Sim, em 2022 o Metaverso se cumpriu – e já vai dar os próximos passos

A ideia de um ambiente imersivo que combina o mundo real em que vivemos com o universo virtual não chega a ser novidade.

A não ser que você tenha sido abduzido por alienígenas ou se isolado numa caverna profunda, certamente já leu ou ouviu falar sobre o Metaverso. O tema se revelou a grande tendência em tecnologia neste ano e, como toda novidade, atraiu tanto os mais eufóricos com suas possibilidades quanto aqueles mais reticentes com sua real implementação. Como ensinou Ícaro na Mitologia Grega, “nem tanto ao céu, nem tanto ao mar”. Porém, é inegável que esse conceito se cumpriu e se tornou realidade em 2022.

A ideia de um ambiente imersivo que combina o mundo real em que vivemos com o universo virtual que desenvolvemos com a computação e internet não chega a ser novidade. Foi pano de fundo, inclusive, para muitas obras clássicas de ficção científica e de pesquisas científicas que se aprofundaram das possibilidades trazidas pela internet desde os seus primórdios.

Mas foi em 2022 que isso deixou de ser uma teoria remota e fruto da imaginação de escritores e cineastas para se tornar algo bem real.

Real a ponto de 85% dos brasileiros acreditarem que o Metaverso terá grande ou determinada influência em suas vidas nos próximos anos, segundo levantamento realizado pela Capterra. Ou seja, a cada cinco pessoas no Brasil, quatro já se preparam para essa novidade.

A mobilização é cada vez mais crescente e começa justamente pelas gerações mais novas, acostumadas com esse ambiente imersivo graças aos jogos de videogame – o grande exemplo para a consolidação de projetos na área.

Quando se há aumento de interesse, cria-se as condições necessárias para que novas ideias saiam do papel – e com o Metaverso não é diferente. Ao longo de 2022, diversos sinais mostraram que sua proposta já está estabelecida no imaginário popular e, mais importante, na estratégia de negócios de diversas organizações. Não é exagero, portanto, falar que já se cumpriu.

Investimento maciço e presença crescente

Pior do que apostar em uma tendência furada é simplesmente não apostar. Quando o assunto é tecnologia, saber surfar a onda do momento pode ser crucial para encontrar novos modelos de negócios e engajar seus stakeholders. Desde que o Grupo Facebook mudou o nome para Meta em outubro de 2021, desencadeou uma corrida de marcas e investidores dispostos a explorarem essas possibilidades.

Levantamento da McKinsey, por exemplo, indica que fundos de venture capital e private equity investiram mais de US$ 120 bilhões em negócios ou ativos no metaverso apenas nos primeiros cinco meses de 2022 – mais do que o dobro do registrado ao longo de 2021 (US$ 57 bilhões). Apenas em aportes em companhias voltadas a este nicho foram US$ 8 bilhões entre janeiro e maio de 2022, sendo que no ano anterior foram US$ 13 bilhões.

Convenhamos, seria dinheiro demais para algo considerado como uma aposta, não é mesmo? Isso porque investidores e grandes organizações já perceberam que essa é a próxima fronteira da Internet e da transformação digital em todo o mundo. Promover ambientes imersivos que combinam os diferentes recursos online e off-line estão no topo das prioridades de pessoas e, claro, empresas.

Não à toa que já existem diversas campanhas de grandes marcas já acontecem no Metaverso. Nike, Coca-Cola, Balenciaga e Lego são apenas alguns exemplos de companhias que já desenvolveram iniciativas que combinam esses ambientes imersivos. A consolidação de plataformas como Decentraland e The Sandbox também vai ao encontro desse movimento das grandes corporações, atraindo mais e mais pessoas para essa novidade.

Interesse contínuo canaliza o maior investimento

Todo o dinheiro do mundo não é suficiente se, do outro lado, não tiver um público disposto a consumir essa novidade. Já citamos anteriormente o interesse dos brasileiros, mas outras pesquisas mostram que as pessoas, em todo o mundo, estão dispostas a experimentarem o Metaverso em suas rotinas. Ou seja, há uma demanda à espera de ser atendida e organizações dispostas a isso.

O mesmo estudo da McKinsey indica que 59% das pessoas gostariam de levar algumas de suas atividades comuns nos ambientes físicos para um ecossistema virtual. As motivações incluem a vontade de conexão com outras pessoas, o desejo de explorar novidades e até de se reunir remotamente com colegas de trabalho. Este último ponto é reforçado por estudo do Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas (IEEE), em que 91% das empresas adotam estratégias com tecnologias do metaverso justamente para resolver situações de seus colaboradores.

Diferentemente de outras tecnologias que demoraram para cair no gosto popular, como o próprio blockchain, o Metaverso não sofre com essa resistência. Pelo contrário, com três anos de pandemia de covid-19 forçando o distanciamento social e a utilização de canais digitais, desenvolver modos virtuais que combinam a conectividade do on-line com a imersão do off-line virou uma necessidade crescente.

De fato, o Metaverso ganhou espaço em 2022 porque soube compreender o zeitgeist, isto é, o espírito do nosso tempo. Num mundo em que a internet está presente em tudo, desde a simples socialização entre amigos até as complexas relações de trabalho, é natural pensar e desenvolver soluções que tornem essa experiência a melhor possível. Nesse ano, o Metaverso se tornou realidade. A partir de 2023, ele vai se tornar parte de nossas vidas.

FONTE: https://olhardigital.com.br/2022/12/19/colunistas/sim-em-2022-o-metaverso-se-cumpriu-e-ja-vai-dar-os-proximos-passos/