STARTUP INCLUI SURDOS NO MUNDO DIGITAL COM FERRAMENTA QUE TRADUZ SITES PARA LIBRAS

A Hand Talk está presente em cerca de 300 sites de médias e grandes empresas. Para Tenório, fundador do negócio, o público surdo ainda enfrenta muitas dificuldades para encontrar canais de vendas acessíveis

Ronaldo Tenório, fundador da Hand Talk (Foto: Divulgação)

O Dia Nacional do Surdo é um momento importante para discutir o acesso dessa população aos serviços e produtos no mercado. Por meio da inteligência artificial, uma startup ajuda as pessoas nesse aspecto. A Hand Talk traduz simultaneamente conteúdos em português para a língua brasileira de sinais (Libras). “Normalmente, o público surdo não tem um atendimento acessível. No entanto, essas pessoas possuem um grande potencial consumidor”, diz Ronaldo Tenório, fundador da plataforma.

Para o empreendedor, um dos principais desafios dos negócios é adaptar seus canais de venda para a população surda. Tenório diz que muitos surdos não compreendem o português corretamente, já que não ouvem as palavras em seu dia a dia.

Um surdo que deseja começar uma faculdade, por exemplo, pode ter dificuldades para encontrar informações sobre os cursos oferecidos, já que não entende alguns termos da língua portuguesa. De acordo com Tenório, essas lacunas de compreensão também podem acontecer na hora de comprar uma passagem aérea ou mesmo reservar um hotel.

Para suprir essa demanda, a Hand Talk desenvolveu uma ferramenta que usa inteligência artificial para traduzir o conteúdo dos sites para a língua brasileira de sinais. As traduções são feitas pelo Hugo, um personagem que a empresa criou para promover a comunicação com os usuários. A startup já traduziu meio bilhão de palavras.

Os sites que assinam o serviço da Hand Talk possuem um plug-in, programa que adiciona recursos a uma página na web, para acionar o Hugo. O negócio está presente em cerca de 300 sites de médias e grandes empresas, como Samsung, Natura e a instituição de ensino Insper. “No começo, muitas empresas desconheciam os problemas que os surdos tinham com seus canais de comunicação. Hoje, já há uma preocupação maior com a inclusão, porque as companhias amadureceram”, diz o empreendedor.

Atualmente, a startup também oferece um aplicativo que converte texto em linguagem de sinais. “Já tivemos casos bem interessantes. Uma moça baixou o app e acabou namorando com um surdo, porque a tecnologia acabou facilitando a comunicação”, diz.

Novos planos
O próximo passo da Hand Talk é apostar no mercado americano. A startup quer criar um aplicativo de tradução do inglês para lingua americana de sinais. Para desenvolver a plataforma, Tenório morou nos Estados e Unidos e trabalhou com nativos e intérpretes americanos. A previsão é que a plataforma seja lançada no próximo ano.

Explorar o mercado dos EUA sempre foi um sonho do empreendedor, mas só se tornou realidade após os investimentos que a empresa alcançou. Recentemente, a startup recebeu um aporte de R$ 3 milhões do Google.

O investimento foi resultado do projeto Desafio Google de Impacto em IA, que tem como objetivo premiar iniciativas tecnológicas de impacto social. A Hand Talk também recebeu um aporte de R$ 2,5 milhões da Kviv Ventures, fundo de investimento da família Klein.

FONTE: PEGN