Startup capta US$ 27 milhões e anuncia R$ 2 bilhões em crédito rural

Criada há dois anos, Agrolend chega a sua terceira rodada de investimentos. Base da estratégia da fintech é financiar pequenos e médios produtores.

Recém-chegada ao mercado e na sua terceira rodada de captação, a startup de crédito agrícola Agrolend anunciou, nesta terça-feira (08/11), que recebeu um aporte de US$ 27 milhões, o equivalente a R$ 145 milhões, que permitirão à empresa saltar de uma carteira de crédito de R$ 250 milhões para R$ 2 bilhões na safra 2023/2024. Com cerca de mil produtores atendidos atualmente, a expectativa é ampliar a base para dez mil pequenos e médios agricultores em todo o país já no próximo ano-safra.

“São produtores que estão no meio da pirâmide, com faturamento entre R$ 500 mil e R$ 5 milhões por ano, com áreas entre 30 a 50 hectares até uns 500 a 600 hectares. Não é o cara do topo, que vai ter milhares de hectares, mas também não é o cara lá de baixo, que tem até cinco hectares”, explica o diretor financeiro e co-fundador do banco digital, Alan Glezer.

Os negócios com pequenos e médios produtores são a base da estratégia da statup, fundada num momento em que os recursos subvencionados do Plano Safra passaram a ser cada vez mais voltados para estes segmentos. “Esse nosso cliente, ele foi muito afetado pelo direcionamento do Plano Safra pra baixo”, completa Alan.

O investimento foi realizado na forma de Private Equity, quando o investidor se torna sócio da startup passando a compor seu capital social. No caso da Agrolend, o valor foi captado junto a Lightrock, fundo internacional, que, desde 2009, tem apostado em negócios escaláveis e de impacto. “A gente tem investimentos em vários setores, do financeiro a educação, saúde e meio ambiente, mas a gente não tinha nenhum em agro e vinha perseguindo isso”, conta o sócio da Lightrock, Gustavo Verdelli.

Trata-se da primeira participação do fundo em uma empresa agro na América Latina, após ter investido em outras companhias conhecidas, como Creditas, Dock, Frete.com, Buser, Dr. Consulta, Cortex e Konfio. Gustavo observa que a Lightrock tem como prática investir em negócios mais maduros, quando a operação já está mais consolidada, e que o pouco tempo de mercado da Agrolend já “é o suficiente para confirmar que o modelo de negócios parece ser muito assertivo, muito eficiente e bastante escalável”.

“Traduzindo isso pro lado de impacto, você está atingindo diretamente a cadeia que é subatendida hoje no agro que é pequenos e médios produtores. Então, quando você leva uma empresa que entrega crédito e que, eventualmente, no futuro, poderá entregar também outros produtos financeiros para um pequeno e médio produtor, você está trazendo não só um produto novo, mas uma competitividade que ele não teria por não ser atendido por grandes bancos”, completa Gustavo.

Desde que foi fundada, a Agrolend já captou US$ 42,6 milhões, sendo 63,3% desse montante resultado da rodada tornada pública nesta terça-feira. “Achamos um problema que ninguém estava resolvendo e com isso fomos criar a nossa solução e que deu certo. Uma hipótese levantada há dois anos atrás que hoje a gente provou que está funcionando, mas precisa de mais capital. A gente mostrou que funciona para um grupo de mil produtores e como faz agora para chegar a 50 mil produtores? Para isso a gente precisa de muito mais capital e mais tempo”, conclui o diretor-presidente da Agrolend, André Glezer.

FONTE: https://globorural.globo.com/agtech/noticia/2022/11/startup-capta-us-27-milhoes-e-anuncia-r-2-bilhoes-em-credito-rural.ghtml