Start-up do Porto capta investimento milionário para fisioterapia digital

O grupo de capitais israelitas que comprou o parque de biotecnologia de Cantanhede é um dos investidores na Sword Health. O negócio criado por Virgílio Bento recebe 4,6 milhões de dólares para a expansão internacional.

A start-up do Porto que criou um terapeuta digital para a fisioterapia, combinando sensores de movimento com inteligência artificial, acaba de fechar um investimento “seed” (semente) no valor de 4,6 milhões de dólares, equivalente a 3,7 milhões de euros, para “acelerar o desenvolvimento de novas terapias digitais e impulsionar o crescimento global” do negócio.

 Fundada em 2014 por Virgílio Bento, a Sword Health tem no grupo de investidores a Green Innovations (GI) – o grupo ligado a capitais israelitas que comprou o Biocant de Cantanhede, o maior parque de biotecnologia do país –, a luxemburguesa Vesalius Biocapital e “outros investidores da Europa e dos Estados Unidos”, não identificados pela empresa.

Liderada em Portugal por Carlos Faro, a GI já tinha investido 2,4 milhões de euros na Coimbra Genomics em Dezembro de 2017, juntando-se à Portugal Ventures e Critical Ventures nos accionista daquela start-up. No início do ano, o ex-líder do Biocant tinha adiantado ao Negócios que estava a analisar o co-investimento em mais empresas nesta área da saúde digital e que vinham “merecendo o interesse de fundos de investimento estrangeiro especializados”.

Aconteceu agora com a Vesalius Biocapital III, lançada em Abril de 2017 e que aposta em jovens empresas na área dos medicamentos, “medtechs”, diagnóstico e saúde, contando o fundo com um valor total de 150 milhões de euros. Os parceiros de gestão incluem Guy Geldhof, Marc Lohrmann, Christian Schneider e Stéphane Verdood, enquanto Cees Wortel e David Braga Malta são apresentados como “venture partners”.

O nosso terapeuta digital representa um novo paradigma que irá definir os próximo 50 anos da fisioterapia em todo o mundo.VIRGÍLIO BENTO, FUNDADOR E CEO DA SWORD HEALTH

“A fisioterapia enfrenta um conjunto de desafios significativos, está muito dependente de um pequeno número de especialistas. Esta dependência provoca um aumento de custos para os pacientes e prestadores de cuidados de saúde bem como dificuldades de comunicação e de organização para os fornecedores de serviços de saúde”, destacou Guy Geldhof, citado numa nota de imprensa em que vê na Sword Health “potencial para revolucionar a fisioterapia”.

Motivação pessoal para negócio global

Foi o atropelamento do irmão que motivou Virgílio Bento a inventar um sistema para a reabilitação independente e complementar ao trabalho dos terapeutas, com o objectivo de democratizar o acesso a fisioterapia de qualidade e alta intensidade, que promete aos fornecedores de serviços de saúde um corte na despesa. Quatro anos depois, a start-up está a trabalhar com seguradoras, serviços nacionais de saúde e centros de reabilitação em Portugal, EUA, Canadá, Austrália, Noruega, África do Sul, México e Japão.

Na explicação dada pela própria empresa, o Sword Phoenix, como se chama o principal produto, “permite aos pacientes realizarem as suas sessões de fisioterapia no conforto de sua casa, com ‘feedback’ em tempo real da sua performance e sempre monitorizados pela sua equipa clínica”. Por outro lado, “permite expandir a pegada terapêutica das equipas clínicas, permitindo-lhes tratar mais doentes, com resultados clínicos sólidos e reduzindo custos operacionais”.

 

O fundador e CEO da Sword Health confia que este terapeuta digital “representa um novo paradigma que irá definir os próximo 50 anos da fisioterapia em todo o mundo”, diagnosticando Virgílio Bento que “neste momento há uma falha na nossa capacidade, enquanto sociedade desenvolvida, de fornecer serviços de fisioterapia de alta qualidade e intensidade”.

 

FONTE: NEGÓCIOS