boa qualidade. Aos 18 anos, quando começou a comprar fones qualificados, decidiu fazer avaliações dos gadgets e criou um dos maiores canais do YouTube sobre o tema. O passatempo virou negócio: a startup Kuba Audio, que produz headphones e equipamentos de áudio com design modular. A empresa acaba de receber um aporte de R$ 2 milhões do Fundo Desenvolve Amazônia.

Drummond conheceu a sócia Eduarda Vieira quando eles cursavam design de produto na universidade. Os amigos pretendiam abrir um escritório juntos quando se formassem, mas a sociedade ganhou uma nova cara depois que Drummond fez um curso de empreendedorismo no MIT, nos Estados Unidos. “Me deu um estalo para fazer uma startup de headphones. Era um mercado em expansão e a minha área de expertise, porque eu avaliava os produtos com muita frequência, tinha contato com o público. Queria pegar carona no movimento do mercado que transformou os fones em um acessório de moda, com um novo argumento de vendas”, conta.

Eles fundaram a Kuba Audio em 2016 buscando lançar um produto diferente do que era encontrado no Brasil, fugindo da inspiração do hip hop, que trazia cores fortes aos fones, para atender outro público com itens mais discretos, com detalhes em metal e madeira. Para se destacar da concorrência, a startup desenvolveu um headphone modular. “Entrou a minha experiência de querer colocar atributos que eu gostaria de encontrar no mercado. O alto-falante de um fone pode durar 100 anos, mas ele é descartado por causa do fio ou porque a espuma esfarelou. É como ter de trocar de carro porque o pneu ficou careca”, afirma.

As peças avulsas, como almofadas, cabos, acessórios, alto-falantes e conectores, são vendidas no site da startup e podem ser adquiridas e substituídas pelos próprios clientes. O formato também permite a personalização ou a atualização de partes dos headphones por modelos mais tecnológicos, como a troca do arco tradicional, com fio, pela versão bluetooth. Os valores variam entre R$ 569 e R$ 999.

Os sócios contrataram uma empresa de engenharia para tirar as ideias do papel e transformá-las em um produto industrializado, auxiliando também na procura por fornecedores e na criação dos moldes. Outro parceiro ajudou com o projeto acústico para os alto-falantes dos fones.

Depois de dar os primeiros passos com investimento próprio de R$ 100 mil, a Kuba participou do curso Meu Primeiro Negócio, parceria entre a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e o Instituto Gênesis da Pontifícia Universidade Católica (PUC), e garantiu cerca de R$ 40 mil de um investimento dos empreendedores Camila Farani, Carlos Junior (Sai do Papel) e Luiz Quinderé (Brownie do Luiz), em 2017. No ano seguinte, fez parte do programa Shark Tank, recebendo um aporte de R$ 140 mil de João Appolinário, utilizado para produzir o primeiro lote e colocar 500 unidades dos fones à venda.

Apenas três insumos dos produtos da Kuba não são nacionais: alto-falantes, cabos e conectores, por falta de fabricação local. Segundo Drummond, o Custo Brasil encarece a conta, mas ainda vale a pena tocar a produção nacionalmente, com boa parte dos fornecedores das outras peças no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. “Depender de importação é muito difícil pela quantidade de impostos, por depender do frete, com insegurança e incerteza em torno do processo. Somos parcialmente dolarizados, mas nossos concorrentes são 100%. O fato de não ser dolarizado totalmente, apesar de as coisas não serem baratas aqui, acaba sendo mais favorável”, aponta.

Atualmente, a produção é feita de forma artesanal, a partir da matriz da Kuba no Rio de Janeiro, mas a startup tem planos de levar a produção para a Zona Franca de Manaus. Por isso, captou R$ 2 milhões com o Fundo Desenvolve Amazônia. “Precisamos de escala para ir a Manaus, com foco na expansão. As grandes empresas de hardware estão lá por incentivos fiscais, então temos planos de mover a produção para lá a médio prazo para ser ainda mais competitivos, reduzindo os custos operacionais”, afirma. A startup pretende utilizar a expertise em hardware da E3 Negócios, gestora que presta consultoria técnica para o fundo, para seguir com o plano. O capital será utilizado para contratar colaboradores estratégicos para fomentar o crescimento e a criação de novos produtos.

No momento, a startup desenvolve um fone sem fio, como os Airpods da Apple, além de uma caixa de som bluetooth e um headphone para o mercado corporativo, com custo mais baixo. O B2B é uma aposta da Kuba para o futuro, com a ideia de criar produtos a partir das necessidades das empresas, com personalização de cor, material e padronagem nas espumas dos fones. “Vemos que há uma demanda reprimida, com empresas fornecendo os equipamentos aos colaboradores como instrumento de trabalho. Mas são produtos commoditizados, simples, sem boa qualidade, de durabilidade baixa”, pontua. Segundo Drummond, a primeira venda nesse modelo já representou 80% do faturamento médio no B2C.

Nos próximos dois anos, a Kuba quer estar vendendo de forma estruturada na Europa e, para isso, está se candidatando a programas de incentivo e editais em Portugal.

FONTE:

https://revistapegn.globo.com/startups/noticia/2023/07/startup-que-desenvolve-e-produz-headphones-nacionalmente-recebe-aporte-de-r-2-milhoes.ghtml