Soft skills: estudo mapeia os pontos fortes e fracos dos brasileiros

Pesquisa foi realizada pela edtech Escola do Caos e ouviu 1.200 profissionais de todos os níveis e regiões do país.

Um estudo realizado pela edtech Escola do Caos mapeou as principais soft skills que os brasileiros precisam desenvolver para alcançar o sucesso no mercado de trabalho. Entre os destaques estão a resolução imediata de problemas, a criatividade e a antifragilidade, que é a capacidade de se adaptar e tirar proveito dos desafios sem se deixar abater com eles. Ao todo, foram ouvidos cerca de 1.200 profissionais de diferentes níveis e localidades do país.

Para chegar a um resultado, os responsáveis pela pesquisa decidiram elencar as dez competências que mais aparecem como sendo fundamentais para os trabalhadores em estudos e referências internacionais. São elas: autogestão, pensamento analítico, colaboração, lidar com a diversidade, inteligência emocional, resolução de problemas, antifragilidade, criatividade, comunicação e escuta ativa e aprendizagem ativa.

A partir disso, os participantes do estudo tiveram de responder a 30 perguntas sobre situações do dia a dia, de modo que eles revelassem como se comportariam em determinados contextos. Com o cruzamento desses dados, em um ranking de 0% a 100%, onde 100% significa que o respondente tem a competência completamente desenvolvida e 0% significa que a pessoa não apresenta aquele comportamento, foi possível entender em quais soft skills os brasileiros estão mais ou menos desenvolvidos.

A competência com pior colocação no ranking foi a resolução de problemas, que apresentou 28,1% de desenvolvimento entre os entrevistados, seguida da criatividade, que atingiu o patamar de 45,8% de maturidade entre os respondentes. “Rapidez na decisão e resgate de antigas soluções não necessariamente implicam em assertividade, o que pressupõe considerar novas abordagens e buscar soluções originais. O profissional brasileiro quer decidir rápido, mas nem sempre é assertivo”, explica Anderson Bars, sócio da Escola do Caos e idealizador da pesquisa.

Por outro lado, a autogestão parece ser um ponto forte entre os entrevistados, pois conta com o desenvolvimento de 67,4% entre os profissionais. Pedro Veríssimo, head de produtos da Escola do Caos e líder do estudo, atribui esse resultado às rupturas, indefinições políticas e incertezas econômicas que os brasileiros estão acostumados a enfrentar. “Ao longo de nossa história, fomos provocados a nos adaptar e a considerar sempre um ‘plano b’. Por isso, essa me parece ser uma competência imprescindível à nossa realidade”, analisa. Na sequência, aparece o pensamento analítico, com 62,6% de aderência.

Pessoas entre 40 e 59 anos e as quem têm mais de 60 anos são os grupos que apresentaram os melhores resultados nesses quesitos, com 67,8% e 67,5% de aderência em autogestão, e 64,2% e 68,2%, respectivamente em pensamento analítico. “Embora haja uma crença de que profissionais mais jovens são os mais criativos, inovadores e preparados para nosso momento de mundo, mais tecnológico, acelerado e de mudanças exponenciais, são os profissionais mais experientes que se destacam nas soft skills. O tempo e a experiência nos ensinam”, observa Veríssimo.

Ao mesmo tempo, os indivíduos em posição de liderança apresentaram os melhores índices em todas as soft skills avaliadas. Quando se trata da antifragilidade, analisando líderes de todos os níveis, o percentual de desenvolvimento é de 41,5%. Mas, ao olhar apenas para o C-level, o número sobe para 51,2%.

No recorte de gênero, lidar com a diversidade, inteligência emocional, comunicação e escuta ativa, criatividade e antifragilidade são competências mais desenvolvidas entre as mulheres em comparação com os homens. Já eles apresentaram maior habilidade em autogestão, pensamento analítico, colaboração, aprendizagem ativa e resolução de problemas.

Como desenvolver soft skills?

Bars acredita que os profissionais que desejam aprender novas competências comportamentais precisam assumir a responsabilidade pelo próprio desenvolvimento. “Temos que reaprender a aprender, encarando o trabalho, os desafios e o networking como meios de ampliar nosso autoconhecimento e aprender novas competências”, destaca. “O desenvolvimento de um comportamento se dá com o ganho de consciência. Portanto, precisamos dedicar tempo avaliando nossos acertos e erros, bem como pedir feedbacks para as pessoas à nossa volta.”

Ele explica que o desenvolvimento de soft skills se dá de diferentes formas: “conversando com alguém mais experiente, lendo um livro, fazendo um curso presencial ou on-line – isso depende única e exclusivamente da dedicação e das preferências do profissional”, pontua. “De qualquer forma, as chaves para que o desenvolvimento aconteça são a consciência e a vontade de evoluir.”

FONTE: https://valor.globo.com/carreira/noticia/2023/05/03/soft-skills-estudo-mapeia-os-pontos-fortes-e-fracos-dos-brasileiros.ghtml