Só 1,6% da empresas operam no conceito indústria 4.0


A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulga hoje a primeira sondagem com dados sobre o nível atual de tecnologias avançadas absorvidas pela atividade industrial no país e perspectivas de modernização para os próximos dez anos. De acordo com o levantamento, apenas 1,6% das empresas opera hoje dentro do conceito de indústria 4.0 ou manufatura avançada – na qual automação, controle e tecnologia da informação são aplicadas aos processos de manufatura. O destaque da pesquisa revela, no entanto, que esse valor subirá para 21,8% em 2027.

A pesquisa verificou ainda que apenas 15,1% das empresas respondentes consideram em seu planejamento a incorporação de tecnologias digitais de última geração, como internet das coisas, inteligência artificial, armazenamento em nuvem, big data, entre outros. A maioria (45,6%) está realizando estudos iniciais ou têm planos aprovados sem execução. Por fim, 39,4% não têm nenhuma ação prevista.

O professor de economia da UFRJ e coordenador-adjunto do Projeto Indústria 2027, David Kupfer, avalia que é necessário maior mobilização do setor. “É preciso disparar o processo de adoção dessas tecnologias, principalmente porque as transformações acontecem em alta velocidade e atrasos comprometem ainda mais a capacidade das empresas acompanharem a onda tecnológica. Por enquanto, não observamos um movimento consolidado para equiparar o desenvolvimento tecnológico da indústria brasileira ao de países como Alemanha e Estados Unidos”, avalia Kupfer.

Paulo Mól, superintendente nacional do IEL, defende envolvimento do governo no processo de modernização do setor industrial. “Os dados mostram que a indústria brasileira reconhece a importância do desenvolvimento tecnológico para a sua competitividade, mas é preciso ir além. Precisamos de um empenho nacional nesse sentido. As empresas devem desenhar e executar estratégias e a política pública precisa amparar esse desenvolvimento”, comenta Mól.

Cerca de 760 companhias com cem ou mais empregados responderam a sondagem do Projeto Indústria 2027, iniciativa da CNI e do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), em parceria com os institutos de economia das universidades Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Estadual de Campinas (Unicamp), com o objetivo de identificar como inovações disruptivas vão impactar a competitividade industrial do país.

Mais de 40 pesquisadores brasileiros e estrangeiros estão envolvidos no projeto.

FONTE: VALOR ECONÔMICO