Silicon Valley Bank: 2 lições que ficam para startups depois da crise

Após o governo dos EUA assegurar que correntistas do banco receberão seu dinheiro, especialistas explicam meios de evitar surpresas.

Uma tempestade impactou o ecossistema de startups na última quinta-feira (9/3), com a notícia de que o Silicon Valley Bank venderia US$ 2,3 bilhões em ações para cobrir perdas na carteira de títulos dos credores. O fato levou a uma corrida de empreendedores — inclusive brasileiros — para tentar tirar o dinheiro depositado na instituição. Ainda na sexta-feira (10/3), as atividades do banco foram encerradas. Após 72 horas de aflição, o governo norte-americano anunciou no domingo (12/3) que os correntistas começariam a receber os recursos de volta nesta segunda-feira (13/3).

Agora que as startups estão respirando mais tranquilas, quais são as lições que ficam? É possível se precaver de eventos assim no futuro? A conferência virtual realizada nesta segunda-feira pelo ecossistema para startups Latitud abordou algumas dessas questões.

Faça o planejamento financeiro

É natural que, durante uma crise, o foco esteja todo voltado para a solução dos problemas. Segundo Stelleo Tolda, cofundador do Mercado Livre, porém, a liderança precisa saber como manter o negócio operando independentemente do cenário. “É importante ter pessoas pensando na empresa a longo prazo, não apenas quando temos crises. Com sorte, a empresa continuará de pé e tudo isso será uma história para contar”, diz Tolda, que passou pela bolha da internet e a crise financeira de 2008.

Para ele, parte dos líderes deve trabalhar junto aos colaboradores, mantendo uma comunicação clara e direta sobre o que está acontecendo, enquanto outra parte avalia o planejamento para o próximo ano, mapeando o que deverá ser feito para manter os pagamentos em dia. Esta dica não vale apenas para os momentos de crise: é peça-chave para a saúde da empresa e para não ser pego de surpresa.

“Pense no ciclo financeiro para 12 meses. Tenha certeza de que você terá caixa para a operação do negócio, para cumprir com as obrigações, para pagar os funcionários”, acrescenta Brian Requarth, cofundador do Latitud.

Diversifique os investimentos

Fundado há 40 anos, o Silicon Valley Bank era a instituição de escolha de startups e gestoras de venture capital dos Estados Unidos. O banco era indicado como opção segura para empresas de base tecnológica, que não costumam encontrar agilidade e facilidade na abertura de contas em bancos tradicionais. De acordo com os especialistas, o SVB não poderia ter sido a única escolha.

Para eles, uma lição que fica é não ser dependente de uma instituição, e sugerem que os founders diversifiquem o destino do dinheiro. Uma opção para investir em bancos dos EUA agora é manter na instituição apenas o valor que é segurado pelo Federal Deposit Insurance Corp (FDIC, espécie de Fundo Garantidor de Crédito, do Brasil) – US$ 250 mil, o que significa menos risco em caso de algo parecido voltar a acontecer.

“No momento, você precisa tirar o seu dinheiro do Silicon Valley Bank e diversificá-lo em múltiplas opções bancárias. Não pense em um deadline para tomar essa atitude: faça isso hoje. Não há motivo para esperar”, aconselha Requarth.

FONTE: https://revistapegn.globo.com/startups/noticia/2023/03/silicon-valley-bank-2-licoes-que-ficam-para-startups-depois-da-crise.ghtml