Sinal dos tempos: PicPay tem primeiro lucro e mira eficiência

Ao longo dos últimos meses, o PicPay vem ampliando a oferta de serviços com o intuito de evoluir seu super app e, claro, diversificar os negócios e as receitas. O movimento é necessário e cada vez mais mandatório num contexto turbulento para as empresas de tecnologia, inclusive as fintechs.

Agora, a estratégia parece ter surtido efeito. No quarto trimestre de 2022, a fintech do grupo J&F (dona também do Banco Original) registrou lucro líquido de R$ 20,4 milhões, uma reversão e tanto na comparação com o prejuízo de R$ 516 milhões apurado no mesmo período de 2021.

No acumulado do ano, no entanto, o PicPay somou perdas de R$ 693 milhões. Ainda assim, a cifra negativa na última linha do balanço foi 64% inferior ao resultado consolidado de 2021, quando a companhia teve perdas de R$ 1,9 bilhão.

Ao mesmo tempo em que chega ao breakeven — algo que estava previsto apenas para 2024 –, a empresa triplicou as receitas em 2022, para R$ 2,9 bilhões. Entre outubro e dezembro, a receita teve crescimento de 75%, chegando a R$ 761 milhões. Já o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou positivo em R$ 33,2 milhões — em 2022 como um todo, o indicador foi negativo em R$ 603 milhões.

“Em 2022, o PicPay ampliou o portfólio de produtos, escalou serviços e manteve o foco em eficiência, redução de custos e reforço do engajamento da base”, afirmou André Cazotto, diretor de RI, estratégia e M&A da empresa, em comunicado.

No ajuste de rota da empresa, constam alguns passos importantes. Além dos “cofrinhos”, criptoativos e investimentos — onde disputa espaço com pesos-pesados da indústria, como BTG PactualXP e NuInvest –, a fintech também apostou no Pix, com a integração ao QR Code e opções de parcelamento, além da permissão para os clientes executarem a portabilidade de salário e gestão de boletos.

Para diversificar seus produtos, o PicPay também tem feito algumas aquisições, como a da fintech de crédito consignado BX Blue e do aplicativo de gestão de finanças pessoais Guiabolso — esse último já integrado à sua plataforma. Já a PicPay Store trouxe mais parceiros para dentro de casa e entrou em outros setores, como o de viagens.

Dessa forma, o TPV (indicador que mostra o valor total de transações processadas) cresceu 66% no último trimestre, chegando a R$ 57,5 bilhões, e 115% no ano, para R$ 199 bilhões.

Assim, o gasto médio trimestral dos usuários passou de R$ 1,3 mil para R$ 1,9 mil, alta de 45,6%. Do total de 30 milhões de clientes que usaram a ferramenta da empresa nos últimos 30 dias, 22 milhões possuem saldo em conta. Eles totalizam R$ 10 bilhões em depósitos, crescimento de 56% na base anual.

Além da integração do Guiabolso como estratégia para o Open Finance, o PicPay aderiu à segunda fase do modelo de dados abertos do Banco Central e conseguiu a licença para operar como iniciador de pagamentos.

Para 2023, a empresa planeja incrementar o portfólio de serviços para as contas PJs. “Nosso foco é continuar crescendo com rentabilidade e escalar nossos produtos e serviços em busca de um relacionamento mais próximo com a nossa base. Queremos ser a principal opção financeira das pessoas e de seus negócios quando o assunto é dinheiro”, diz Cazotto.

FONTE: https://startups.com.br/fintech/sinal-dos-tempos-picpay-tem-primeiro-lucro-e-mira-eficiencia/