Startup fatura R$ 4,5 milhões ajudando empresas a reduzir gasto com energia

Hoje são mais de 30 empresas que já utilizam os sistemas da startup

Edson Rocha, Victor Arcuri e Bruno Arcuri, fundadores da Diel (Foto: Divulgação )

O aumento do custo de energia é uma dificuldade enfrentada por várias empresas, principalmente as que dependem de sistemas de refrigeração. Com o propósito de auxiliar na redução de gastos e propor soluções energéticas, os irmãos Bruno Arcuri e Victor Arcuri criaram a Diel, startup que realiza monitoramento de equipamentos de refrigeração.

A ideia de empreender no setor energético começou com Bruno, que é formado em engenharia elétrica. Entusiasta do assunto, ele decidiu fazer mestrado fora do Brasil. “Foi nesse período que veio a ideia da Diel. Durante o mestrado, eu estudei como a energia é consumida em residências e comércios, focando minha dissertação nos problemas do Brasil. Um país quente que durante o verão apresenta uma carga de energia maior no horário da tarde”.

Na Europa, ele se deparou com sistemas de termoacumulação, tecnologia que possibilita o acúmulo de energia térmica na forma de gelo. “Existem sistemas que durante o dia refrigeram o ambiente e à noite criam gelo. Esse gelo fica acumulado para ser usado no momento de pico, quando a energia é mais cara. Basicamente você resfria o ambiente através do derretimento do gelo”, explica Bruno.

Quando voltou ao Brasil, ele e o irmão decidiram criar uma bateria de gelo para ajudar empresas na diminuição do custo de energia. Em 2017, já desenvolvendo a tecnologia, os dois participaram de um edital do governo de Santa Catarina (SC). Em fevereiro de 2018, receberam a notícia de que tinham ganhado, o que foi o pontapé para criar a Diel em março daquele ano. No mesmo período, Edson Rocha se juntou ao time de fundadores.

O protótipo que os dois criaram para vencer o edital foi uma bateria de gelo que pesava 150 quilos. “O equipamento demorava dez horas para congelar 120 litros de água. Era acoplado ao ar-condicionado. Logo, desligávamos os equipamentos de ar-condicionado quando a energia era cara, ligávamos nossa bateria e derretíamos o gelo por três horas. Com ar-condicionado desligado não tinha consumo de energia”, explica Bruno.

Com a solução tecnológica em mãos, eles foram procurar parceiros para desenvolver a área comercial. No final de 2018, Bruno marcou uma reunião com o Grupo Gera, empresa com larga experiência no setor energético. “Liguei para eles e mostrei o que estava fazendo na Diel. Gostaram da iniciativa e disseram que nos ajudariam apresentando as soluções para os clientes. Mas não tinham perspectiva de virarem sócios.”

O primeiro cliente foi uma unidade das Lojas Americanas. Quando foram ao local, porém, ocorreu um contratempo: o ar-condicionado ao qual a bateria seria acoplada estava quebrado. Naquele dia, os dois decidiram pivotar o negócio. “Meu irmão falou que a bateria de gelo não funcionaria. Como a gente vai conseguir escalar o negócio com um equipamento pesado? Todo mundo acha que os aparelhos de ar-condicionado quebram o tempo todo, só vamos botar mais um equipamento para quebrar, os gestores de manutenção iriam odiar a gente”, diz Bruno.

Restruturando o negócio, eles decidiram pegar toda a inteligência que tinham desenvolvido, como os sensores de pressão e temperatura e o software, para criar um sistema preditivo de manutenção de máquinas a fim de monitorar e oferecer dados sobre a situação de aparelhos de refrigeração. “Nessa época estávamos incubados na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e começamos a monitorar vários aparelhos de ar-condicionado do prédio da UFBA. Nisso fomos montando cases”. Além do sistema preditivo, o software da empresa permite que os gestores configurem os melhores horários para ligar e desligar os aparelhos, evitando desperdícios.

O negócio remodelado chamou atenção do Grupo Gera, que comprou uma fatia minoritária da Diel – a startup não abre o valor exato. A partir disso, a startup começou a oferecer soluções para os clientes do Grupo. O público-alvo são grandes empresas que dependem da refrigeração para suas operações. Atualmente, são mais de 30 clientes, incluindo companhias como Santander e os laboratórios Dasa.

O tíquete médio é de R$ 1 milhão, mas existem contrapartidas. “Nossa precificação é feita com base no retorno que o cliente vai ter. Por exemplo, se a gente economizar 30% na conta de energia do cliente, nosso modelo é ser remunerado pegando 40% do que ele reduzir. No varejo é um modelo de negócio que não tem risco”, afirma Bruno

Em 2021, a startup teve um faturamento de R$ 4,5 milhões. Neste ano, a meta é chegar a R$ 20 milhões. A expectativa para o futuro é quadruplicar o crescimento a cada ano. Além disso, está no radar um plano de internacionalização para os Estados Unidos. Em janeiro de 2023, a empresa pretende buscar capital externo com fundos de investimento.

FONTES: https://revistapegn.globo.com/Startups/noticia/2022/06/startup-fatura-r-45-milhoes-ajudando-empresas-reduzir-gasto-com-energia.html