STARTUP CRIA PROGRAMA QUE CALCULA O QUANTO VOCÊ VAI GASTAR EM UMA OBRA

A equipe da startup amapaese OrçaFascio. Ao centro, os sócios-fundadores Fábio Santos (esq.) e Antônio Fascio (dir.) (Foto: Divulgação)

O bacharel em sistemas de informação Antônio Fascio, 40, nem conhecia o termo ‘startup’ quando tirou do papel sua ideia de negócio. O que o amapaense entendia era sobre orçamento de obras, já que era com isso que ele lidava diariamente em sua função de trabalho, em que cuidava da parte de tecnologia da construtora de sua família.

Após algumas experiências negativas e prejuízos, somado a uma visão de necessidade de inovar o mercado, Fascio deixou para atrás a sociedade no negócio familiar com a proposta de desenvolver um software para orçamento de obras para engenheiros e construtores. No final de 2009, uniu forças com seu colega de curso, o programador Fabio Santos, 33, e criou a OrçaFascio.

A OrçaFascio é uma startup que cria softwares para obras, sejam elas construções civis ou de infraestrutura, com foco em atender construtoras, órgãos públicos e engenheiros. A empresa possui, atualmente, três tipos de programas: uma plataforma para se planejar o orçamento da obra, outra para fazer o controle dos materiais no canteiro de obras e uma terceira que funciona para analisar o andamento da construção.

“Eu queria criar um software para facilitar construções, apesar de não possuir estrutura necessária para isso. Por isso, fui procurar consultores de empreendedorismo para contar minha proposta e ouvi que ela era muito bacana, mas que não seria possível de ser produzida em Macapá, onde não havia praticamente nenhum ecossistema para empreendedorismo”, diz Fascio.

Como vontade e disposição não lhe faltavam, Fascio não se deixou intimidar com as dificuldades do estado do Amapá e com sua internet de banda larga. De 2010 a abril de 2011, com apenas um investimento próprio inicial de apenas R$ 80 por mês para manter o site hospedado no servidor, Fascio e o programador Santos se dedicaram à construção da plataforma. Para se manter financeiramente, os sócios tiveram que conciliar a OrçaFascio com seus respectivos empregos.

Em 2011, os sócios-fundadores lançaram o carro-chefe da startup, a plataforma de orçamento para obras. Esse serviço utiliza uma base de dados integrada ao Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI) e oferece ao usuário a possibilidade de esquematizar todos os materiais que irá precisar para projetar sua construção.

Porém, o lançamento da primeira versão do software não lhes garantiu o sucesso esperado. Por três anos, Fascio e Santos tiveram prejuízo. “Nós não entendíamos sobre modelos de negócio e oferecíamos nosso produto gratuitamente”, afirma o fundador.

Os resultados positivos começaram a surgir apenas a partir de 2014, quando um amigo de Fascio inscreveu a empresa para participar da Campus Party, evento de tecnologia e inovação. Para a surpresa dos dois sócios, a OrçaFascio foi uma das escolhidas para integrar o evento que aconteceu em São Paulo.

“Foi ali, na Campus Party, que eu aprendi que nós éramos uma startup e que entendi que nosso modelo de negócio era escalável”, diz Fascio, que consagrou seu negócio como destaque do evento.

A ocasião também fez com que a dupla percebesse que seria necessário monetizar o negócio, de forma que, no ano seguinte, em 2015, o serviço da OrçaFascio passou a ser cobrado, com assinaturas anuais que vão de R$ 899 a R$ 1500. Ainda é possível usar o software gratuitamente, mas há funcionalidades que só estão disponíveis para os assinantes.

A faceta escalável da startup apareceu no próximo ano, em 2016, período em que a OrçaFascio conseguiu crescer 1.800% em relação ao ano anterior. Também em 2016, a startup alcançou outras duas conquistas: participar do programa Startup Farm e faturar R$ 700 mil.

Atualmente, além dos dois sócios-fundadores, a OrçaFascio conta com 9 funcionários fixos e 4 freelancers, equipe que está desenvolvendo dois outros softwares que devem ser lançados até o final de 2017. “Vamos lançar uma plataforma para servir de ‘diário’ da obra e outra que ainda não podemos informar, mas que também tem proposta para o setor civil e de infraestrutura”, afirma Fascio.

Com um crescimento médio esperado de 135% ao ano, outra proposta da startup para o futuro é ampliar sua atuação nacional — já são mais de 47 mil usuários cadastrados, sendo que a maioria está nas regiões Sudeste e Nordeste — e se lançar internacionalmente, apostando na abertura de um escritório no Canadá. “Já temos alguns usuários de outros países usando nosso serviço, mas agora queremos nos dedicar exclusivamente a isso”, diz o bacharel em SI.

Legado para o Amapá
Por conhecerem das dificuldades de se empreender na região norte, tão distante dos principais polos de inovação e de startups, hoje, Fascio e Santos se dedicam a fortalecer o ecossistema amapaense.

“O sucesso da OrçaFascio não serviu apenas para nós, mas ele também está ajudando outras startups regionais a ganharem visibilidade de iniciativas privadas e do estado. Por exemplo, o Sebrae lançou o Startup Day Amapá, temos programas de aceleração para os projetos daqui e nós mesmos prestamos mentoria a outras startups – fundamos até uma associação de empresas de base tecnológica do estado. Ainda não estamos vivendo no cenário ideal, mas empreender na região já é uma realidade bem melhor do que era quando eu comecei”, afirma Fascio.

FONTE: PEGN