Startup mapeia lugares amigáveis para a comunidade LGBTQIAP+ e atrai mais de 40 mil usuários

Plataforma da Nohs Somos já soma 140 mil estabelecimentos avaliados, de 600 cidades do país.

Foi o registro do aumento da violência contra a comunidade LGBTQIAP+, em 2018, que motivou Hóttmar Loch a tomar uma atitude. Naquele ano, 92,5% dos entrevistados pela associação Gênero e Número declararam ter notado uma escalada na violência contra a comunidade. “Acontecem os casos de LGBTfobia, mas eles não são registrados. Começamos a pensar em como a tecnologia poderia ajudar a organizar os dados e potencializar os lugares amigáveis”, afirma Loch. Dessa provocação surgiu a Nohs Somosstartup de impacto social que criou um mapa que localiza estabelecimentos seguros e amigáveis para a população LGBTQIAP+.

Em 2018, a Nohs Somos nasceu como um coletivo de cerca de 100 pessoas, com Loch como um dos cofundadores. Com a ideia do mapa de lugares amigáveis, a startup participou dos programas de aceleração InovAtiva Brasil e Brasil de Impacto para validar o negócio e criar o primeiro MVP. A métrica para as avaliações foi feita em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Quando os usuários entram na plataforma, respondem algumas perguntas para traçar um perfil: identidade de gênero, orientação sexual, identidade racial e se possui alguma deficiência são algumas delas. Com a conta criada, é possível avaliar os lugares frequentados e deixar comentários, no mesmo estilo das avaliações feitas no Google. A experiência é gamificada – o uso da plataforma se transforma em pontos, que podem ser trocados por descontos e benefícios em empresas parceiras.

Os empreendedores também podem cadastrar seus estabelecimentos no mapa, mas são necessárias no mínimo 10 opiniões de consumidores para iniciar a contagem para nota. A depender do score e das avaliações, os empreendimentos também podem receber selos como antirracista, trans amigue e PCD amigável, entre outros.

Atualmente, a plataforma conta com 42 mil pessoas usuárias e mais de 140 mil lugares avaliados, em mais de 600 cidades no país. Segundo Loch, dentre as contas, 51% são pessoas negras, 28% são trans, 20% são homens gays, 17% pessoas bissexuais e 17% lésbicas.

Desde o ano passado, o mapa de respeito ganhou um parceiro de peso: a Ambev entrou no projeto para uma campanha para a Copa do Mundo do Catar, com o nome Bar de Respeito. Com a ajuda da marca, a Nohs passou a oferecer um treinamento gratuito de diversidade para os estabelecimentos, ensinando a como lidar diante de episódios de discriminação, além de um dashboard para fazer o acompanhamento dos funcionários e realizar um censo de diversidade na empresa.

A startup também trabalha com consultoria para empresas. O eixo de negócio surgiu em 2021 para trazer retorno financeiro e sustentabilidade. A Nohs promove o treinamento de áreas específicas, como o RH, de pessoas colaboradoras e da liderança, sobre diversidade e inclusão. “A nossa cultura traz a possibilidade do diálogo. Acreditamos muito nas pessoas aliadas, quando trazemos elas para a programação de conteúdos, fazemos com que ela se sinta pertencente”, declara o cofundador e CEO.

Entre os clientes estão empresas como L’Oréal, CVC, Nubank, iFood e Pirelli. A Nohs Somos também une as duas frentes em algumas ações pontuais, como com a marca de sorvetes Ben & Jerry’s e a rede de empanadas argentinas La Guapa. Nos dois casos, além do treinamento dos colaboradores das empresas, a startup também criou conteúdos informativos para as redes sociais e fez ações promovendo o mapa de respeito.

No fim de maio, a Nohs realizou a primeira edição do evento Maratona do Orgulho, voltado para RH e lideranças, com palestras e networking entre pessoas do mercado. “A nossa premissa foi mostrar que pessoas LGBT+ são muito boas em vários lugares e não falam apenas sobre uma pauta”, diz. A iniciativa reuniu mais de 3 mil pessoas no formato online e 120 presencialmente.

A startup cresceu quatro vezes no ano passado e agora estuda a possibilidade de receber investimentos externos para potencializar sua evolução, com exemplos de sucesso vindos de fora, como o Misterb&b, espécie de Airbnb para homens gays. “Percebemos o potencial que temos como marketplace baseado em valores. Entendemos que olhar para o smart money pode ser interessante e estamos olhando para a ampliação de sociedade”, finaliza.

FONTE:

https://revistapegn.globo.com/startups/noticia/2023/06/startup-mapeia-lugares-amigaveis-para-a-comunidade-lgbtqiap-e-atrai-mais-de-40-mil-usuarios.ghtml