Startup brasileira investe em conteúdo para realidade virtual e conquista gigantes de tecnologia

Igor Macedo tinha acabado de voltar de um período de estudos nos Estados Unidos quando decidiu abrir sua empresa no Brasil, focada na produção de conteúdo para realidade virtual. Era o ano de 2015 e Macedo havia passado meses estudando o tema e nesse período iniciou um forte relacionamento com a Autodesk, empresa de software de design e de conteúdo digital. Mais tarde, a combinação dos acontecimentos foi crucial para o estabelecimento do seu negócio.

“Fiz um review sobre tecnologias de renderização em tempo real usada em jogos, mas com foco em um projeto de arquitetura. A partir desse trabalho, a Autodesk me convidou para participar de um grupo de pesquisa e feedbacks ao lado de 13 pessoas em todo o mundo. Foi aí que a ideia da IM Designs surgiu”, lembrou o fundador da startup.

Logo depois veio a parceria global com a Autodesk e o primeiro projeto com realidade virtual na construção, disse orgulhoso, que incluía, ainda, links para a compra dos produtos, facilitando a vida dos arquitetos. Algo totalmente diferente de imagem 360, enfatizou ele. “Há uma questão de evangelização por aqui, porque as pessoas pensam que realidade virtual é, na verdade, uma imagem 360. Mas não é”, observou.

Futuro da computação

Para Macedo, realidade virtual é, de fato, o futuro da computação. “Com hardwares e avanços tecnológicos, temos um ambiente 3D infinito, no qual se produz conteúdo para qualquer área. Arquitetos que não têm conhecido algum em tecnologia conseguem montar um ambiente de forma intuitiva em 3D e o cliente pode interagir e mudar”, disse, citando apenas um exemplo de aplicação.

Ricardo Macedo, um dos sócios da empresa, reforçou que as possibilidades são infinitas na aplicação da tecnologia. Tanto é que a agenda de reuniões da empresa está lotada nos próximos dias, ocupada, especialmente, por gigantes de tecnologia que estão em busca do poder da realidade virtual em seus negócios.

Custo é entrave

Igor comenta que apesar de infinitas possibilidades, um desafio entra em cena. “A aquisição de hardware é um problema. É muito caro, tanto os óculos, como o computador”, observou.

O alto poder computacional é fundamental para a realidade virtual, não só para renderização do conteúdo, que consome três horas em máquinas de alta capacidade, como também para eliminar a possibilidade de “motion sickness”, o enjoo que algumas pessoas sentem ao usar por muito tempo os óculos de realidade virtual.

“Se a performance não estiver boa, a chance de enjoo é grande. Contudo, está provado que esse é mais psicológico do que fisiológico, já que quando o cérebro tem dificuldade de reconhecer, gera o enjoo”, explicou Igor.

Ricardo alerta para o fato de que o custo e a performance de hardware certamente serão resolvidos ao longo do tempo, assim como tudo no universo da tecnologia, tornando mais popular a realidade virtual.

Crescimento

Por enquanto, a IM Designs, que tem um escritório em São Paulo, cresce com capital próprio dos sócios e descarta uma rodada de investimento – pelo menos no curto prazo. “Para crescer, pensamos em busca uma linha de crédito”, contou Ricardo.

A venda do negócio também não faz parte dos planos da IM Designs nos próximos meses. “Tivemos propostas, mas não é nossa intenção”, afirmou Ricardo. “Somos apaixonados pelo o que fazemos e acreditamos a realidade virtual não apenas pelos anseios tecnológicos, mas porque ela pode mudar o cenário de profissão no mundo”, acrescentou Igor.

Hoje, o time da IM Designs é composto por 11 talentos e, claramente, o desafio da empresa é a contratação de talentos prontos para o mercado. “É uma área nova. Um curso muito afim é o desenvolvimento de jogos, mas a qualificação exata não achamos ninguém pronto. Temos de desenvolver dentro de casa”, assinalou Igor.

FONTE: COMPUTERWORLD