Startup cria plataforma em nuvem para gerir clínicas e consultórios médicos

Iclinic une agenda sincronizada, prontuário do paciente, finanças e marketing digital

O trio de fundadores da iClinic: Leonardo Berdu, Felipe Lourenço e Rafael Bouchabki
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A startup iClinic desenvolveu uma plataforma em nuvem para suprir as necessidades gerenciais de clínicas e consultórios médicos. O software permite a médicos e assistentes agendar, confirmar e cancelar consultas, atualizar prontuários e acessar os controles financeiros, interagindo com sistemas de laboratórios de exames e planos de saúde conveniados. O próprio paciente pode acessar o módulo de agenda.

 O foco é planejar a gestão do segmento e colaborar com a organização das informações e atividades, de forma a possibilitar o aumento do número de pacientes e consultas.

A solução é subdividida em três categorias. A versão Starter, com mensalidade a partir de R$ 79, oferece agenda e prontuário eletrônico. O pacote Plus (R$ 99) envolve, além desses módulos, o de gestão financeira. O Pró (R$ 119) reúne todos os demais e o marketing digital. A mensalidade é acrescida de R$ 1,80 a cada funcionário cadastrado.

A iClinic prioriza clínicas e consultórios de pequeno e médio portes. O usuário pode contratar o serviço baixando a aplicação e testando as funcionalidades gratuitamente por sete dias. Após esse período, pode optar pelo plano mais adequado ao seu perfil. O pagamento é feito por meio de cartão de débito ou crédito.

Tela do iClinic: controle financeiro, agenda, prontuário e marketing digital

De 2014 a 2018, a startup saltou de 200 para 3.500 unidades de saúde que utilizam a solução. O quadro de funcionários conta com 75 colaboradores, todos em Ribeirão Preto, cidade natal do projeto. Este ano, porém, após convite do Cubo Itaú, a iClinic transferiu parte de suas operações para o espaço de coworking do hub de inovação na capital paulista. Agora, a perspectiva é atingir 50 mil unidades de saúde em todo o País, inclusive hospitais privados.

Informatização

A ideia tomou forma em 2011, quando o então estudante e pesquisador de informática médica Felipe Lourenço decidiu buscar soluções para aumentar a informatização do mercado de saúde no Brasil. “Quando olhávamos o índice de adoção de tecnologia em saúde, víamos que os grandes players, dentre hospitais, laboratórios, farmácias etc., tinham esforços para digitalizar seus operacionais”, lembra.

Com os amigos e cofundadores Rafael Bouchabki e Leonardo Berdu, o empreendedor montou o protótipo da solução em nuvem em 2012. Após um breve período de testes e investimentos próprios, o trio colocou a iClinic no ar.

Em 2013, buscando incentivo internacional, a startup foi eleita pela holandesa RockStart para uma aceleração de negócios, sem aporte de recursos. Até 2014, os empresários se dividiram entre um hub de inovação na Holanda e outro no Vale do Silício, EUA, onde puderam aprimorar as funções da aplicação.

Em 2016, a Endeavor se interessou pela solução. Considerando o potencial de crescimento, escalabilidade e amplitude da solução, a organização de apoio ao empreendedorismo de impacto elegeu a startup como uma “promessa” daquele ano na área de saúde. Em 2018, a iClinic ganhou o status de “Scale Up”, programa de aceleração da Endeavor para empresas de alto crescimento.

A primeira rodada de investimento externo ocorreu em dezembro de 2017, por meio de um fundo especializado em saúde. Os valores não foram divulgados.

Consolidado no Brasil, o projeto ganhou presença além-fronteiras de maneira espontânea, diz Lourenço, hoje CEO da startup. “Somos usados por médicos de países como Angola, Portugal, Moçambique, Argentina e Colômbia. Muitos profissionais de países lusófonos baixaram o iClinic e, no boca-a-boca, passaram a outros colegas e acabamos ganhando mercado por lá, o que também ocorreu com nossos vizinhos sul-americanos. Por isso estamos montando uma versão totalmente em espanhol”, conta o empreendedor.

“Muito pelo fato de reduzirmos em média em 30% as faltas de pacientes, obtivemos boa capilaridade em países com saúde privada similar à do Brasil. No total já temos cadastros em 22 países e 16 mil médicos clientes”, afirma.

Organização

Para o diretor da Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp) Marcelo Gratão, o iClinic representou um ponto de virada no modelo de agendamento de consultas e exames na saúde privada.

“Até 2017 tínhamos de falar numa central via telefone para agendar serviços médicos. Isto gera custos laborais e possíveis problemas trabalhistas às grandes operadoras. O iClinic otimizou essa cadeia de relacionamento com uma nuvem que une todas as pontas do negócio”, diz.

O módulo de agenda funciona online, 24 horas por dia, interligado ao sistema de gestão do consultório ou clínica. O paciente pode acessar esse módulo pela internet, sem necessidade de falar com a recepção. A plataforma mostra os horários disponíveis e permite agendar, desmarcar ou remarcar consultas. Como os canais são sincronizados, não há risco de um paciente no site agendar o mesmo horário de outro que esteja ao telefone com a recepcionista, por exemplo.

O especialista também vê alívio operacional na gestão clínica e financeira para médicos e diretores hospitalares. “A ferramenta ajuda na clarificação de quem é, como e quantos são os pacientes. Se comparece aos retornos cirúrgicos ou não, se demora a voltar, qual a evolução do seu quadro clínico ou a precisão do prontuário e evolução de seu quadro. Tudo isso à mão dos profissionais.”

Com experiência em administração em hospitais como o São Luiz, Gratão vê como natural a meta da startup de atingir grandes operadores de saúde. “Hospitais privados estão investindo em ambulatórios para retornos cirúrgicos, para poder fidelizar o cliente. O aplicativo será essa peça que faltava”, avalia.

FONTE: DCI