Start-ups prometem encontrar comprador para o seu carro em menos de 1 hora…

Vender um carro usado pode exigir tempo e paciência, e alguns empresários viram aí uma oportunidade de negócio: aproximar vendedores de possíveis compradores. Criaram start-ups que usam sites e aplicativos de celular e prometem encontrar interessados no veículo em menos de uma hora.

É o caso da Cash Auto, de Londrina (PR), que tem parceria com mais de mil concessionárias no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. A start-up diz vender o carro usado em até 50 minutos.

A Car4Sale, de Goiânia (GO), faz negócios de consumidor para consumidor, entre consumidor e concessionária, e entre lojistas. A empresa atende em todo o Brasil e afirma que é possível fechar negócios em até um minuto, mas não informa qual a média de tempo para vender os carros.

A Cash Auto e a Car4Sale têm proposta similar a da InstaCarro, mas esta última tem estoque próprio de veículos.Cash Auto: como funciona Primeiro, o cliente cadastra seu carro no site, informando marca, ano e modelo, entre outros. Em seguida, um dos funcionários ou parceiros da Cash Auto vai até o local onde está o veículo para fazer uma inspeção. A perícia demora cerca de 20 minutos e custa R$ 218 (valor pago pelo dono do carro). O serviço não pode ser feito por outra empresa. Também são checadas eventuais pendências no site do Detran.

O passo seguinte é apresentar o automóvel pelo site às concessionárias parceiras. A start-up não vende para outros consumidores, apenas negocia com as lojas parceiras.

Após a vistoria, a empresa diz que envia em até 50 minutos as três melhores propostas recebidas, e o cliente decide se aceita ou não alguma. Caso não haja proposta –algo que ainda não aconteceu, diz a empresa–,não há nenhum tipo de garantia para o cliente. Se o cliente aceitar uma das propostas, as partes assinam o contrato e a start-up faz a intermediação de todo o processo, inclusive o repasse do dinheiro para o vendedor.

Começou com estoque de veículos na garagem Quando abriram a Cash Auto, em novembro de 2016, os empresários Ycaro Martins, 32, Sílvio Nunes, 64, e Alisson Vilas Boas, 29, pensavam em montar uma garagem e ter um estoque de veículos O investimento inicial foi de R$ 30 mil. Quatro meses depois, os sócios investiram mais R$ 150 mil na aquisição de 15 carros.

Segundo Martins, os sócios perceberam que manter a garagem sairia muito caro. “Vendemos os automóveis adquiridos e decidimos fazer apenas a negociação entre o cliente e as concessionárias”, diz. O dinheiro da venda dos 15 carros foi usado como capital de giro.

Hoje, a empresa tem 22 funcionários e vende, em média, 110 carros por mês. A empresa diz que movimenta cerca de R$ 3 milhões por mês em negócios. Além dos R$ 218 de cada vistoria (pago pelo cliente), a Cash Auto fica com 4% a 5% sobre o valor da venda (pago pela concessionária parceira). Isso dá cerca de R$ 170 mil por mês, com lucro de 2,5%.

Car4Sale: como funciona A Car4Sale, de Goiânia (GO), foi criada pelo administrador de empresas Daniel Corrêa, 31, em setembro de 2016. O investimento inicial foi de R$ 350 mil para desenvolver o aplicativo, e o negócio começou a dar lucro quatro meses após o lançamento. A empresa faz negócios entre consumidores e lojistas.

O dono cadastra o carro na plataforma e escolhe a faixa de preço –a plataforma oferece quatro opções, baseada em valores praticados por outros sites de vendas.

O veículo é anunciado para mais de 370 mil pessoas e lojas cadastradas. Os interessados dão lances no automóvel, em um sistema parecido com um leilão, e o melhor valor ganha a disputa.  A empresa não informa qual a média de tempo para vender os carros. “Isso varia de acordo com o veículo”, diz Corrêa.

A empresa tem 22 funcionários, vende cerca de 200 carros por mês e movimenta cerca de R$ 8 milhões mensais em negócios. A start-up ganha 5% de comissão sobre cada negócio fechado: 2,5% do vendedor e 2,5% do comprador. Segundo Corrêa, isso dá cerca de R$ 400 mil por mês, com lucro na faixa de R$ 14 mil.

Preço pode ser mais baixo, diz professor. Para Valter Pereira Francisco Filho, professor da área de negócios da FAE Centro Universitário, de Curitiba, as start-ups conseguiram unir compradores e vendedores de uma maneira simples.”É um serviço que resolve um problema, que é vender ou comprar um carro, de forma rápida, ágil e inovadora”, declara.

Segundo ele, as empresas devem deixar claro ao consumidor que o preço que ele vai conseguir nesse tipo de plataforma pode ser mais baixo do que se negociasse diretamente com concessionárias ou compradores. “No entanto, isso é compensado pela agilidade e pela facilidade de se desfazer do carro.”

Ele afirma, no entanto, que as empresas precisam definir claramente as responsabilidades entre vendedores e compradores.

Nesse tipo de negócio, é necessário ter uma blindagem jurídica muito forte para que não surjam problemas no decorrer da transação, principalmente na documentação.

Valter Pereira Francisco Filho, professor da FAE Centro Universitário.

Outro ponto a ser considerado, diz Filho, é a oscilação do mercado. “No momento, o setor de novos e seminovos está aquecido, mas isso pode mudar.Por isso, as empresas sempre precisam manter uma estrutura adequada de capital de giro.”

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FONTE: UOL