Sobre a arte de mentorar startups: dicas de um mentor

A mentoria é uma troca de ideias com pessoas experientes.

Sabemos que os startupeiros são pessoas inquietas que raramente focam em um só projeto. Como um deles, posso falar que isso faz parte da minha formação pessoal e profissional. Uma das ocupações que mais me gera retorno, em vários âmbitos, é atuar como mentor de startups. Desde 2011, já mentorei mais de 12 mil negócios inovadores e a relação é sempre proveitosa para ambos os lados.

Ultimamente a comunidade de inovação tem estado em pé de guerra sobre o tema de mentoria. Ela deve ser paga? Ela é igual à consultoria? Da minha perspectiva, não. Existem formatos diferenciados pelos quais um empreendedor pode ter acesso a mentorias de negócios: de forma mais estruturada, particular ou em grupo, por meio de programas de aceleração, por exemplo; ou então como uma conversa informal em um café.

A mentoria é uma troca de ideias com pessoas experientes. Veja – quando uso o termo “experiência”, não significa que você deve buscar anciões para ter feedback sobre suas ideias. Muito pelo contrário. Conheço pessoalmente diversos mentores de negócios jovens e excelentes. A experiência se refere ao fato de outra pessoa ter passado por certas vivências, positivas ou negativas, que a deram bagagem para estar na posição de aconselhar e talvez facilitar o caminho de outros empreendedores.

Entendo que um bom mentor é aquele que ouve mais do que fala. É aquele que provoca o empreendedor e faz as perguntas certas para demonstrar o que falta na sua ideia. Às vezes, provocamos ao ponto de sermos mal interpretados. Mas, entenda, é nossa função. Não fazemos por mal quando apontamos falhas nos planos de negócios. É justamente para ajudar a crescer.

Nesses 12 anos de mentorias, quantas vezes encontrei empreendedores que esperavam fórmulas mágicas para o sucesso! Compreendam: não existe uma. Cada negócio é diferente e é preciso saber ter resiliência e se ajustar às mudanças do mercado, que ocorrem frequentemente.

Outra situação recorrente é que o empreendedor peça para assinarmos um termo de confidencialidade antes de nos apresentar detalhes sobre sua ideia. Isso não faz sentido por um dos princípios básicos do empreendedorismo: a ideia não vale nada, o que vale é a execução. Ou seja, se essa pessoa tem tanto medo de conversar sobre sua ideia com um mentor, alguém que está ali para ajudar, como ela vai conseguir tirá-la do papel?

Empreender é um ato de coragem e resiliência. Por isso, não tenha medo de conversar, de se expôr e de pedir ajuda. Nós, mentores, estamos aqui para apoiar seu crescimento com nossas provocações e nossa rede de networking, não para roubar suas ideias.

FONTE:

https://startupi.com.br/fabiano-nagamatsu-arte-de-mentorar-startups/